Parte 12

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— O que foi? Por que você tá com esse sorriso sinistro, Evelynn? Eu sei, sou uma péssima pessoa por sentir alívio em ver você matar um desconhecido e achar isso melhor do que um possível interesse seu nele! ISSO É HORRÍVEL — com uma careta, encarou mais uma vez o corpo sem vida, um pouco distante, levantando o lábio superior e franzindo o nariz, dando pequenos passos de costas — Eu nem sei quem é esse infeliz e já odeio por colocar as mãos em você! Mas acho que precisamos conversar! O que diabos aconteceu aqui?

Akali se sentia desconfortável apenas com a postura da pop star em ter os movimentos graciosos e calma que contrastavam demais com uma situação como aquela. A mulher retirou seus acessórios metálicos e passou a lavar as mãos, parecia atenta ao que era dito, mas com um maldito sorriso ladino estampado em sua face perfeita. Algo em tudo isso parecia muito errado.

— Você já sentiu dor, Akali — os olhos âmbar captaram por cima do ombro a figura da japonesa, ofegante, atenta, de punhos fechados, mas Evelynn prosseguiu com seu tom manso, como o canto de uma sereia, um sussurro de um animal que atrai sua presa pela audição logo antes do ataque — Não desse tipo, não dor física, mas uma dor que corrói sua alma, que a incinera de dentro para fora e faz doer fisicamente algo que vai além do que podemos compreender, é mais como um sentimento que não nos abandona porque como seres mortais, tentamos uma explicação lógica para o que não há!

— Não pode matar pessoas só porque se sente triste, ou com raiva, ou…

— Sim, eu posso — se virando com as mãos ainda molhadas sobre a própria cintura, Evelynn a encarou de cima, o sorriso já havia desaparecido. Testava a jovem a cada segundo, era este o momento que havia aguardado ansiosamente — Como você pode ver.

— Me diz que esse cara não é lá grande coisa como pessoa porque eu conheço você, Eve. Você não é alguém ruim, pelo contrário — pela primeira vez, a jovem ninja se atrapalhava nas palavras, tentou fechar os olhos, afastar de sua mente o que seus olhos captavam, clarear a mente — Você gasta muito com caridade pra isso e sempre tem ração no carro e essas coisas. Talvez eu tenha hackeado a sua conta bancária um tempo atrás, mas eu era muito nova e tava apaixonada, sabe… Vamos deixar essa parte pra lá!

— VOCÊ FEZ O QUÊ?

— Não é pelo dinheiro, sendo bem sincera, eu tirei mais grana que você em vários meses, mesmo com essa sua loja de roupas, é que… Você gasta demais, mas vai uma quantidade boa com compras que nem são pra você.

— Sai do meu quarto — Evelynn estava perdendo seu tom manso, a voz já era afiada como uma navalha, a proximidade em seus saltos altos só intensificou o tom de ameaça — Isso é a porra de um crime! Você não comete um crime contra a pessoa por quem tá apaixonada! Vai ler as minhas mensagens também?

— E esse presunto aqui do lado não é um crime?

Akali precisou conter o riso ao ouvir baixinho um som irritadiço, semelhante a um rosnado, era a primeira vez que via Evelynn realmente brava e estava longe de ser o momento em que havia atacado aquele homem com suas próprias garras.

— Tá bom, foi mal, já disse que eu era imatura e que não devia ter feito isso, mas achei que descobrindo seus lugares favoritos, você iria topar sair comigo, era o mais lógico e deu muito errado.

“Era para ela correr de mim, não abraçar essa escuridão que eu sou, essa versão distorcida do que é fazer o bem. Akali, você não deveria me conhecer tão bem, ninguém deveria! Eu estava… Confortável assim.”

Evelynn se movia minimamente, mas estava inquieta, parecia concentrada, mas não dizia uma palavra. A unha afiada do polegar deslizava dentro da mão, a respiração irregular a denunciava. Queria colocar aquela garota para fora, queria que houvesse um jeito permanente de manter distância.

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