A Lua

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As batidas do meu coração eram fortes, sentia minha cabeça latejando, meus olhos já estavam úmidos, mas não, eu não iria chorar ali, não na frente deles, aquela vagabunda em cima do meu namorado, dormindo abraçada nele só de roupa intima, e ele lá dormindo também tranquilamente, como se fosse a coisa mais certa do mundo, eu não tinha forças pra me manter em pé, não sabia o que dizer, as meninas estavam impressionadas, a Bel segurando meus ombros.

– Me solta. - Sussurrei.

– Prima calma por favor. - Falou a Bel.

– Falei para me soltar. - Falei soltando os braços dela dos meus ombros, entrei dentro do quarto e fui até a cama, enrolei as mãos no cabelo da Vanessa e arrastei para fora da cama com toda a força, ela acordou gritando.

– ME SOLTA SUA LOUCA ME SOLTA! - Gritou.

– LOUCA? VOCÊ NÃO VIU A LOUCA AINDA! - Gritei de volta.

Soltei-a no chão e me joguei em cima dela, coloquei uma perna de cada lado ficando ajoelhada em cima dela, dei um tapa tão forte que conseguimos ouvir um estralo em seu rosto, ela tentava pegar meu cabelo mais eu estava cega de raiva, dei um tapa atrás do outro na cara dela, sentia que as meninas tentavam me segurar mais cada vez que vinham eu me debatia, o nariz dela já sangrava mais eu não queria parar de bater, senti um braço forte agarrando a minha cintura, olhei para o Otavio e não consegui conter as lagrimas que já queriam ter caído a muito tempo.

– Lu, se acalma, o que esta acontecendo? - Falou o Otavio se levantando.

– Por que você fez isso? Como teve coragem? Ainda mais com ela. - Perguntei chorando

– O que? Lu, não, eu não te trai, o que você falou para ela Vanessa? - Disse indo até a Vanessa que estava caída no chão.

– Eu disse a verdade docinho. - Falou tentando se levantar.

– Que verdade sua louca?

- Que nós estávamos matando a saudade.

– Ah sua... - Dei um chute no estomago dela, o que a fez cair novamente deitada no chão.

– Chega! Lu, vamos embora, amanhã vocês conversam com mais calma. - Falou a Bel me segurando novamente.

– É amanhã a gente conversa marrentinha. - Falou o Otavio.

 – Não, não vamos conversar amanhã, nem nunca mais, pra mim você morreu, a única coisa que eu quero de você é distância, eu tenho nojo de você, nojo! - Gritei, agora eu já não conseguia segurar minhas lagrimas, meu coração pulsava forte, eu sentia meu coração doendo, tudo doía, o nó na minha garganta só aumentava e a vontade de chorar estava maior, porque ele fez aquilo?

- Amor... - Tentou segurar meu rosto.

- Não encosta em mim, tudo o que eu sentia por você morreu hoje, tudo o que tínhamos, tudo, acabou, e o culpado é você! - Falei em meio as lagrimas. Virei as costas deixando ele lá sozinho com a Vanessa, as meninas me levaram até em casa, inclusive a Patty, passamos pela minha mãe, tentei ao máximo disfarçar, não queria ouvir nada agora, eu só queria dormir, e não acordar, me joguei na cama assim que entrei no quarto, as meninas sentaram na cama.

- Amiga... - Falou a Monique e passou a mão no meu cabelo.

- Por favor se acalma. - Falou a Patty.

- Prima... - Começou a Bel.

- Só... - Suspirei. - Me deixem sozinha, por favor?

Elas saíram sem nem dar tchau, ouvi a porta fechando, agora estou aqui, sozinha, no escuro, livre pra chorar o quanto eu quiser, chorei até dormir. Acordei com alguém fazendo carinho no meu cabelo, olhei pra cima era a vó Lucia.

- Bom dia. - Falou ela.

- Não fui pra escola?

- Convenci sua mãe a deixar você em casa hoje.

- Cade ela?

- Foi no médico, ela tinha uma consulta hoje.

- Como a senhora sabia?

- A Bel me contou ontem assim que cheguei, ia te chamar mais você já tinha dormido.

- Ele me traiu. - Senti o nó na minha garganta novamente, não consegui controlar minhas lagrimas, eu precisava daquilo, precisava desabar no colo da minha avó, ela iria me entender.

 - Eu não posso acreditar que ele tenha feito isso.

- Mas fez, e eu nunca mais quero vê-lo, nunca mais.

- O minha linda. - Me puxou para seu colo, deitei minha cabeça nas suas pernas e fiquei em silencio. - Você precisa botar o que ta sentindo pra fora.

- Como?

- Escreva, vai te fazer bem.

- Vou tentar vovó.

Depois da conversa com minha avó fiquei deitada até a hora de ir trabalhar, não quis comer, levantei, tomei um banho, coloquei uma calça jeans, uma camiseta branca, amarrei o cabelo em um coque mal feito, não passei maquiagem, não tinha animo pra me arrumar, sai de casa e fui para o trabalho, a Monique tentou falar comigo, mas não quis ouvir nada, quando acabou o expediente voltei pra casa, varias ligações e mensagens do Otavio mais eu não queria ouvir o que ele queria dizer, voltei para casa, jantei um miojo mesmo, subi para o quarto e me tranquei novamente, dormi novamente acordei já eram 3:20 peguei meu caderninho e comecei a tentar escrever.

"Eu digo não, não, não, eu não posso mais te amar.
  não, não, não, eu não posso mais sentir,
  Por favor, 
Por favor, deixe-me ir.

  Não, não, não, não posso mais te ter,
  Não, não, não, não quero mais te amar,
  Preciso esquecer, não consigo te perdoar.

  Deixe-me ir, deixe-me me afastar
  Deixe-me aprender, como deixar de te amar.

  Não, não, não, não posso mais te ter,
  Não, não, não, não quero mais te amar,
  Preciso esquecer, não consigo te perdoar.  

  Deixe-me ir, deixe-me me afastar
  Deixe-me aprender, como deixar de te amar.  

  Eu quero te deixar, eu quero não te amar,
  Eu quero te esquecer, mas na verdade.
  Preciso de você, preciso de você, preciso de... Você."

Pela primeira vez em algum tempo escrevi chorando, chorando de dor por saber que aquilo era real, por saber que era o que eu sentia, por saber que eu tenho que esquece-lo, por saber que eu preciso deixar que esse amor passe, que acabe.

- Ficou linda a musica Lu. - Falou minha avó.

- A senhora estava acordada?

- Sim, gosto de ouvir você cantar, tenho que entregar uma coisa para você.

Ela se levantou e foi até uma caixinha de musica, quando abria tocava uma musiquinha de balé, ela abriu e a musiquinha começou, de lá ela tirou um colar, como pingente uma lua, era lindo e parecia muito antigo, a lua era de prata, el esticou o colar para mim, o peguei na mão e ela segurou.

- Se daqui um mês ou mais, acontecer qualquer coisa comigo, ou se um dia eu não estiver aqui, esse colar será um pedacinho da minha presença para você, essa lua é o seu simbolo, você é uma escritora da lua, e brilha tanto quanto uma, nunca deixem que apaguem o seu brilho, eu te amo.

- Te amo vovó, obrigada.

Ela colocou a lua em mim, achei esse papo de "se um dia eu não estiver aqui" estranho mais preferi não perguntar, deitei com a vovó e ficamos dormindo abraçadas, naquele momento me senti protegida como nunca.




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