O estrangeiro - Parte III

47 2 0
                                    




- Tenho pressão baixa, só isso. - respondeu a menina ainda pálida e meio zonza por ter desmaiado no banheiro.


Sabia que casos assim eram comuns, mas nunca tinha presenciado um, então, ainda em choque por achar que ela tinha morrido, fiquei perto da menina até ir para casa.


Em meio à tanta confusão, me esqueci de ouvir o segredo que o estrangeiro estava prestes a me contar.


Para compensar, chegando em casa corri para o Facebook encontrar ele e pedir desculpas por hoje.


- "Só Manu", não precisa se desculpar! Eu entendo porque você não pode falar comigo depois de todo o ocorrido.


(Gente, ele era um lorde mesmo!)


Depois de absorver tanta fofura, me achei ainda mais culpada por ter ido embora sem nem dar tchau, então, no dia seguinte, resolvi presenteá-lo.


Logo na 1ª aula de manhã Chris não estava na sala. Entrei em desespero por pensar que tinha acontecido alguma coisa e eu nunca mais poderia falar com ele, mas para minha sorte, quando olhei pela janela, o vi no corredor com aquele sorriso bobo conversando com a inspetora Renata que deixou ele entrar no meio da aula.


- O que aconteceu, Chris?


- Perdi o horário, só isso.


Minha cara foi ao chão essa hora, porque não precisava ter ficado até vermelha por ter passado tanta ansiedade antes de vê-lo e saber que estava tudo bem. É claro que K, que sentava ao meu lado, me conhecia e começou a me irritar dizendo que eu já estava "apaixonada" pelo estrangeiro.


Esperei a aula terminar e ficarmos sozinhos para poder entregar um presente especial a ele: um guia cultural de pontos turísticos da cidade.


Ele abriu, esbanjou uma risada e um sorriso lindo e disse:


- Esse é o melhor presente que já recebi desde que cheguei aqui! Muito obrigado, "Só Manu"! Você é incrível!


Ok, agora fiquei até sem ar após tantos elogios sinceros vindos de um menino tão lindo, quer dizer, de um príncipe! Sim, um príncipe!


Esqueci de lhe contar, caro leitor, que ontem, enquanto procurava o nome dele no Facebook, encontrei fotos dele misturadas com a da família real na página oficial da Realeza Francesa.


-Não tem de que, Chris... ou devo dizer... Príncipe Christopher...


Ele nem me deixou terminar e já tapou minha boca gritando uma música francesa, aquela conhecida, La Vie en Rose, muito alto.


Conseguindo me afastar dele com muito custo (ele era muito forte), pedi para ele ficar quieto e me explicar o motivo desse escândalo todo.


- Ninguém pode saber disso! Mudei para cá para ter uma vida normal!

Pedi desculpas, as quais ele aceitou (mais uma vez) e ainda brincou dizendo que era normal as meninas ficarem tão animadas e até dar presentes por conhecer um príncipe.

- Espera aí, não dei esse presente pelo fato de você ser um príncipe! Queria agradecer por ter me desculpado ontem e ser útil em alguma coisa, já que fugi de você sem ao menos me despedir. - expliquei em um tom autoritário.

Ele arregalou os olhos e abaixou a cabeça e, dessa vez, quem pediu desculpas foi ele, e é claro que eu as aceitei.

Fomos para o intervalo e ele parecia muito feliz. Sorria para tudo que eu e minhas amigas falávamos, contava piadas e mostrava para todos com o maior orgulho, o presente que tinha recebido.

E foi durante a volta para a sala que percebi que com a chegada dele, aprendi que todos têm segredos e é preciso saber guardar esses segredos. Além disso, devemos sempre tratar todos com simpatia e gentileza, pois algum dia, quando contar alguma coisa para alguém e não quiser que mais ninguém saiba, também adoraria que ela não contasse e fosse minha amiga em qualquer circunstância.


Garota do SéculoOnde histórias criam vida. Descubra agora