A Volta do Amor

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Pedro gargalhava dentro do carro em direção a sua casa, com Catarina dirigindo.

– Para de rir! - Ela gritou e bateu em sua perna.

– Fala sério que tu estás com ciúmes de mim com a Maria? Catarina, , nós dois somos amigos!

– Não posso sentir ciúmes de ti por isso? - Ela estava com muita raiva.

– Pode... Mas é sem sentido!

– Cala a boca ou eu te deixo no meio do caminho. - Ela evitou olhar pra ele, mas falou cada palavra calmamente.

Imediatamente ele se calou e assim ficaram até chegarem a casa dele.

– Quer almoçar? - Pedro perguntou-lhe, com a intenção de quebrar o clima.

– Não. - Ela foi seca e direta.

Antes de sair do carro ele lhe beijou a bochecha. Catarina deu a partida e foi pra casa xingando até o vento que lhe bagunçava os cabelos. Não conseguia entendê-lo, como em quase um mês eles estavam um amor juntos, ele morria de declarações para ela, dizia-lhe que nunca queria perder sua amizade, inclusive prometeram que nunca iriam abandonar um ao outro. Mais uma vez a história de anos atrás se repetia: estavam brincando de montanha russa, num momento estão felizes e juntos, noutro, Pedro resolve desistir de tudo e lhe magoa.

Com o passar dos dias, Maria começou a ser uma garota insuportável, grudenta e sem conteúdo, eram palavras ditas pelo próprio Pedro a Catarina em uma das milhares de conversas via MSN que tinham. Sim, a raiva de Catarina durava poucos dias ou apenas horas, depois estavam juntos novamente, um zoando o outro, trocando carinhos e apegados.

Em maio, todos os meninos fizeram uma surpresa para Catarina, na própria faculdade, pois, mesmo convidando as meninas para participarem, nenhuma delas quiseram, inclusive houve quem criticasse a atitude deles.

– Vocês só estão fazendo isso porque ela paga boquete para todos vocês.

– Além de vocês só saberem a matéria porque ela ensina.

– É, depois ela paga com boquete.

– São todos interesseiros!

Então, para confrontá-las, todos os amigos de Catarina apareceram de surpresa na aula, com chapeuzinhos de festa e balões. Era Pedro quem segurava o bolo.

– O que é isso? Catarina perguntou um tanto abobalhada.

– Fala sério que você não sabe o que é isso sua sonsa... - Uma das meninas disse baixo, mas Catarina resolveu ignorá-la.

Então todos cantaram parabéns para ela, inclusive as meninas que foram coagidas a não participarem da surpresa. O professor que estava em sala quis matá-los, mas desistiu após receber o primeiro pedaço de bolo por condolências.

Catarina, menina educada que era, ofereceu bolo para todos, até para aquela que lhe chamou de sonsa. Estava num patamar a cima daquelas meninas que um dia lhes chamaram de amiga, mas que no momento apenas a chicoteavam pelas costas.

Após o bolo acabar, Pedro ajudou-lhe a limpar as coisas para o professor finalmente iniciar sua aula. Saíram os dois para o corredor com a bandeja suja com restos de brigadeiro do bolo de chocolate.

– Modesta a parte, fui eu quem tive a ideia! - Pedro disse enquanto comia o excesso de bolo que ficara na bandeja.

– Fala sério, , não tinha porque se dar esse trabalho todo! - Catarina estava sem graça.

– Claro que tinha! Tu me disse que nunca teve festa surpresa... Além do mais, tu fez vinte anos, temos que comemorar!

– Mas eu tinha te falado do jantar lá em casa, com a minha família.

– Com a tua família de sangue. Com essa daqui, da faculdade, que sempre está contigo, não!

Catarina o abraçou.

– Obrigada, Pê. Muito obrigada mesmo.

– Você é muito importante para mim, Cá... Não sabes o quanto. - Ele retribuiu o abraço e assim ficaram.

– Não quanto você é pra mim.

Estávamos próximos, ligados por algo superior que o físico, sentiam a respiração um do outro. Seus olhos se cruzaram, pareciam conversar apenas por olhares. Se entendiam, se completavam, faziam bem um ao outro.

– Licença. - Um aluno apareceu no corredor e tirou-lhes do transe. Estavam em frente a porta do banheiro, impedindo a passagem do rapaz.

– Pois não. Catarina se desvencilhou dos braços do amigo.

– Bom, vou levar isso para o carro. - Pedro pegou a bandeja e subiu para o estacionamento, enquanto Catarina voltava para a sala.

O resto da manhã correu naturalmente, principalmente entre os dois. A cena na porta do banheiro parecia nunca ter ocorrido. Por sorte ou azar de Catarina, Pedro tinha ido de carro à faculdade, então não ficaram mais sozinhos.

No fim da tarde, Catarina recorreu a Fernanda, sua amiga de longe, mas que sempre estava por perto.

"Candy, você não sabe o que aconteceu hoje!"

Trocavam mensagem via celular.

"Não sei enquanto você não me contar, né?"

"Calma, que a historia é longa!"

"Estou em casa, liga o msn!"

Catarina imediatamente ligou o computador e conectou-se ao MSN.

Candy Vondy diz:

conta tudooooo

Catarina B. diz:

ele fez uma surpresa pra mim hoje!!!

ele e todos os meninos apareceram de supresa

a mãe dele fez o bolo

mas ele jurou de pé juntos que foi ele

DUVIDO

Candy Vondy diz:

além de louco ele faz bolo?

Catarina B. diz:

isso não importa

o que importa é que quase nos beijamos!!!

Candy Vondy diz:

:O

pq quase?

Catarina B. diz:

pq um louco chegou e nos tirou do nosso próprio transe

mas só por isso

Candy Vondy diz:

mas vocês não vão pra casa juntos?

Catarina B. diz:

justo hoje ele foi de carro

por causa do bolo

:'(

Candy Vondy diz:

naum meta os pés pelas mãos

vai dar tudo certo

você vai ver

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