Meus desenhos

121 7 0
                                    

Quando agente é pequeno, tem uma regra de não colocar o pé fora da cama a noite na hora de dormir, se não algo vai vir e puxar seu pé. Eu tenho 15 anos e ainda uso essa regra. Na minha cabeça, algo vai me puxar para fora da cama e me levar para algum lugar esquisito e me torturar.

Um dia, eu desenhava tranquilamente em minha mesinha, um desenho bastante macabro com um lápis que tinha encontrado na pracinha em meio a grama a muito tempo. O mais recente era assim:
Os seus olhos eram totalmente pretos e grandes. Sua boca costurada formava um sorriso enorme. Seu cabelo como névoa densa. Suas mãos não eram normais. Ao invés de serem humanas, eram como garras, mas de metal. Grandes e afiadas. Seu corpo era longo e esquelético branco, e seus pés iguais às mãos. Ele olhava para mim e parecia ter vida quando terminei de desenha-lo. Quando o fito de mais, ele pareceu piscar para mim. Fiquei assustada mas me forcei a acreditar que era apenas coisa da minha cabeça.

Mais tarde vou deitar em minha cama decidida a esquecer essa regra boba. Esparramo na cama e coloco minha perna para fora dela. No começo sinto um arrepio na espinha mas o ignoro. Mas por um breve instante, vejo um vulto passando em meu quarto.
Sinto garras frias como metal perfurando meu pé e me puxando para fora da cama. Não consegui ver seu rosto ou algo muito mais que seu braco, mas sabia que o reconhecia de algum lugar.

Apesar da imensa dor que sentia por ser perfurada e ser arrastada pelos furos, eu tentei com toda a minha força me agarrar a algo para não ser levada. Minhas unhas foram quebrando e arrancando alguns pedaços pois em meio ao desespero, eu arranho o chão de madeira na esperança de conseguir me agarrar em algo e me prendia em tudo que via.

Ele me leva para o porão. Não entendo o porque mas quando ele desce a escada comigo e liga aquela luz fraca, vejo não só ele, mas vários outros desenhos que já fiz ao longo de minha vida. Desenhos macabros com os mínimos detalhes.
Eles começam a me rodear e a usar seus dentes grandes e afiados, suas garras longas e frias, seus instrumentis que eu creiei para cada um deles. Tudo o que tinham.

Depois de muito ser arranhada, com ossos a mostra, pedacos de minha carne arrancada e muitos gritos, minha mãe ouvi meu ultimo grito e vai a minha procura. Ela me encontra sozinha deitada ao chão toda machucada e sangrando muito, então vamos para o hospital. Entro em estado de choque e acabo indo para um psiconalista para meu tratamento. Eu falo de tudo o que aconteceu mas ele falava que era tudo coisa da minha mente e que não passava de ilusões. Fui parar em um hospício por falarem que eu via coisas que não existem.
Um dia, quando voltava do jantar para o meu quarto no hospício, eles apareceram de novo e entrei em pânico. Gritei, esperniei, diz de tudo para me ouvirem. Alguns que estavam sobre o meu cuidado, vieram correndo e viu toda a cena. Viram que eu não estava insana. Mas depois de aqueles monstros verem todas aquelas pessoas, eles começaram a atacar todos do hospício, virando um homicídio em massa com sangue esparramado por todo lugar pelo lugar, com torturas e comilança de pessoas.

Nunca souberam a razão da morte de todos. Mas naquela última noite, eu soube quem era o responsável por aquilo tudo. Eu consegui ver o rosto de todos eles e percebi. Todos eles eram minhas obras. Os desenhos que tinha feito com aquele lápis. Aquele maldito lápis que eu achei jogado na pracinha na grama. Por causa dele, todos os meus desenhos viraram reais.

Creepy-pastasOnde histórias criam vida. Descubra agora