Fim inesperado

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Hoje acordei um pouco mais cedo que o normal, me sentindo ainda angustiado. O contraste cinzento que raiava lá fora, invadiu a janela e deu aquele toque de luz que só se é possível ver, aqueles que assim madrugam.



Convivo com a saudade a um tempo já, e vai fazer três meses que não te vejo. Não recebo notícias, não recebo cartas e nem aquelas frases que ilustravam as minhas manhãs e me davam animo ao sair de casa.



Há alguns dias atrás tentei te ligar, mas quanto digitei todos os dígitos não tive a coragem de apertar a tecla verde. Talvez por medo de parecer fraco, ou até mesmo medo da sua reação ao ver meu nome piscando na tela do celular. Você poderia atender ou simplesmente lembrar do ocorrido e virar a tela do celular para baixo e deixa-lo ali mesmo, tocando por horas e horas... por isso nem arrisquei tentar.



Se não tivéssemos chegado ao fim, amanhã faríamos dois anos de namoro. Dois anos de noites mal dormidas, mas bem aproveitadas. Dois anos de filmes e pipocas acompanhadas de beijos e fotos fazendo caretas. Dois anos de café na cama nas manhãs de domingo. Dois anos não só de dias felizes ou noites prazerosas, mas de tempos difíceis e dias corriqueiros também.



O penúltimo encontro foi recheado de decepções, já não éramos os mesmos do início do namoro. A paz já não reinava em nossas vidas. O amor que se fazia até então o mais sincero, se desfez em palavras jogadas ao vento. Os beijos foram substituídos por um silencio inquietante. Os abraços que antes nos uniam e nos faziam um só, foram esquecidos e jogados ao vento assim como todo o amor.



O último encontro foi o que decretou o nosso fim. Antes mesmo de você ir até a minha casa você já tinha alterado o seu status civil e posto solteira. Suas amigas já tinham comentado; "muito bem colega, agora ninguém vai nos segurar" e você respondeu apenas com "kkks", como se estivesse feliz com o ocorrido. A frase; "eu não vivo sem você" foi substituída por "eu não quero mais você". Nem sequer tentamos pedir tempo um paro o outro, pois sabíamos que aquele tempo só iria nos mudar mais e mais.



E assim foi feito, pela mesma porta que você entrou você saiu. O mesmo coração que antes ao te ver batia mais rápido, hoje ao lembrar você diminui as batidas... amanhã deveríamos comemorar dois anos de namoro e não seis meses de um término.

Os quatro cantos da casaOnde histórias criam vida. Descubra agora