Capítulo 15

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                      X X X

Isabella estava sentada no sofá, olhando a porta a todo momento, pensando sobre onde deveriam estar Tay e Wendy, indagando sobre em como Becky foi levada daquele modo e se perguntando o que deu na cabeça de Helena e Camila para elas saírem daquele jeito à procura de uma pessoa que já podia estar morta.

          Eram tantos pensamentos mórbidos e horríveis. Isabella não conseguia ter um pensamento positivo. Para ela, Tay e Wendy já estavam morta no meio da floresta; Helena e Camila foram partidas ao meio e ficaram jogadas por qualquer canto e Becky já estava em decomposição, sendo comida por insetos. Aqueles pensamento só a deixavam mais medrosa. Ela rapidamente abraçou as pernas, deixando o joelho encostar no queixo. Tirou os olhos da porta e ficou apreciando o carpete do chão.

          Passou-se um minuto.

          Passou-se dois minutos.

          Então, um grito e um silêncio tenebroso. Uma porta bateu e mais uma vez o silêncio.

          Isabella ficou paralisada. Não e mexia, totalmente imóvel. Seu coração tinha parado ou estava batendo tão forte que ela nem o sentia dentro de si.

           Então ela juntou as poucas forças que tinha e levantou do sofá. Ficou em pé, olhando a escada com olhos arregalados. Ela queria ir vê o que era e o que estava acontecendo, mas seu medo nao deixou. Ela saiu caminhando, de costas rumo a cozinha.

           Quando estava numa distância razoável da sala, virou-se para entrar na cozinha, mas seu espanto foi tão forte, que ela deixou escapar um grito alto e agudo.

          Isabella ficou paralisada, ao se deparar com uma menina bem à sua frente. Ela não sabia o que fazer. Permaneceu imóvel, a boca ainda aberta.

          ᅳ Olá ᅳ disse a menina. Sua voz era doce, meiga. Seus olhos pequenos e azuis eram lindos. Cabelos soltos e grandes. Ela estava num vestido rosa com estampa de flores. Ela era baixa e indicava ter uns 11 anos.

          ᅳ Quem... quem... quem é você? ᅳ Isabella demonstrava uma angústia tão grande, que parecia que ia desmaiar ali mesmo.

          ᅳ Meu nome é Yasmim. ᅳ A menina mostrou um sorriso meigo. ᅳ Você deve ser a Isabella. Andei espiando vocês desde que chegaram.

          Isabella não disse nada. Seus olhos estavam opacos e fixo apenas na menina bem à sua frente.

          ᅳ O que você tem? ᅳ indagou Yasmim. ᅳ Não gostou de mim?

          Yasmim tinha uma voz doce, suave e serena. Seus olhos pequenos só ajudavam na sua aparência bonita e 'fofa'. Ela caminhou e ficou bem ao lado de Isabella.

          ᅳ Fale alguma coisa ᅳ disse, pegando na mão de Isabella; esta sentiu um frio correr por todo seu corpo. A mão de Yasmim era fria como a mão de um cadáver.

          ᅳ Por favor, não me mate. ᅳ A voz de Isabella saiu trêmula. Ainda estava aturdida com a aparição súbita da menina na casa. Eram tantas as perguntas que rodeavam sua cabeça.

          ᅳ Não sou igual à eles. Eles são maus. ᅳ Yasmim fez uma cara de choro.

          ᅳ Eles quem?

          ᅳ Não gosto deles. Ela é má. Ele é mau. O outro também é mau.

          Yasmim largou a mão de Isabella e saiu correndo, sumindo na cozinha. Isabella ouviu um choro fraco e depois não se ouviu mais nada. O silêncio novamente predominou.

          Isabella acordou de um transe repentino e com um impulso atípico, saiu atrás de Yasmim.

          Isabella entrou na cozinha, mas não viu ninguém. Caçou por todo canto, mas nenhum sinal da menina. Então um gemido fraco ecoou pela cozinha. Isabella olhou ao redor e percebeu que vinha de um pequeno quarto. Era a dispensa. Estava fechado.

          Isabella caminhou devagar ao encontro da porta. O choro fraco continuava ecoando. Parecia que elas estavam dentro de uma caverna. Quando, finalmente, Isabella chegou perto da porta, o choro cessou.

          ᅳ Menina, você ainda está aí? ᅳ chamou Isabella.

          Nenhuma resposta.

          ᅳ Eu vou entrar. ᅳ Isabella não esperou resposta dessa vez. Pegou na pequena maçaneta e girou-a. Abriu a porta. Tudo estava escuro.

          Isabella entrou na dispensa. Seus olhos não viram nada, apenas a luz da cozinha que adentrava no quartinho pela porta.

          ᅳ Yasmim, fale algo ᅳ disse. Isabella sentiu um frio repentino. Passou a mão pelo braço, num tentativa inútil de aquecê-lo. Ela caminhou até um canto, passando a mão no ar, para sentir a menina mas nada. ᅳ Yasmim?

          ᅳ Estou aqui ᅳ disse uma voz grossa e rouca. A voz não era de uma criança, e sim de algo não-humano

          Isabella paralisou. Um medo percorreu por todas as suas células, chocando-se contra seu cérebro, levando-a a virar-se lentamente para olhar o que era. Ela não viu a imagem de uma menina meiga e linda, apenas viu dois olhos brilhando na escuridão. Dois grandes olhos vermelhos no escuro. E num baque ressonante, a porta fechou-se rapidamente, deixando Isabella presa lá dentro com o quê que fosse aquilo...

Continua...



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