CAPÍTULO II - Nova proposta

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Lauren me leva para um restaurante pequeno e intimista.

— Isto vai ter de servir — resmunga. — Não temos muito tempo.

O lugar me parece ótimo. Cadeiras de madeira, toalhas de mesa de linho e paredes da mesma cor que o quarto de jogos de Lauren, vermelho-sangue, com pequenos espelhos dourados pendurados aleatoriamente, velas brancas e vasinhos de rosas também brancas. Ao fundo, Ella Fitzgerald canta suavemente sobre essa coisa chamada amor.

É muito romântico.

O garçom nos conduz até uma mesa para duas, em uma área reservada, e eu me sento, apreensiva, imaginando o que Lauren vai dizer.

— Não temos muito tempo — avisa ela ao garçom enquanto nos sentamos. — Então já vou fazer o pedido: dois bifes ao ponto, molho béarnaise, se você tiver, batatas fritas e legumes cozidos, qualquer um que tiver na cozinha. E traga a carta de vinhos.

— Claro, senhora.

Surpreso pela eficiência calma e controlada de Lauren, o garçom se afasta. Lauren coloca o BlackBerry sobre a mesa.

Legal, então eu não tenho direito de escolha?

— E se eu não gostar de bife?

— Não comece, Karla Camila — suspira ela.

— Não sou criança, Lauren.

— Então pare de agir como uma.

É como se ela tivesse me dado um tapa. Então é assim que vai ser, uma conversa agitada e carregada, ainda que em um ambiente romântico, mas certamente sem flores nem corações.

— Então eu sou uma criança porque não gosto de bife? — murmuro, tentando esconder a mágoa.

— Você é uma criança por causar ciúmes em mim deliberadamente. É uma coisa infantil de se fazer. Você não tem consideração pelos sentimentos do seu amigo, usando-o daquele jeito? — Lauren aperta os lábios e fecha a cara quando o garçom retorna com a carta de vinhos.

Eu coro, não tinha pensado nisso. Pobre Shawn. Certamente não quero encorajá-lo. De repente, fico mortificada. Lauren tem razão nesse ponto; foi uma coisa impensada. Ela dá uma olhada na carta de vinhos.

— Gostaria de escolher o vinho? — pergunta, levantando as sobrancelhas para mim, a arrogância em pessoa. Ela sabe que não entendo nada de vinho.

— Escolha você — respondo, carrancuda, mas humilde.

— Duas taças de Barossa Valley Shiraz, por favor.

— Hum... nós só vendemos esse vinho pela garrafa, senhora.

— Uma garrafa, então — retruca Lauren.

— Certo. — Ela se afasta, rebaixado, e eu não o culpo por se sentir assim.

Faço uma cara feia para Lauren. Qual o problema dela? Eu, provavelmente. E em algum lugar nas profundezas do meu ser, minha deusa interior desperta, sonolenta, ela se espreguiça e sorri. Esteve adormecida por um bom tempo.

— Você está muito mal-humorada.

— Eu me pergunto o motivo. — Ela me olha, impassível.

— Bem, é bom definir o tom adequado para uma discussão íntima e

sincera a respeito do futuro, não acha? — Sorrio para ela docemente. Sua boca se contrai, mas então, quase a contragosto, seus lábios se curvam, e sei que está tentando conter um sorriso.

— Desculpe — diz ela.

— Está desculpada. E fico muito feliz de informar que não resolvi virar vegetariana desde a nossa última refeição.

Cinquenta Tons Mais Escuros (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora