CAPÍTULO 13 - A versão submissa

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Point Of View - Camila

É um alívio que Ethan esteja bem. Eu queria ter ficado sozinha, mas não consegui dizer não ao convite dele para uma bebida. Escolhemos um bar do outro lado da rua e nos sentamos nos bancos de madeira junto à janela. Quero ver o que está acontecendo, quem vem e, mais importante, quem vai. Ethan me passa uma garrafa de cerveja.

— Problemas com uma ex? — pergunta, com gentileza.

— É um pouco mais complicado do que isso — murmuro, subitamente na defensiva.

Não posso falar sobre o assunto, assinei um termo de confidencialidade. E pela primeira vez me arrependo disso, e me ressinto com o fato de que Lauren não falou nada sobre rescisão.

— Eu tenho tempo — diz Ethan com carinho e dá um longo gole em sua cerveja.

— É uma ex, de muito tempo atrás. Ela largou o marido por causa de um outro sujeito. E aí, há algumas semanas, o sujeito morreu em um acidente de carro, e agora ela veio atrás de Lauren — dou de ombros.

Pronto, não entreguei muita coisa.

— Veio atrás dela?

— Ela estava com uma arma.

— Cacete!

— Ela não chegou a ameaçar ninguém com o revólver. Acho que queria machucar a ela mesma. Mas é por isso que eu estava tão preocupada com você. Não sabia se você estava no apartamento.

— Entendi. Ela parece bem desequilibrada.

— É, ela é.

— E o que Lauren está fazendo com ela agora?

O sangue foge do meu rosto e a bile sobe até minha garganta.

— Não sei — murmuro.

Ethan arregala os olhos. Afinal, ele entendeu. Essa é a raiz do meu problema. Que merda que elas estão fazendo lá em cima? Conversando, espero. Apenas conversando. Ainda assim, tudo que passa pela minha cabeça é a mão dela afagando com carinho o cabelo de Keana.

Ela está perturbada, e Lauren se preocupa com ela; é só, tento racionalizar. Mas, lá no fundo, meu inconsciente está balançando a cabeça com tristeza. É mais do que isso. Keana foi capaz de satisfazer as necessidades dela de um jeito que eu não consigo. A ideia é deprimente.

Tento me concentrar em tudo o que fizemos nos últimos dias, a declaração de amor dela, seus flertes bem-humorados, seu humor brincalhão. Mas as palavras de Lucy voltam para me atormentar. É nisso que dá ouvir a conversa dos outros... quem mandou ser curiosa?

Você não sente falta... Do quarto de jogos?

Termino minha cerveja em tempo recorde, e Ethan me passa outra. Não sou a melhor companhia, mas ele fica ao meu lado, conversando, tentando me animar, contando-me de Barbados e da extravagância de Dinah e Normani, o que é uma distração maravilhosa. Mas é só isso: uma distração.

Minha mente, meu coração, minha alma ainda estão naquela cena presenciada no apartamento de Lauren e a mulher que um dia foi sua submissa. Uma mulher que pensa que ainda a ama. Uma mulher que se parece comigo.

No meio da nossa terceira cerveja, lembrei da caminhonete enorme com os vidros incrivelmente escuros que havia encostado junto ao Audi na frente do meu prédio. Eu reconheci a Dra. Brooke assim que ela saltou do carro, acompanhada por uma mulher usando o que parece um uniforme de hospital azul-claro. Não tinha demorado muito para que Allyson e Lauren saíssem do prédio com Keana enrolada num cobertor. A lembrança ainda me deixava horrorizada, ela parecia sem vida.

Cinquenta Tons Mais Escuros (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora