Marry Me?

Eucaliptos e Vagalumes

*

"Então você não vai mais falar comigo?" Ela repetiu pela quinta vez, a voz dela era insistente, como se cada repetição pudesse, de alguma forma, desfazer o que ela acabou de fazer comigo.

Quando você lida com traições tão sumárias a pessoa precisa sofrer as consequências.

Eu suspirei e olhei pela janela do carro, evitando seu olhar. "Eu não quero falar com você agora, Yelena..." As palavras saíram arrastadas, carregadas de uma irritação que eu não fiz questão de esconder. Principalmente depois que ela bufou uma risadinha.

"Do que você está rindo?" Eu estalei e ela mordeu seus lábios.

"Estou rindo porque eu ainda nem entendi o porquê de você estar zangada comigo... eu não fiz nada..." Ela choramingou alto no carro e eu rosnei ainda mais chateada.

"Pare o carro... eu quero descer..." Eu me forcei a dizer de forma firme, quase como uma ordem. Naquele momento, ser dramática era o mínimo que eu podia fazer para demonstrar o quanto eu estou chateada com essa traição – sim, uma traição, porque como é que Yelena é capaz de me esconder algo assim?

Ela apertou o volante por um segundo, batucando os dedos nervosamente. "Kate, por favor... isso não é necessário..." Ela hesitou, o choro na voz quase me fez recuar, mas eu não queria recuar. "Por que você quer descer? Se você não quiser ir comigo, eu posso dar meia volta e te deixar em casa... só por favor... eu não tive a intenção..." O tom dela era uma mistura entre desespero e arrependimento, como se estivesse tentando alcançar algo que já estava deslizando pelos seus dedos. Eu apenas não queria ser madura aqui.

Eu respirei fundo, tentando não me deixar comover pelo beicinho, e as palavras ainda vieram duras. "Yelena, eu disse para você parar o carro. Agora." Eu disse retirando o cinto, pronta para sair do carro em movimento se fosse preciso, e ela, bufando o que eu apenas sei que são maldições em russo, parou no acostamento, deixando a testa apoiada no volante por um instante, como se buscasse forças para lidar comigo.

Com um movimento automático, eu abri o porta-luvas e tirei os cigarros dela, saindo do carro para acender um com meus dedos impacientes sem olhar para trás. Tudo o que eu não precisava agora era de um cigarro, mas eu queria parecer... Idiota... Vamos apenas fingir...