CAPÍTULO XIV - Chefe irritante e insuportável

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Point Of View – Lauren

Apoio a cabeça nas mãos e esfrego o rosto. Não acredito que pedi Camila em casamento. E ela não disse não. Mas também não disse sim. Talvez nunca diga sim.

De manhã, ela vai acordar e cair em si.

O dia começou muito bem. Mas tudo veio abaixo esta noite, desde Keana. Bem, pelo menos ela está em segurança e recebendo a ajuda de que precisa. Mas a que preço? Camila? Agora ela sabe de tudo. Sabe que sou um monstro. Mas continua aqui.

Concentre-se no lado positivo, Jauregui.

Meu apetite seguiu o mesmo caminho que o de Camila e também sumiu. Estou exausta. Foi uma noite cheia de emoção. Eu me levanto da bancada da cozinha. Passei por experiências mais intensas na última meia hora do que achei que seria possível.

É isso que ela faz com você, Jauregui. Ela a faz sentir. Você sabe que está viva quando está com ela.

Não posso perdê-la. Acabei de encontrá-la.

Confusa e sobrecarregada, coloco o prato na pia e vou para o meu quarto.

Será nosso quarto se ela aceitar.

Pela porta do banheiro, ouço um barulho abafado. Ela está chorando. Abro a porta e a encontro no chão, encolhida em posição fetal, usando uma das minhas camisetas e soluçando. Ver Camila tão desesperada é o mesmo que levar um chute no estômago e ficar sem ar. É insuportável. Eu me abaixo no chão.

— Ei — murmuro, puxando-a para o meu colo. — Por favor, não chore, Camila, por favor.

Ela passa os braços ao meu redor e se agarra a mim, mas o choro não diminui.

Ah, linda.

Afago as costas dela, pensando em como suas lágrimas me afetam muito mais do que as de Keana. Porque eu a amo. Ela é forte e corajosa. E é assim que a recompenso: fazendo-a chorar.

— Desculpe, linda — sussurro, abraçando-a, e começo a niná-la, balançando-a para a frente e para trás enquanto ela chora.

Beijo seu cabelo. Aos poucos, o choro vai diminuindo, e ela estremece com soluços secos. Eu a levanto nos braços, carrego-a até o quarto e a coloco na cama. Ela boceja e fecha os olhos enquanto tiro minha calça e a camisa. De cueca, visto uma camiseta e apago a luz. Deitada, eu a abraço com força. Em questão de segundos, sua respiração fica mais profunda, e sei que ela dormiu. Também está exausta. Não ouso me mexer, com medo de acordá-la. Ela precisa dormir.

Na escuridão, tento entender tudo o que aconteceu esta noite. Foram muitas coisas. Muitas mesmo...

***

Keana está na minha frente. Ela parece uma sem-teto, e seu fedor me faz recuar um passo.

O fedor. Não.

O fedor.

Ela fede. Fede a coisas nojentas. E a sujeira. Sinto o vômito subir pela garganta.

Ele está com raiva. Eu me escondo embaixo da mesa.

— Aí está você, sua merdinha.

Ele está segurando um cigarro.

Não. Chamo minha mamãe. Mas ela não me escuta. Está deitada no chão.

Fumaça sai da boca dele.

Ele ri.

E puxa meu cabelo.

A queimadura. Eu grito.

Cinquenta Tons Mais Escuros (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora