K, cadê você ? - Parte II

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Depois que Isa parou de chorar e que todos saíram correndo para saber qual tinha sido o motivo do grito, eu só estava preocupada em achar K que estava sumida há meia hora.

A porta da frente do prédio principal estava trancada. Tive que dar a volta pelo gramado na maior escuridão às 2 da manhã com engraçadinhos que sempre dão sustos para se divertir, inclusive o Rafa.

Não era mesmo à toa que chamavam ele de "o menino mais bonito da escola": loiro de olhos claros parecido com um típico inglês da década passada. Mas, infelizmente, era o pior de todos. Já foi popular por ter conseguido fotos da vice-diretora nas férias em Búzios só de biquíni e as colou em todos os armários da escola. Conseguiu se safar levando só uma advertência, e por causa disso, todos passaram a idolatrá-lo.

O gramado parecia ainda maior à noite. Já tínhamos andado por muito tempo e não estávamos na metade. Rafa e seus amigos ficavam fazendo brincadeiras sem graça: imitando latidos de cachorro, barulho de fantasmas e pisando na barra dos vestidos para as meninas pensarem que era algum tipo de "Jason da serra elétrica" tentando pegá-las.

Quando enfim chegamos à porta dos fundos, ela estava entreaberta como se alguém já tivesse passado por ali. Entramos e estava o maior breu.

Como estávamos em um grupo grande, de umas 15 pessoas, todos já começaram a especular sobre o que possivelmente tinha acontecido e aquela angústia que eu estava sentindo por não saber onde a K estava, começou a ser substituída por vozes de adolescentes.

Subimos até o 2º andar por longas escadas vermelhas e azuis (cores do logo do colégio) e fomos até a sala da onde o grito tinha vindo. Rafa estava na frente do grupo e abriu a porta da sala E22, a sala de artes.

Todas as salas do colégio eram iguais, exceto a de artes. Tinha grandes armários em que a professora guardava as tintas e os materiais para as aulas.

Não foram todos que entraram, eu e algumas meninas ficamos no corredor para vigiar caso alguma outra coisa estranha acontecesse. Enquanto esperávamos, a ideia de que K poderia estar em algum lugar daquele prédio não saía da minha cabeça, então resolvi perguntar para Isa se ela não queria ir comigo procurá-la.

- Você está louca? Um serial killer pode estar em qualquer lugar deste prédio. - Falou Isa

- Por isso mesmo quero sair para procurar a K! - Respondi

Ela não tinha mais desculpas então decidiu vir comigo e procurar a K.

Fomos para o outro lado daquele andar gritando "K, cadê você?", mas infelizmente, nenhum sinal dela.

Depois de já estarmos cansadas de tanto andar e não encontrar nada, decidimos voltar para onde o resto do pessoal estava.

Chegamos à E22, mas todos já tinham ido embora. Vimos pela janela da sala que já estavam voltando para a festa.

- Nossa nem esperaram a gente! Grandes amigos, hein? Reclamou Isa.

Achei melhor eles já terem ido porque seria bem melhor procurar sozinha e sem aqueles garotos estragando tudo com brincadeiras sem graça.

Descemos até o 1º andar para procurar pistas do que tinha acontecido. Enquanto andávamos perto do refeitório, Isa disse:

- Manu estou sentindo um cheiro estranho.

No instante que ela disse isso, vimos um vulto passando rápido pelas mesas de almoço deixando para trás um sapato vermelho Louboutin, iguais ao que K estava usando naquela noite.


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