O Beijo de Tomate

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Durante o resto da semana Catarina e Pedro não paravam de se falar por um segundo. Trocaram os números de celular e passavam mensagens infinitamente. Na faculdade todos já percebiam o clima formado. Débora era a que mais apoiava os dois, além de perguntar sempre à Catarina quando eles iam finalmente ficar. Os amigos de Pedro já desconfiavam das caronas que ela lhe dava após a aula, supunham até que o destino dos dois não era a casa de Pedro, que inclusive ficava vazia pela tarde.

Na sexta-feira após deixá-lo em casa, Catarina almoçou rapidamente e foi para a casa de Débora, que morava um pouco mais longe que o rapaz. Tinham combinado de comprar as coisas para o churrasco que aconteceria no sábado. No total arrecadaram 515 reais, pois algumas pessoas que não iriam participar se manifestaram dando um pouco mais do combinado. Passaram a tarde juntas, como Pedro disse por mensagem, bordando e tricotando. Ali nascia uma boa amizade. Ao terminarem as compras Catarina ligou para Jorge.

- Alô? - Ela disse esperando uma resposta quando o telefonema tinha sido atendido.

- Diga! - Ficou surpresa ao escutar Pedro na linha.

- Pedro? - Ela perguntou.

- O próprio! - Ele se encheu de orgulho.

- O que tu estas fazendo com o celular do Jorge? Eu liguei pra pessoa certa, não foi? - Fez a última pergunta para si.

- Ué, eu estou aqui na casa dele... - Deu de ombros.

- Ah... Pergunta pra ele se podemos deixar logo as compras aí.

- Não vou perguntar porque estávamos falando justamente isso.

- Então passamos em vinte minutos ai.

Antes de desligar Pedro explicou para Catarina onde é a casa de Jorge. No mesmo bairro que o prédio de Pedro, algumas ruas antes da casa da amiga Isabel.

Ao chegarem na casa de Jorge tocaram a campainha e o dono da casa e Pedro vieram ajudar as garotas com as coisas no carro. A casa era gigantesca como descrita por Jorge. Havia uma ampla área de lazer com cozinha de apoio separada da casa principal, o que fazia com que os convidados da festa não tivessem contato com esta. Além da cozinha de apoio a área tinha também uma grande televisão que servia em dia de jogos, como deduziu Catarina.

Colocaram as cervejas, sucos e águas no congelador e guardaram as bebidas quentes no armário da cozinha para não ficarem expostas. Os garotos insistiram para que elas ficassem, mas Catarina não aceitou pois teria que atravessar a cidade para deixar Débora em casa. Pedro acompanhou as duas até a porta e, quando Débora já tinha entrado no carro, puxou Catarina para um abraço.

Era a segunda sexta-feira deles.

Catarina surpresa não correspondeu totalmente ao abraço, transmitindo um pouco de frieza, e logo o desfez afirmando seu atraso.

***

Ao chegar em casa, às oito horas da noite e com um Double Cheddar no saco de papel do Bob's, Catarina se deitou no sofá da sala e ligou a televisão para assistir Beleza Pura.

Não achou graça em ver a novela pela última cena e ligou para Isabel assim que começou o Jornal Nacional.

- Você poderia ir comigo amanhã, o que achas? - Catarina disse.

- Ah não, eu nem conheço ninguém...

- Você conhece o Pedro! - Catarina lembrou-lhe.

- Que vai ficar grudado em ti o dia todo até conseguir um beijo teu. - Isabel completou e Catarina bufou como resposta. - Além do que amanhã tenho ensaio.

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