Bulletproof Girl

Mal humor

A terça passou rápida e bem sem graça, considerando o clima gelado lá na sala o dia inteiro. A quarta a mesma coisa. Hj me irritei e gritei com os dois para ver se resolvia logo isso, não deu em nada. Já estou voltando para casa irritada, por sorte, meu prof ficou doente e não vai ter aula a tarde (bem, sorte para mim, melhoras para ele, so sorry).
Deixamos Nat em casa, ela ficou com vontade de ficar lá essa tarde. A ultima vez que ficou com eles foi quando tava chateada graças a mim e Lipe. Já na porta do nosso prédio Lucy se despediu, ia almoçar com Caio e nem me avisou.
Entrei sozinha, e só para deixar minha quinta ainda melhor sendo que eu já estava explodindo de raiva o dia inteiro subi o elevador junto com a Meredith.

- Boa tarde- Falei me esforçando para usar a educação que minha mãe me deu.
- Boa tarde- ela falou, mas fechou a cara, não que eu me importe. Mas ao invez da cara bem que ela podia fechar era o vidro desse perfume insuportavel em vez de tomar banho com ele e me asficciar. Ou será que essa é a intenção??

Ela deu um pequeno sorriso e pegou o telefone. Digitou um numero e colocou no ouvido. Na hora o elevador abriu no nosso andar. Saindo ela começou a falar no celular.

- Oi Caio- falou com a voz mais enjoada do mundo, e chega fiquei com um nó na garganta.
- Não fofo, estou chegando em casa agora- enrolei para chegar até a porta, se fosse o caio de Lucy, com o meu bom humor de hoje eles iam apanhar muito- A não ser que você venha aqui para casa agora, só vamos nos ver na faculdade.

Deixei o disfarçe de lado e virei para ela, que estava apoiada na sua porta fazendo cara de idiota (ou talvez só estivesse agindo normalmente, não sei dizer a diferença).

- Ahh, verdade- falou como se estivesse cochichando, mas num tom bem audível e ainda como se ignorasse minha existência- Você n pode vim por causa delas. Sinto muito meu amorzinho.

Argh, a gota d'aguá. Puxei o celular da mão dela que deu um grito, dramática. Tomara que ela tente me bater, aí qualquer coisa que eu fizer vai ser só "defesa".

- Sério te dou cinco segundos para começar a explicar porque está nesse love com essa cobra, e caso você não reconheça a minha voz possuida pelo ódio, aqui é Christie, uma das melhores amgs da sua NAMORADA, Lucy, lembra dela??- gritei no telefone.

Meredith tava com a maior cara de azeda, veio na minha direção tentar pegar o celular e dei um empurrão, ela já caiu sentada, assim perdia toda a graça. O pior era o silêncio infernal vindo do celular, olhei para ele e não tinha ligação nenhuma acontecendo, ela até ligou para ele, mas a ligação só durou 5 segundos, ele deve ter desligado quando ela começou a falar bobagem, tadinho, e eu duvidando da sua fidelidade. Gargalhei na cara dela.

- Deve ser muito triste mesmo ser você. Só muita carência mesmo e solidão para fazer dar em cima de um cara com namorada e que nem te quer- Ri e joguei o celular nela.

Entrei em casa, um pouco mais de bom humor. Logo depois do almoço Lipe me ligou, tava sozinho em casa, Nat saiu com os pais deles, me chamou para sair e aceitei.
Quando estava terminando de me arrumar Lucy e Caio chegaram. Dei um abraço em Caio o que fez os dois acharem estranho e rirem de mim.

- Bom te ver também- ele disse.
- Tô muito orgulhosa de você cara- Falei dando um murro de leve no ombro dele e virei para Lucy- Você tava ligada que a Meredith tava perguntando o numero dele para todo mundo e te provocancando, né??
- É, tô ligada- falou fechando a cara
- Hoje quando eu cheguei ela ligou pra ele e ficou meia hora falando bobagens, chamando de amorzinho, falando para vim aqui e tal. Quando tomei o celular dela vi que ele tinha desligado nos primeiros 5 segundos- Falei rindo, ela olhou para ele disfarçando um sorriso.

Na hora bateram na porta, peguei minha bolsa e abri. Era Lipe, que percebeu o clima estranho, todo mundo parado em silêncio.

- O que foi??
- Nada, é que meu namorado é perfeito- Lucy riu, e deu um beijo em caio.
- Depois eu te explico.
- Vamos??
- Vamos- falei e o beijei também

Percebi que pouco antes que a cobra tinha aberto a porta dela e estava encarando a gente.

- Meu bem, fiquei de bom humor de repente, então vou te explicar, quando batem na porta dos seus vizinhos, você não tem que abrir a sua- Falei um pouco ríspida.

Ela olhou para Lipe rapido e depois me encarou.

- Porquê você é sempre tão grossa??- Falou com voz de choro e fechou a porta.
- Que faaaaalsa. E sério se ela for viver de atuação tem que melhorar um pouquinho, essa foi obvia.
- Tem certeza?? Talvez você tenha sido um pouco mal, ela só abriu a porta, tem gente que é sensível, ué- ele perguntou indo para o elevador de mãos dadas comigo.

Eu poderia dar chilique, dizer que tenho certeza, que é obvio que ela toma veneno no café da manhã, ele ia achar que eu estava exagerando e iamos acabar brigando, exatamente o que ela quer e não vale a pena, então deixei para lá e curti a minha noite.
Fomos ao cinema, nos divertimos e depois me levou em casa.

- Já??- Ele reclamou parando em frente ao prédio.
- Já - Sorri, o beijei e fui saindo do carro.
- Mas
- Tchaaaau- O beijei de novo pela janela e corri para dentro.

Lucy tava assistindo jornal. Me joguei no sofá e deitei no colo dela, sorrindo e pirraçando ela com caio.

- Pensei que tava de mau humor - ela riu
- Ele acabou.
- Ele acabou ou acabaram com ele- Ela fez uma cara maliciosa e bati nela zuando- Rapidinho, fica quieta, quero ouvir isso.

Prestei atenção no que ela estava olhando, algo sobre um assassino, sei lá.

- Não sei como você consegue assistir jornal, não passa nada que preste, morte, corrupção, roubo, maldade, argh. Só falta sair sangue da tela.
- É importante, saber como anda o mundo.
- Eu já sei, ta um desastre. Mas assistir, não muda nada. Faço minha parte, não roubo, não mato, se eu ver algo errado denuncio.
- Tem certeza que você só pode fazer isso??- ela me encarou e ficamos em silencio um pouco, até que Nat chegou.
- Não ia dormir na casa dos seus pais??- perguntei a ela.
- Ia - falou de cara fechada- Queria ficar um pouco com a minha familia, isso até eu sair um minuto com meus pais e meu irmão sumir. Ele tava aqui não tava??
- Nem tava- Lucy se meteu
- Ah - Ela mudou completamente de irritada para não to nem ai- Então só deve ter saido com um amigo.
- Não entendi Nat- falei sentando- Sair com um amigo tudo bem, mas se tivesse comigo era o fim do mundo. O problema não era ele não estar lá quando você voltou, que diferença faz com quem está??
- É que- ela parou um pouco- argh- resmungou e foi para o quarto.
- Eu realmente não entendo- falei para lucy.
- Vai ver ela só tem medo de acabar sendo trocada pelo irmão e melhor amiga ao mesmo tempo. Tipo e se vcs brigarem é ela que fica no fogo cruzado, sem poder escolher um lado.
- Nada haver.

Ela deu de ombros e voltamos a olhar para a tv. O cara realmente tinha feito um estrago enorme. Recebi uma msg.

"Número restrito: Ligue a televisão, qualquer canal. Está vendo isso?? Na verdade, é ainda pior do que parece. Precisamos da sua ajuda.
Se, se importa, apareça no endereço em anexo no seu e-mail, dia 24, seis da tarde."

Nossa, diretos eles. Olhei para Lucy, ela tava quase chorando só de ver as vitimas. Se precisam mesmo de mim, acho que não tenho muita opção. Desliguei a tv, e a levei para o quarto e por incrivel que pareça para um dia cheio de altos e baixos, a noite foi tranquila.

"Lipe: Boa noite :)"
"Boa noite :)"