– Se abaixa Clary! – Jace disse nervoso e eu o obedeci. Ele correu com o carro mais ainda, parando rapidamente em frente a nossa cabana, sai de lá correndo em direção a porta dos fundos. – Em baixo do carpete em frente à lareira tem um alçapão, abra ele e fique lá dentro até que eu apareça e diga que está tudo bem.
Obedeci. Corri para frente da lareira e tirei o carpete do lugar. Vi o tal alçapão e o abri me deparando com uma escada. Havia um porão ali, bem pequeno na verdade, mas mesmo assim um porão. Fechei a portinhola assim que vi uma lanterna próxima ao começo da escada e a acendi, desci caminhando devagar com medo de cair. Cheguei lá embaixo e procurei algum lugar para me sentar.
Se aqueles policias estivessem me procurando? Se eles fizessem com que Jace me entregasse? Eu não voltaria para minha casa para me casar com Sebastian! Eu tinha que confiar em Jace agora, ele era o único que não deixaria que me levassem embora, eu tinha certeza disso. Ele me protegeria até o fim!
Já havia se passado algum tempinho e nada de Jace. Com a lanterna rodeei a minha volta e encontrei um pequeno baú, fiquei curiosa, mas sabia que não poderia mexer nas coisas de Jace. Era invasão! No entanto...
A minha curiosidade sempre fala mais alto. Fui até o baú e o abri. Lá havia alguns papéis e álbuns de fotos. Peguei o primeiro que vi. Ofeguei logo na primeira foto.
Tinha uma mulher morena e lindíssima na primeira foto, ao lado de duas menininhas lindas, uma com o cabelo castanho igual o da mulher, a outra com o cabelo mais puxado para o loiro como Jace, ambas tinham os olhos dele. Azuis e luminosos.
Embaixo da foto estava escrito: Kaelie e as gêmeas, Jessamine e Tessa. A família que Jace havia perdido.
Continuei olhando no álbum e se seguiram várias fotos da família dele, mas em algumas delas Jace estava presente. Absurdamente lindo mais novo – não que ele fosse feio agora, o tempo havia feito ainda mais bem a ele - e terrivelmente feliz, em todas as fotos ele mantinha um sorriso largo de rasgar a face estampado em seu rosto perfeito.POV inédito Jace
Eu estava terrível e absurdamente feliz. Nunca mais me senti assim desde a morte de minha esposa Kaelie e nossas filhas. Aquilo havia me marcado de tal forma que eu imaginava nunca mais poder ser feliz de novo, eu não era merecedor disso, claro. Eu havia matado a minha família, fui inconseqüente e irresponsável bebendo e dirigindo depois. Elas só tinham três anos quando morreram, não pude conviver com minhas filhas tanto quanto gostaria. Elas e minha esposa eram tudo para mim, era impossível respirar sem elas por perto.
Eu me sentia sufocado a cada dia desde a morte delas. Só me alimentava para poder sobreviver. Eu sabia que eu merecia sofrer pelo resto da eternidade pelo que causei a elas, eu merecia pagar por isso sendo infeliz a cada maldito dia de minha maldita vida. Eu viveria na eterna escuridão, poeticamente falando.
Mas então uma luz caiu e acendeu tudo a minha volta. Clary, minha Clary.
Ela chegou e com seu jeitinho insolente me conquistou de forma arrebatadora, mesmo por Kaelie eu não fui capaz de nutrir tal sentimento com tanta rapidez. Eu demorei anos para dizer que a amava e com Clary eu demorei menos que uma semana. Amá-la era algo que eu tinha certeza, era fácil como respirar. E então eu achei que sim, era possível eu ser feliz de novo e Clary me mostrou isso com seu sorriso.
Eu passava todo o meu tempo pensando na família que perdi, e na família que eu havia afastado, ambas por culpa minha. Mas desde que Clary entrou em minha vida eu passava menos tempo pensando neles e mais tempo imaginando suas próximas ações.
E quando ela disse que me amava, descobri que também a amava. E quando fizemos amor foi tão... Não havia palavras para se descrever, nunca senti nada igual como o que senti com ela.
Eu me sentia leve e feliz como há muito tempo não me sentia. Eu a havia levado para um passeio e quando voltamos vi policiais rodeando a área, um medo avassalador me tomou.
Se eles a estivessem procurando e a levasse para longe de mim? Não isso eu não permitirei de forma alguma. Mandei ela se esconder no pequeno porão e fui até os policiais.
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A cabana - Clace
RomanceClarissa acaba de descobrir que está prestes a se casar, tendo apenas 18 anos, e com um homem que não ama. Então em uma atitude impensada resolve fugir de casa, e acaba se infiltrando na floresta em pleno inverno. Os moradores da região ouviam boato...