A Chegada

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Quando acordei já estávamos entrando na minha nova rua, parece um lugar bem familiar, tem crianças na rua, correndo, brincando mas até agora não vi nenhum adolescente, desci do carro, peguei minha bolsa, e subi direto para onde seria o meu quarto, só tinha ido à casa uma vez antes de nos mudarmos, mas lembrava bem o porque tinha escolhido aquele quarto, era bem nos fundos, o ultimo cômodo da casa, a janela da para o fundo de uma outra casa abandonada, era perfeito para quem não queria ser vista por ninguém, joguei a bolsa e sentei no chão pois ainda não tinham móveis, olhei para o teto e senti meu rosto molhado, não consegui segurar já estava chorando novamente, meu irmão entrou no quarto, sentou ao meu lado e me abraçou, meu irmão era bem diferente de mim, educado, bem certinho, e carinhoso, Jonas Ferraz, o conhecido pela bondade, era alto, moreno, os cabelos pretos como os da minha mãe, ele sempre me apoiava em tudo o que eu fazia, era um protetor, ele levantou meu rosto e limpou uma das minhas lagrimas.

-  Porque... tínhamos... que... vir? - Perguntei entre soluços. - Não queria estar aqui, não queria. - Falei.

– Lu entende, aqui vai ser melhor para todos nós, o pai arrumou emprego e vamos melhorar de vida, não fique assim minha pequena. - Falou ele se aproximando e me abraçando.

– Não entendo isso Jonas, não consigo entender, aqui vai ser um inferno. - Falei me encostando nele.

– Só tenta aceitar, vai ser melhor. - Falou me dando um beijo na testa e se levantando.

Minha cama chegou no quarto, esperei que montassem e já me joguei.

Quando acordei peguei o celular olhei no relógio, que ótimo já são 19:00, hoje é domingo e amanhã já tenho aula na nova escola, levantei, prendi o cabelo em um coque, desci e fui escovar os dentes, peguei um pacote de bolacha, um toddynho e voltei para o quarto passei pelos meus pais e meu irmão na sala já montada assistindo televisão, eu me recuso a falar com eles, mas minha mãe sempre tenta puxar assunto.

– Esta pronta para o primeiro dia de aula Lu? - Perguntou ela.

- Muito. - Respondi seca me virando e subindo para o quarto.

Quando entrei no quarto meu celular tocou era meu avô, era meu único avô, era por parte de mãe, era sem duvidas a única pessoa no mundo que sempre acima de tudo me via como a princesa dele.

- Boa noite vô. - Falei.
- Boa noite filinha já esta se acostumando com a casa nova?
- Nunca me acostumarei vô.
- Vai sim, bom estudo amanhã, minha futura doutora.
- Boa noite vô.

Desliguei o telefone e deitei fiquei olhando para o teto e imaginando como seriam as pessoas aqui, como seria meu dia na escola, acabei pegando no sono.

 - LU ACORDA! - Gritou meu irmão querendo me deixar surda, dei um pulo da cama e olhei para ele que estava morrendo de rir do meu lado.

- Seu filho de uma... - Ele me interrompe.

- Olha a boca mocinha, estou tentando te acordar faz tempo mas você parece que morre quando dorme, vamos esta na hora da sua escola. - Falou ele me puxando da cama.

- Que droga é hoje. - Falei, me jogando de volta na cama.

- Pelo menos tenta né Lu. - Falou ele, saindo do quarto.

Levantei e olhei no relógio, 6:20, droga tenho que estar lá 6:50, levantei correndo, peguei minha toalha, meu celular e fui para o banheiro.
Quando acabei o banho já eram 6:35, sequei o cabelo, vesti uma calça jeans, uma camisetinha preta, uma blusa enorme do meu irmão, passei uma maquiagem bem rápida, peguei meu fone, chave, mochila e sai.
Graças a Deus a escola não é tão longe, fui andando mesmo, olhando as casas, de manhã normalmente a rua é um silencio, que saudades do meus amigos, da minha antiga casa.
Algumas lojas já estão abrindo, bem cedo não é? Como já disse eu tenho um serio problema com adaptação para novas coisas, talvez seja pela minha mania chata de criar raízes, sempre pensei que fosse ser daquele tipo que nasceu em um lugar, passou a vida lá e vai morrer lá, mas infelizmente nem sempre é como queremos, principalmente para mim já que os meus pais são bem livres em relação a cidades e pessoas, quando somos adolescentes mudanças são difíceis, escola nova, novos amigos (e inimigos), tudo se torna extremamente complicado, já que para um adolescente a vida escolar consegue ser a vida mais importante.



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