Amizades verdadeiras - Parte III

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Meu mundo desabou ali mesmo.

Perguntava-me porque ele tinha feito aquilo, se K tinha falado algo para ele e por isso agiu dessa maneira e, em meio a tantas perguntas, meu corpo esquentava a cada segundo mais e só voltou a esfriar quando Chris me puxou para longe dali.

Fui puxada pelo braço até perto do banheiro feminino, praticamente a outra extremidade da escola, e a cada passo que dava, mais as ideias na minha cabeça ficavam confusas.

- Senta aí e se acalma. - disse Chris apontando para um banco.

Fiz o que ele mandou, mas não conseguia sossegar, pois queria respostas.

Para acabar com essa agonia, mandei mensagem para K dizendo onde estávamos e me arrependia a cada letra que escrevia porque ainda estava brava com ela.

Passaram-se menos de dois minutos e vi K correndo em nossa direção. Era nítida a preocupação no rosto dela, até me lembrou de quando caí da arquibancada do ginásio e torci o pulso, nada demais, mas para K tinha sido como se eu tivesse morrido.

- Amiga, o que aconteceu? Você tá bem? - Disse K apreensiva

- Se tivesse não teria mandado mensagem para a pessoa que dizia ser minha melhor amiga, mas que fala mal de mim pelas costas e só me usa! - retruquei.

Um ponto de interrogação enorme surgiu na expressão de K.

- Isso mesmo! Ouvi você falando para alguém que você só era minha amiga para parecer mais bonita, já que eu era feinha! – gritei

- Quando isso?

- Na sua casa, aquele dia que quebrei o copo.

K soltou uma risada e sentou do meu lado mexendo no meu cabelo, do jeito que eu gostava, e falou:

- Você perdeu parte daquela conversa! Estava parafraseando para a Isa o que Luiza tinha dito sobre você para as meninas da 8ª série! Você acha mesmo que falaria isso de você? Manu, você é minha melhor amiga!

Não sabia o que falar, parecia que as palavras simplesmente não podiam sair da minha boca, então apenas a abracei.

Chris reagiu como se tivesse visto dois gatinhos fofos se abraçando e disse:

- Ok, chega de tanto amor! Precisamos resolver outro caso agora!

Ter minha melhor amiga de volta quase me fez esquecer do ocorrido entre mim, um convite e o Rafa.

Fomos, nós três, para a minha casa depois da aula.

Entrei em casa e mamãe revirou os olhos quando viu K e disse:

- Sabia que não poderiam ficar tanto tempo separadas.

Enquanto terminávamos de nomear o resto dos convites, K me contava que naquela hora em que Rafa rasgou meu convite, ele estava dizendo que fará questão de dar uma festa no mesmo dia da minha, porque já sabe que a minha será horrível.

Meus olhos arregalaram e pedi para que ela repetisse, pois não conseguia acreditar no que estava ouvindo... Rafa era igual aos amigos dele!

Chris e K foram embora tarde. Mesmo depois de tanto trabalho, não conseguia dormir, porque só pensava no que aquele menino tinha falado sobre minha festa que nem tinha acontecido, e por isso, planejei algo grandioso para que ela fosse a "Festa do Ano".

No dia seguinte entreguei convites novos para quem realmente merecia. Apesar das reações de estranheza, sabia que todos gostaram mais do novo convite: futebol de sabão no sítio da minha avó com churrasco e piscina.

Rafa e seus amigos ficaram sabendo da nova festa e tentaram roubar o convite de Lucas, o menino gordinho e com aparelho que não tinha muitos amigos. Consegui chegar na hora em que Luiza pedia para uma de suas amigas dizer a Lucas que ela lhe daria um beijo se dissesse onde era minha festa.

- Venha, Lucas! Você merece gente melhor! - disse bem alto para que todos, inclusive Rafa e Luiza, pudessem ouvir.

Finalmente o grande dia chegou! Todos que haviam sido convidados foram para a festa e nos divertimos até o sol se pôr. Na hora do "Parabéns", K e Chris fizeram uma surpresa para mim: penduraram uma faixa escrita "Garota do Século" em letras brilhantes bem atrás da mesa do bolo, e, foi naquela hora que percebi que meus amigos de verdade estavam ali, bem ao meu lado.


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