Naruto não fazia a menor ideia do que fazer com aquele pensamento.
Se pudesse, o jogaria na privada, daria descarga e fingiria que nunca existiu. Mas como aquela não era uma possibilidade, só queria se jogar na cama e chorar. Como pode ter deixado chegar naquele ponto? Como podia ser tão clichê? Ele sabia que aquilo tudo tinha uma data de validade e mesmo assim...
Naruto foi despertado de seu pandemônio particular com o som do alarme do forno. O cheiro estava muito bom, assim como o cheiro do café que estava passando. Mas ele faria muito bom uso de um pedaço grande de chocolate naquele momento. Nunca mais tinha comido desde o casamento, justamente porque não sabia a gravidade da alergia que o marido tinha, e não queria causar nenhum incidente.
- Precisa de ajuda? - Sasuke estava ali, de repente, de pé na frente da geladeira.
- Oi, não. - Naruto se assustou e quase derramou água quente em si mesmo de novo, mas conseguiu impedir dessa vez. - Pode voltar para o seu quebra cabeça. Eu já vou levar os biscoitos e o café.
- Não vai, você não é garçom de ninguém aqui. - Sasuke pegou um dos biscoitos e ficou jogando de uma mão para outra, provavelmente porque não imaginava que estaria tão quente. - Você deixa aqui no balcão e quem quiser vem pegar.
- Tá bom. - Naruto sorriu um pouco, apesar de ainda querer chorar, porque aquilo era algo muito Sasuke de se dizer. - Então sai daqui e vai montar aquela aberração.
O Uchiha sorriu também, e então lhe deu um beijo na bochecha (enquanto roubava mais um biscoito) antes de sair.
- Se precisar de ajuda, me chame.
- Credo, se fosse eu que falasse desse jeito com esse demoniozinho ele iria me bater. - Itachi nem tirou os olhos da mesa para falar, mas falou tão alto que até os gatos se assustaram.
- Você está sugerindo que ele bata no Naruto por quê? - Como acontecia com frequência, Shisui mesmo riu depois do que ele mesmo falou.
- Na verdade eu queria que ele fosse bonzinho comigo também. - Itachi levantou o olhar quando uma bandeja de biscoitos e café foi deixada sobre a mesa. - Retiro o que eu disse, você merece mais mesmo, Naru.
- Naruto... - Sasuke suspirou, balançou a cabeça mas não falou mais nada.
Naquela altura ele já deveria saber que não valia a pena.
E Naruto também não estava com vontade de conversar. As vozes de sua cabeça já estavam fazendo barulho o bastante.
Então ele foi até o sofá e deitou, não iria e nem queria dormir ali, era apenas porque estava subitamente sem energia nenhuma e queria só ficar olhando Coca Cola e Maionese brincando no chão.
Mas até mesmo aquilo começou a ser um problema por que levou a outros pensamentos, que o levava de volta ao problema inicial. Gatos podem viver até quase vinte anos, o que era bem menos tempo do que o seu casamento iria durar. Será que ele ficaria com os gatinhos? Será que Sasuke iria querer um deles? Talvez não, porque era óbvio que eles só tinham Coca Cola e Maionese porque Naruto tinha pedido. Será que Sasuke sentiria falta deles? Será que eles estranhariam a outra casa?
Será que eu estranharei a outra casa? Era uma pergunta besta. Ele não estranharia casa nenhuma, porque nunca foi apegado a isso. Ele estranharia não ter mais Sasuke por perto, era óbvio.
Assim como deveria ser óbvio que aquilo poderia acontecer. Naruto se apegava muito fácil às pessoas.
Era tudo culpa de Sasuke. Não era para ele mudar, era para continuar sendo o homem distante e um tanto impaciente que era no início de tudo, era para apenas agir com Naruto como se fosse um colega de faculdade com quem tinha que conviver de vez em quando, era para nunca ter feito aquela proposta, em primeiro lugar.
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Casamento para um
ספרות חובביםNada é tão ruim que não possa piorar. E foi por causa disso, para tentar salvar a floricultura de seus falecidos pais, que Naruto acabou aceitando uma proposta indecorosa de um completo desconhecido: um verdadeiro casamento de mentirinha. Seu novo...