Entre Armas e Rosas

Capítulo 23

POV NATASHA

O sol ainda nem tinha nascido quando saí de casa. Depois de um longo discanso na noite passada.

E agora, eu precisava resolver isso antes de ir buscer ela no hospital.

Dirigi em silêncio até o bunker, meu corpo operando no automático. Já sabia o que precisava ser feito. Victor Stark estava vivo por puro capricho meu. Mas agora, não havia mais sentido em prolongar seu sofrimento. Ele já não era mais uma ameaça. Não era nada.

Ao chegar, desci as escadas lentamente, o som dos meus passos ecoando pelo corredor escuro. Anton e Sergei estavam lá, como sempre, de guarda na porta. Eles me olharam, esperando ordens.

- Ele tá vivo? - Perguntei, minha voz saindo fria.

- Mal. - Anton respondeu. - Mas sim.

Balancei a cabeça e entrei.

O cheiro de sangue impregnava o ar. O chão ainda tinha manchas escuras do que sobrou dele depois da última sessão. Victor estava pendurado pelos braços, sua cabeça caída para frente, os cabelos grudados na testa pelo suor e pelo sangue seco.

Ele respirava com dificuldade.

Fechei a porta atrás de mim e me aproximei devagar.

- Bom dia, Stark. - Minha voz cortou o silêncio.

Ele não reagiu imediatamente. Apenas soltou um ruído baixo, como se rir fosse doloroso demais. Quando finalmente ergueu o rosto, vi o quanto estava acabado. Olhos fundos, pele pálida, lábios rachados. Ele não parecia mais um homem. Parecia um cadáver esperando o fim.

- Vai… vai acabar com isso agora? - Sua voz saiu rouca, fraca.

Cruzei os braços, observando-o por um instante.

- Sim.

Ele ergueu a cabeça com esforço, os olhos fundos e vermelhos de tanto sangue perdido. Ele abriu um sorriso torto, já sem forças.

- Finalmente… - murmurou, sua voz rouca. - Achei que fosse me deixar apodrecer aqui.

Dei um passo à frente, olhando para Anton e Sergei.

- Coloquem ele na cadeira.

Eles não hesitaram. Victor tentou se debater, mas não tinha mais forças. Seu corpo foi arrastado e preso na cadeira elétrica, cada uma das tiras de couro apertando seus pulsos e tornozelos contra o metal frio. Ele grunhiu, mas não disse nada.

Me aproximei, ficando de frente para ele.

- Você sabe o que acontece agora, não sabe?

Ele soltou uma risada fraca, cuspindo sangue no chão.

- Eu queimo…

- Sim. Você queima.

Pousei a mão no painel de controle e puxei a alavanca lentamente, apenas para ver o medo finalmente brilhar em seus olhos.

- Você merece isso, Victor. Pelas vidas que destruiu, pela dor que causou.

E então, sem hesitação, puxei a alavanca completamente.

O som da eletricidade rugiu pelo bunker e Victor se contorceu violentamente, seu corpo tremendo sob a corrente elétrica. Seus gritos ecoaram pela sala, mas eu não desviei o olhar. Suas veias saltaram, seu rosto se contorceu em pura agonia. O cheiro de carne queimada começou a se espalhar, e seus olhos se reviraram.

Segundos depois, tudo parou.

Seu corpo caiu inerte contra a cadeira, a fumaça subindo levemente de sua pele. Sua cabeça pendeu para o lado, a boca entreaberta, os olhos sem vida.