101 - Mick Schumacher

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"A melhor coisa que você pode fazer por alguém é dizer a verdade, mesmo que seja a última coisa que você queria dizer

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"A melhor coisa que você pode fazer por alguém é dizer a verdade, mesmo que seja a última coisa que você queria dizer."

***

Eu sempre soube que esse dia chegaria. Desde o momento em que nos conhecemos, fui o amigo. O ombro para ela chorar, o sorriso para ela sorrir. Fui o confidente, o cúmplice. Sempre ao seu lado, em todas as fases da vida. Mas havia algo que eu escondia, algo que nunca tive coragem de dizer. Eu a amava. Desde o começo, de uma maneira que não era só amizade, mas algo mais profundo. Algo que nunca pude mostrar. E eu aceitei isso, acreditando que a amizade era o suficiente, que minha lealdade a ela superava qualquer desejo que eu tivesse.

Hoje, naquele altar, vendo-a sorrir para outro, o peso dessa decisão me esmagava. Como se tudo ao meu redor estivesse ficando turvo. Eu não conseguia ouvir as palavras do celebrante. Só via ela, deslumbrante em seu vestido branco, prestes a se tornar de outro. Minha amiga, a mulher que eu sempre sonhei em ter, estava prestes a fazer a escolha que eu sempre temi. Eu estava perdendo ela para outra pessoa.

E a verdade era que eu nunca soubera como lidar com isso. Ela era o amor da minha vida, mas para ela, eu era só o amigo. O melhor amigo. O que nunca ousou dizer nada, porque sabia que seu coração estava em outro lugar. E aquele outro lugar era agora na pessoa que estava prestes a ser seu marido.

Eu não podia mais suportar isso. Não podia mais ficar aqui, sentado, observando-a ser feliz com outro, sabendo que nunca tive coragem de ser honesto com ela, comigo mesmo.

Foi quando o celebrante perguntou, como se fosse um sinal do destino: — Alguém tem algo contra este casamento?

Naquele instante, o mundo parou. O peso de todos os olhares, as expectativas, as convenções, todas as palavras não ditas, tudo parecia se condensar em um único momento. Minha mãe olhou para mim com os olhos arregalados, sabendo exatamente o que eu estava prestes a fazer. Ela tentou me puxar para baixo, mas eu já estava decidido.

Me levantei. O murmúrio da multidão foi quase ensurdecedor. Eu não estava mais preocupado com o que as pessoas pensariam. Não havia mais tempo para me esconder. Não havia mais tempo para viver na sombra da amizade. Eu precisava ser honesto, precisava dizer o que sempre escondi.

Eu caminhei até o meio do corredor. Os passos ecoavam em meu coração, cada batida da minha alma mais forte do que a anterior. Eu olhei para ela, que agora me olhava de volta. Seus olhos estavam confusos, talvez um pouco surpresos, mas havia algo ali. Algo que eu não sabia dizer. Algo que me dava esperança.

— Eu... eu sou contra esse casamento, — minha voz soou firme, até para mim mesmo. — Porque, Sn, eu te amo. Sempre te amei, e sei que isso pode parecer loucura, mas não posso ficar aqui sentado, vendo você casar com outro, sabendo que nunca tentei. Eu não sou perfeito, e sei que a amizade entre a gente significava mais para mim, mas hoje, neste momento, tudo o que eu quero é te levar para casa. Não importa o que aconteça. Não importa o que mais tenha que acontecer. Eu só quero você.

As palavras flutuaram no ar, e o silêncio tomou conta da sala. A surpresa estava estampada no rosto de todos, mas eu só via ela. Sn. Ela parecia atordoada, como se estivesse tentando processar tudo o que acabara de ouvir.

Havia um espaço no ar, uma tensão quase palpável. Eu podia sentir meu coração batendo acelerado, como se estivesse prestes a saltar do peito. Mas ainda assim, não havia arrependimento. Eu não podia mais viver sem tentar. Não com ela. Não com o que eu sabia que tínhamos.

— Você... você me ama? — Ela perguntou, quase sussurrando, como se fosse uma confissão da própria alma. Eu assenti, sem hesitar. Não havia mais dúvida.

— Sim, — respondi, a palavra saindo com a convicção de uma vida inteira. — Sempre.

Ela olhou para o altar, para o homem que estava prestes a ser seu marido. Por um momento, eu vi a hesitação em seus olhos. O mundo à nossa volta parecia parar. Os convidados, minha mãe tentando se levantar, as murmurações ao redor. Mas nada disso importava mais.

Sn virou-se para mim, seu rosto suavizando, e eu vi algo ali. Algo que nunca tinha visto antes. Ela não recuou. Ela não se afastou. Pelo contrário, ela me olhou com uma intensidade que me tirou o fôlego. Era como se, naquele momento, tudo que ela tinha escondido finalmente viesse à tona.

— Mick... eu... eu não sei o que isso significa, mas não posso fazer isso, — ela disse, a voz trêmula, mas cheia de uma decisão que parecia ter se formado ali, no instante que eu falei. — Eu... Mick, eu também te amo. Eu sempre soube que algo estava faltando, mas não sabia o quê.

Eu não sabia o que fazer. O "não" ainda ecoava em minha cabeça, mas ela não disse isso. Ela não recuou. Ela me escolheu. E antes que alguém tivesse tempo de reagir, antes que minha mãe ou qualquer outra pessoa pudesse impedir, ela pegou minha mão.

— Vamos embora, Mick, — ela disse, com um sorriso que parecia iluminar o mundo inteiro. — Vamos fazer isso direito, sem mais esperar.

E foi assim que fugimos.

As portas da igreja se abriram e, sob os olhos atônitos de todos, nós corremos para fora, para a liberdade que sempre soubera que existia entre nós, mas que nunca tinha sido reconhecida até aquele momento. Não havia mais voltas, não havia mais dúvidas. Aquela era a nossa chance. A chance que eu tinha deixado escapar tantas vezes antes, mas que agora, eu tomaria com tudo o que eu tinha.

Fomos embora juntos. E no momento em que a porta se fechou atrás de nós, senti um alívio tão profundo, como se tivesse finalmente respirado após uma vida inteira de sufocamento.

Eu a levei para casa. Nossa casa. Onde o futuro finalmente poderia ser nosso. E naquele momento, eu soube que, embora tivesse sido o último a declarar meu amor, seria o único a conquistá-la.

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