Dona Lucia ou Vovó?

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Sentei ao lado da Jéssica, minhas mãos suavam e minhas pernas tremiam, no fundo eu tinha medo do que ia ouvir. – Seu irmão me fez prometer que nunca abriria a boca mais já que ele terminou comigo... Bom fofinha, a história é a seguinte, Dona Arlete estava gravida de um bebe, que não era você, só que ela perdeu esse bebe, na volta pra casa encontrou você, jogada e resolveu te adotar. - Falou ela 

– É só isso? - Perguntei.

– Isso foi o que o seu irmão me contou, mas creio que a historia não seja apenas essa, olha eu te odeio mais se quer um conselho, vá em busca do seu passado.

– Ok, obrigado por contar. - Ela deu um sorrisinho irônica, estava sendo tudo para a Jéssica me contar algo que me tirou o chão como isso, no momento eu estou perdida, toda a minha vida foi uma mentira, nada existiu, quem são meus pais, porque não me quiseram, porque?

Não sei o que fazer, não sei para onde ir, não sei quem pode contar a verdade para mim, se eu fosse para casa agora meus pais iriam mentir mais ainda pra mim, só existia uma pessoa que realmente não mentiria.

- Alô? - Ela atendeu o telefone.
– Dona Lucia? - Falei.

Dona Lucia era minha avó paterna, como não tinha muito contato com ela não a chamava de vó, ela morava perto da minha casa mais eu e ela não nos falávamos, apenas quando era realmente necessário, meus pais dizem que me pareço muito com ela, apesar de não ser minha avó, seus cabelos eram lisos como o de uma índia, cor cobre e seus olhos eram bem verdes.

– Sim, quem fala?

– É a Lu, sua neta.

-  Luzia, que milagre, o que você quer?

– Conversar, preciso muito da senhora.

- Estou sozinha em casa, como sempre, pode vir.

- Estou indo, obrigada.

Fui andando mesmo para casa da dona Lucia, nem era muito longe, cheguei lá bati na porta até que era apareceu, estava com uma saia azul bem florida e uma camiseta regata rosa.

– Entre. - Falou a dona Lucia da porta dando espaço para eu passar. - O que você quer?

– Preciso de toda a sua sinceridade. - Falei me sentando no sofá.

– Claro. - Falou ela se sentando ao meu lado.

– Sou adotada?

– Ai menina, achei que fosse algo serio. - Falou se levantando.

– Dona Lucia por favor, não minta, eu descobri tudo só preciso que me confirme, minha mãe nunca vai me falar a verdade, sei que a senhora não mentiria pra mim.

– Quem contou isso para você?

– Não importa quem contou, por favor Dona Lucia, me diga?

 – Sim, você é. - Falou ela, o meu coração pulava para fora da boca, minha cabeça começou a latejar, meu estomago de um nó, precisei sentar, eu acreditava na Jéssica mais ouvir isso da Dona Lucia sabendo que ela não mentiria mexeu comigo.

– O que aconteceu? - Perguntei.

– Sua mãe estava gravida, as gravidezes de sua mãe sempre foram de risco, no ultimo momento ela perdeu o bebê, ele nasceu morto, tínhamos medo da depressão que sua mãe ficaria, no dia da alta dela uma menina de um pouco menos que 18 anos apareceu, oferecendo você a sua mãe, você ainda não havia nascido, a menina estava de 8 meses, ela ofereceu te vender, disse que precisava mais do dinheiro do que da criança, sua mãe pensou muito, mas aceitou, quando te viu os olhos dela voltaram a brilhar, e sua mãe te adotou e nunca deixou que essa historia vazasse.

– Não sei o que dizer, não sei o que pensar, não... - Comecei a chorar novamente.

– Vá para casa, fale com seus pais menina.

– Não da, ainda não posso, você pode ligar para meu pai e dizer que vou dormir aqui?

– Claro, vou ligar para ele, pode ficar a vontade. - Ela se retirou da sala.

Por um lado seria bom me aproximar da dona Lucia, nunca fomos próximas, preciso falar com o Otavio.

- Marrentinha na onde você ta?

- Eita, calma eu to bem.

- Sua mãe veio aqui desesperada.

- Estou na casa da minha avó, amanhã nos falamos beijos te amo.

- Eu também te amo.

– Tudo certo? - Perguntei quando a vi se aproximar.

– Os seus pais estão em pânico mas acalmei eles, você pode passar a noite aqui. - Voltamos para o sofá e ficamos assistindo a novela, já passava da 00:30 quando resolvi perguntar. – Dona Lucia, porque não gosta de mim? É porque sou adotada? - Meus olhos lacrimejaram.

– Quem disse que não gosto de você? - Perguntou ela.

- Não parece gostar. - Falei.

– Você é minha neta querida, por mais que seja adotada, é minha neta, não é que não gosto de você, é que... - Ela parou e olhou para baixo.

- O que? - Perguntei.

- A garota de 18 anos que teve você, sua mãe, eu a conhecia, fiquei com ódio por ela ter engravidado por anos. - Falou ela.

- Como? - Perguntei.

- O seu tio Jackson antes de falecer trocando tiro com bandidos se envolveu com uma menina, era ela, e eu sabia que aquele bebe era dele, não poderia ser de outro, você é sim minha neta, só não é filha de seu pai, eu queria que tivesse sido tudo diferente, mas não foi, odiei você por anos e peço que me perdoe, culpei uma criança pelos erros de um adulto. - Falou ela.

- Eu posso te chamar de vó? - Perguntei.

- É tudo o que eu quero. - Nos abraçamos e ela ficou fazendo carinho no meu cabelo até eu dormir, foi muita coisa para um dia só, fiquei no sofá mesmo, acordei com meu celular tocando.

- Aonde você ta? - Era a voz da minha mãe.

- Na casa da vó ué.

- Você e sua avó não se falam o que ta fazendo ai?

- Eu descobri tudo mãe, da minha adoção...


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