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Ana Luísa
23 de Novembro de 2023.

Faziam poucos dias desde quando eu tinha feito a primeira prova da OAB. Na verdade, eu estava bem confiante, pois no mês de outubro eu praticamente só estudava. Não frequentei bailes, resenhas e mal saia de casa.

Só não sei dizer se era por foco ou se era pra evitar de ver uma certa pessoa e não me decepcionar mais ainda.

O Falcão vinha me ver sempre, e a gente tava mantendo uma relação legal. Ele dormia todos os dias aqui em casa, saia de manhã, mas logo voltava e passava o resto do dia comigo.

Depois da minha discussão com a Vic, sentamos e conversamos, e a maior parte da chateação foram apenas causadas pelos hormônios que estavam a flor da pele naquele momento, mas impus que fiquei chateada de ela ter me deixando a deriva no baile enquanto sabia que eu estava chateada com o MK. Ela me pediu desculpas e nossa relação voltou a ser o que sempre foi.

Falando no MK, não vi ele desde a nossa última conversa, no dia seguinte ele já não estava mais em casa, e eu decidi não passar por certos tipos de situações. Ele me mandava algumas mensagens mas eram apenas perguntando sobre a prova, quando saia os resultados e etc. Tentei ao máximo ser profissional e não envolver nem amizade mas conversas que a gente mantinha.

E nesse exato momento eu estava jogada no sofá, com um pacote de salgadinho assistindo série, porque estava sozinha. E eu odiava essa sensação. Falcão tava na boca, Victoria tava fazendo um atendimento, e até o Neguinho tava ocupado.

Bufei de tédio, me deitando de barriga pra baixo na esperança de um milagre acontecer na minha vida, até o Falcão me mandar mensagem e eu começar a conversar com ele. A porta da sala abriu, mas não me virei pois provavelmente era a Vic, então continuei conversando com o Falcão.

MK: BH ta por aqui? – dei um pulo do sofá ficando em pé, de frente a ele.

Ana: Oi! Não, não vi ele hoje. – coloquei a mão no peito por conta do susto, e soltei o ar que estava preso.

Ele só concordou com a cabeça, sentando no sofá e mexendo no celular. Fiquei meio perdida, não sabia o que eu fazia, então decidi sentar no outro sofá maior.

MK: Não mordo não Ana Luísa – ele falou ainda olhando no celular – precisa ficar com medo não.

Revirei meus olhos, decidindo ignorar, mas ele estava afim de conversar.

MK: Tá bem? – confirmei com a cabeça, fazendo ele me olhar. – E teu namorado, como tá?

Ana: Ele não é meu namorado.

MK: Porra – deu uma risada – dorme contigo todo dia e não é nada teu?

Ana: Ele é meu amigo, e eu não entendi aonde tu quer chegar. – Deixei meu celular de lado, olhando pro seu rosto, diferente dele que olhava meu celular.

MK: Não trocou essa foto de bloqueio ainda por que? – levantei a sobrancelha, não sabendo do que ele tava falando, então ele apontou pro aparelho.

Era a foto que ele tinha tirado de mim no dia em que ele me deu o celular, e no dia que demos nosso segundo e último beijo.

Ana: Porque é uma foto minha, não vejo necessidade de trocar.

O que era mentira, só deixei aquela foto ali porque me trazia uma lembrança boa.

MK: Tu sabe que não precisava ser assim loira, – ele olhava no meu rosto, mas não me sentia a vontade de olhar pra ele. – a gente poderia estar vivendo nossas vidas normalmente, sem precisar ficar se evitando.

Ana: Não te evitei Kaue, estive ocupada o mês inteiro. – dei de ombros.

MK: Ocupada até pra jantar com os seus amigos dentro da sua própria casa?

Ana: OAB é uma prova muito disputada, precisava estudar.

MK: E o Falcão vem fazer o que aqui então todo dia? Te olhar com as caras nos livros? Não sou otario Ana Luísa! Não fode.

Ana: Por que você coloca o Falcão em tudo? Te incomoda tanto assim me ver com ele?

Não tive resposta. Somente um olhar de raiva, de tristeza, não sei. Esperei ele me responder por alguns minutos, mas quando percebi que não ia dar em nada, levantei ajeitando meu short e indo em direção ao meu quarto.

Mas ele foi mais rápido, me puxando pra ficar ao lado dele, olhando diretamente nos meus olhos.

MK: A coisa que me dá mais ódio no mundo é te ver com ele, e vou te falar de novo, não precisava ser assim. – sua mão estava na minha nuca, me puxando pra perto do seu rosto. – Tô com saudade de tu, do teu cheiro – parou no meu pescoço, fungando, enquanto eu fechava os olhos – da tua boca, das nossas conversas. Larga dele, não tô te pedindo muito.

Abri meus olhos e encontrei ele esperando uma resposta minha, mas eu não podia voltar atrás no que eu tinha dito. Não ia ficar com ele, e ele ficando com qualquer uma.

Ana: Quando tu vai perceber que esse monte de puta não vai te levar a lugar nenhum Kaue? – ele me olhou confuso. – Não vou voltar atrás no que eu disse, não vou ficar com você sabendo que amanhã você tá com outra, depois mais uma, e depois vai vir voltar pra mim. Não quero isso. Não tô te pedindo um namoro, nem sentimento. Só quero ter a certeza que tu tá ficando só comigo.

MK: Não posso te prometer isso loira – meus olhos começaram a lacrimejar, enquanto ele olhava cada detalhe do meu rosto. – Não posso prometer uma coisa que não vou cumprir. Me dá só um último beijo e eu te deixo em paz...

Ana: Não faz isso. – pedi com as lágrimas escorrendo pelo meu rosto. – Porra, não tô te pedindo muito.

MK: Um último beijo doutora, e eu te deixo seguir tua vida com ele.

Ele aproximou seus lábios dos meus, e eu fechei meus olhos só esperando o encontro. O beijo foi como um misto de sentimentos, saudade, carinho. Meu coração batia tão rápido que eu tenho certeza que o Kaue conseguia ouvir. Ele se separou de mim me dando três selinhos e um beijo na testa, e quando eu abri o olho o BH passou pela porta.

BH: Foi mal cuzao, eu tive que ir levar uns bagulho pra Victoria, tava um trânsito do caralho.

Dei um pulo do sofá, ficando de pé, passei pelos dois, peguei meu celular e subi pro meu quarto. Eu negava com a cabeça e só conseguia pensar o quão idiota eu tinha sido de praticamente implorar uma coisa dessas pra ele.

Meu celular começou a vibrar, e tinham várias mensagens do Falcão, a última perguntando se tava tudo bem.

E como eu iria responder que sim, se na verdade, aqui dentro tava tudo quebrado.

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