Concurso - Parte I

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Finalmente as férias tinham chegado. Teria tempo para relaxar, curtir com os amigos e família e me inscrever para um concurso de beleza... Espera, o quê?

Tinha acabado de acordar e mamãe já estava no meu quarto abrindo as pesadas cortinas rosa degrade do meu quarto (as quais eu odiava) e não parava de falar desde que respondi seu "Bom Dia!" tão animado.

Em meio a tantas palavras, algumas vezes ouvia: "almoço na vovó" e "ir ao parque com os gêmeos", os quais já eram passeios comuns das férias desde que aquelas criaturas minúsculas entraram em nossas vidas, mas, uma frase incomum saiu de sua boca enquanto eu cambaleava até o banheiro com sono: "Concurso de Beleza Regional". Essas foram as 4 palavras que quase me fizeram cair sentada no meio do corredor.

Voltei ao meu quarto e mamãe já estava falando sobre outro assunto, mas fiz questão de retomar:

- O que você quis dizer com "Concurso de Beleza Regional"?

- É um concurso em que todas as moças bonitas da região participam. – informou mamãe.

- Tudo bem, mãe, eu sei o significado de "regional", mas o que eu tenho a ver com isso? - Perguntei com um tom de voz mais alto do que usava normalmente naquela hora da manhã.

- Você tem a ver com isso porque será uma concorrente e espero que a ganhadora. – Respondeu.

Resolvi não fazer mais perguntas e passar direto por mamãe.

Enfiei minha cabeça no travesseiro querendo morrer a acreditar que isso era verdade, até que meu padrasto entrou no quarto dizendo que os ingressos para a abertura do Concurso já estavam comprados e ainda perguntou à mamãe:

- Querida, você disse a ela? – disse Ricardo.

- Sim, mas parece que ela não reagiu tão bem porque está quase se sufocando com a cara no travesseiro.

Algumas horas depois dessa cena de horror, tive que aceitar os fatos e no mínimo me inscrever porque sabia que não passaria da 1ª fase (e não estou sendo pessimista), já que sou uma menina que usa aparelho ortodôntico e não tem um corpo escultural de modelo.

Contando com o dia da inscrição, eu teria 10 dias para fazer um ensaio fotográfico, comprar roupas formais e de banho para os desfiles, e é claro, ter um dia de beleza para dar um jeito no meu rosto que mais parecia um campo de guerra de tantos furinhos e acnes.

Era óbvio que quem mais estava curtindo tudo isso era minha mãe. Ela tinha participado de um concurso como esse quando tinha minha idade, mas infelizmente, não ganhou a "Grande Coroa" e teve de se contentar com uma menorzinha de 2º lugar.

Os dias passaram voando, e quando me dei conta, já estava entrando em um dos camarins do concurso para fazer cabelo, maquiagem completa e me vestir para a Grande Abertura.

Vou poupar os detalhes, caro leitor, mas em poucas palavras, aquele concurso de beleza estava mais para concurso de feiura, porque cada vez que uma concorrente saía de seu camarim para se posicionar no longo palco à frente dos jurados, mais eu percebia o quanto era bonita (pelo menos entre elas). Isso fez minha autoestima crescer de tal forma, que eu comecei a pensar que teria chances de ganhar e deixar mamãe orgulhosa.

Quando a Grande Abertura estava para começar, um dos assistentes de palco nos avisou que uma das concorrentes estava presa no trânsito, mas que chegaria logo. Na hora não me preocupei porque tinha quase certeza de que seria mais uma daquelas "beldades" sentadas ao meu lado e de quem seria fácil de ganhar, mas quando ela chegou, todas as minhas esperanças foram por água abaixo.

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