Capítulo 2

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Com pena, observo aquela mulher de cabelos castanhos, olhos verdes, rosto coberto por uma camada de maquiagem e um corpo maltratado, semi coberto por roupas vulgares.

- Essa sou eu - falo amargurada para mim mesma e então saio dos meus pensamentos e, como todas as noites, entro no modo automático.

Pego minha bolsa de alça fina, e desço para a sala, me equilibrando no salto extremamente alto.

- Estou pronta - anuncio para Paul, que está sentado no sofá.

- Achei que eu iria ter que ir atrás de você e te arrastar até aqui.

Bufei e me arrependi no mesmo momento. Paul me lançou um olhar mortal.

- Muito cuidado, senhorita Martins. Muito cuidado - apontou o dedo para mim.

Assenti e o segui para fora de casa.

Paul era um dos "gerentes" da casa de prostituição.

Diferentemente das demais casas, a nossa só atendia quem tinha reservas.

Alguém ligava dizendo que precisava de um serviço tal dia, tal hora e em tal lugar, e uma das mulheres era encaminhada para o local do encontro, sem nem saber quem a esperava. Metade do pagamento era efetuado antes do serviço e a outra metade depois.

Nós também nunca saíamos sozinhas sempre estávamos acompanhadas de algum "responsável". Ele ia nos deixar no local e ficava lá, esperando até o tempo acabar. Não é a toa que não tinha como fugir.

O único jeito era aceitar aquela vida de uma vez por todas. E foi o que eu fiz. Como eu disse antes, ser prostituta não é tão ruim, viver sozinha no mundo é muito pior.

*•••*•••*•••*

- Vamos lá, gata. Colabore.

Aquele velho só podia estar louco. Eu não iria me entregar pra ele. Não mesmo.

- Nunca, seu verme nojento. - cuspi na sua cara e tentei soltar meus pulsos que estavam amarrados.

Em resposta, recebi uma tapa na cara.

- Se você fizer isso de novo, aí sim você vai descobrir o que é verme nojento. Eu estou pagando, então fique quieta, caso contrário você não vai receber um tustão.

Ele avançou em minha direção e eu o chutei.

- Escuta aqui. Se eu disse não, É PORQUE É NÃO! Eu NÃO quero ficar com você! Será que dá para entender?!

O verme devia ter uns 100 anos, e mesmo assim se achava o gostosão da parada.

Eu geralmente aceito calada que me usem, mas com esse homem não. Simplesmente não consegui ficar quieta. Eu já estava com ânsia de vômito.

Ele riu perverso.

- Já que você não quer por bem, vai ser por mal - deu um soco forte em meu rosto que me deixou atordoada - Marcos! - gritou para seu capanga e esperou ele aparecer na porta do quarto - Amarre as pernas dela também. Uma de cada lado da cama.

O sangue fugiu do meu rosto. 

Não.

De novo não.

Prostituta Por Obrigação - COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora