Estrela. ⭐️ [Morro]

⭐️ | Capítulo Vinte e Três.

Estrela. ⭐️

Era surreal o quanto eu era apaixonada nesses três, minha eterna família!

Já passava das 22h30 e o pagode rolava solto.

Sambei, dancei até o chão e cantei horrores com a minha best. Colocamos altas fofocas em dia, amo!!

— Vamos comigo no banheiro? – Falei me levantando e pegando minha bolsa.

— Uhum, vou aproveitar e retocar minha maquiagem que teve ter saído. – Emi se levantou indo comigo.

Até o banheiro daqui era bem arrumado, não fedia e sempre vinha uma mulher limpando de tempo em tempo.

Se manter essa organização e cuidar, isso vai durar muito.

Fizemos tudo o que tinha e bem na hora que eu estava saindo do banheiro, eu esbarrei nele...

Justo nele.

Seu olhar desceu justamente para onde eu mais temia, minha barriga.

Ele me olhou surpreso e logo seu semblante ficou pensativo.

Fodeu.

Continuei encarando ele, mas de cara fechada.

— Licença! – Falei depois de um tempo, tentando passar por ele, mas foi inútil, pois ele segurou meu braço.

— Tá de quanto tempo? – Me encarou, dessa vez com a cara mais fechada do mundo.

— Isso não importa, Coronel. Eu quero passar.

— Ou tu responde, ou tu não sai daqui hoje. – Cruzou os braços me encarando.

Me mantive quieta, prendendo a minha vontade de chorar.

Eu não sei porque eu vim. Na moral, eu não queria passar por isso...

Fiquei observando os meninos e a Emi tentar convencer ele a me deixar passar pois eu não podia me estressar, mas foi em vão.

— Ou me responde de quanto tempo tá, ou vai geral pra cobrança. Papo tá dado! – Manteve sua postura me olhando e eu fiz o mesmo, sentindo meus olhos arderem.

Ficamos nessa por um bom tempo, até que eu não aguentei mais.

A discussão entre eles, todo o caos...

— Cinco meses. – Falei baixo, segurando o choro que foi inútil pois eu me acabei de chorar.

— É meu? – Encarou minha barriga e logo subiu o olhar pro meu.

Concordei, sentindo as lágrimas descerem cada vez mais.

Dessa vez, ele segurou meu braço mais firme e foi me arrastando pra fora.

— Qual foi, Coronel? A mina tá grávida, pô. – Pelé falou.

— Essa filha da puta escondeu meu filho por 5 meses, tu ia tá feliz? Vai tomar no cu, papo reto. Com vocês eu resolvo depois. – Me colocou dentro do carro e deu partida em sentido a casa dele.

Eu fiquei parada dentro do carro enquanto ele abria a porta e eu o ignorava. Eu não queria sair do carro, eu sei bem onde essa conversa vai acabar...

— Bora Rayssa, tu tem muito bagulho pra me contar e eu não tô de brincadeira contigo. – Falou firme e eu respirei fundo. — Se eu te tirar desse carro vai ser pior pra tu.

Assenti, saindo do carro e seguindo o mesmo até dentro da casa.

— Quando tu descobriu? – Me encarou.

— Eu tava de um mês.

— E tu me escondeu por causa de que?

Suspirei fundo.

— Eu não queria que ele crescesse no mesmo caos que nós crescemos. Nunca precisei de você e ia me virar muito bem com ele sem tua ajuda. – Falei alto.

— Tu pode se virar da forma que quiser, mas negar o NOSSO filho me conhecer? Tu foi uma filha da puta egoísta. — Bufou sem paciência, passando a mão no rosto.

— Acha mesmo que seria um bom pai, Matheus? Olha pra você, olha pra vida que você leva! Sofre ameaça o tempo todo, tu quer isso pro meu filho? Eu aceito tudo, Matheus, menos perder meu filho. A MINHA família, não a sua.

— Tu tá sendo egoísta, Rayssa. Eu sei que sou todo errado no bagulho, mas nunca ia deixar nada acontecer com um filho meu. Nunca deixei contigo, fala quantas vezes eu pulei na bala por você. Quantas vezes eu fiquei em cana pra tu não cair? Tu não pode vir e me apontar se eu seria ou não um bom pai, tu tava tirando essa chance de mim. – Falou no mesmo tom que o meu.

— Tu sabe que esse é o único jeito de manter essa criança longe de tudo isso... Não faz de outra forma, Matheus.

— Pra tu é Coronel, sua filha da puta. Pensasse antes de esconder meu filho de mim. Tu ia me deixar morrer sem conhecer meu filho, tu tem noção desse bagulho? – Ele apertou meu pescoço. — Tu merece o desprezo, papo reto.

Ele me deixou ali, chorando.

Eu sei que não era certo esconder dele, não falar a verdade.

Mas eu não podia colocar meu filho em risco nessa guerra toda.