capítulo 37

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Um Dia de Reflexões

No dia seguinte, Mariska decidiu que todas nós precisaríamos de uma pausa. A rotina de cuidados com Ana, a preocupação constante e nossas próprias vidas estavam nos desgastando. Não era sobre deixar Ana de lado, mas sim nos fortalecer para estarmos ainda mais presentes para ela.

Mariska organizou um café da manhã na casa dela, uma espécie de momento para respirarmos e colocarmos as coisas em perspectiva. Ana, como sempre, insistiu para que fôssemos.

— Vocês precisam de um tempo longe de mim — disse ela. — Eu vou sobreviver sem vocês por algumas horas.

— Não diga isso — retruquei, segurando suas mãos. — Não se trata de estar longe de você, mas de recarregar nossas energias para te apoiar ainda mais.

Ela sorriu, e aquele sorriso era um misto de compreensão e gratidão.

Café da Manhã com Revelações

Reunidas na casa de Mariska, a conversa começou leve. Falamos sobre os desafios do trabalho, relembramos histórias engraçadas e, aos poucos, o tema central da nossa preocupação emergiu.

— Vocês acham que estamos fazendo o suficiente por ela? — perguntou Jess, com a voz carregada de preocupação.

— Estamos fazendo tudo o que podemos, mas Ana precisa de algo que vá além — respondeu Mariska. — Ela precisa encontrar um propósito para continuar lutando.

Eu concordava. Ana sempre foi alguém que se alimentava de metas e objetivos. O luto e o câncer a haviam colocado em um estado de estagnação que não era típico dela.

— Precisamos ajudá-la a reencontrar esse propósito — disse eu. — Talvez algo que conecte a Ana com o futuro, que a faça sonhar novamente.

— E como faremos isso? — perguntou Gabi, pensativa.

Um Plano para o Futuro

Passamos horas discutindo ideias, desde pequenos projetos que Ana pudesse fazer em casa até maneiras de envolvê-la em atividades que a fizessem se sentir útil e viva novamente. No fim, decidimos criar um plano para que ela pudesse escrever um livro contando sua história.

— Ana sempre teve o dom da escrita — lembrei. — Ela costumava escrever pequenos contos e poesias. Isso pode ser terapêutico para ela e, ao mesmo tempo, uma forma de inspirar outras pessoas.

Mariska adorou a ideia e prometeu providenciar tudo o que fosse necessário: um espaço tranquilo, material de escrita, até mesmo um laptop novo, se ela precisasse.

De Volta ao Lado de Ana

Quando voltamos à casa de Mariska, Ana estava no sofá, assistindo a um filme antigo. Seus olhos iluminaram-se ao nos ver, mas eu podia perceber que ela estava cansada.

— Vocês parecem conspiradoras — brincou ela.

— Talvez sejamos — respondi, sorrindo.

Jess sentou ao lado dela e segurou sua mão.

— Temos uma proposta para você.

— Proposta? Agora estou curiosa.

Expliquei o plano de escrever um livro, de usar sua experiência como uma forma de ajudar outras pessoas e, ao mesmo tempo, de se redescobrir. Ana nos ouviu em silêncio, e quando terminei, seus olhos estavam marejados.

— Vocês realmente acreditam que minha história pode fazer a diferença? — perguntou ela.

— Sem dúvida — respondeu Mariska. — Você já faz a diferença nas nossas vidas todos os dias. Por que não inspirar ainda mais pessoas?

Ana ficou pensativa por alguns momentos antes de responder:

— Está bem. Vamos tentar.

Primeiros Passos

Nos dias seguintes, começamos a organizar tudo para que Ana pudesse se concentrar na escrita. Compramos cadernos, canetas, e Mariska até providenciou uma cadeira confortável para ela.

Eu ficava ao lado dela enquanto ela escrevia, ajudando-a a organizar as ideias e a superar os momentos de bloqueio. A cada palavra escrita, parecia que um peso ia sendo tirado de seus ombros.

Ana ainda tinha um longo caminho pela frente, mas agora havia algo que a fazia querer continuar. Ver aquele brilho em seus olhos novamente era o maior presente que poderíamos receber.

E, enquanto ela escrevia sua história, nós continuávamos ao seu lado, prontas para apoiá-la em cada linha, em cada capítulo, e em cada novo começo.

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