Imprevisíveis

A Lésbica

2010 tinha começado de uma maneira diferente. Catarina chegou a UFMA um pouco emocionada. Mesmo com tantas dificuldades, noites mal dormidas e décimos chorados aos professores, ela tinha chegado à metade do curso. O quinto período se iniciara de maneira diferente. Em poucos meses muitos estágios abririam seletivos e Catarina precisava se preparar e, mesmo que não fosse obrigatório ainda, queria ganhar experiência e conhecer o maravilhoso mundo das leis na prática.

O mais importante, estava na época de se organizar para a formatura. Quem não saiu do curso agora não sairia mais. Catarina adorava organizar festas, então sem dúvidas entrou para a comissão de formatura. Estava disposta a comemorar com os amigos o tempo que estiveram juntos e o que ainda iam passar nos próximos três anos.

Definitivamente Catarina não tinha paciência com amizades femininas. O ano mal tinha começado e todas já a odiavam. Na verdade, Yasmin voltara a atacar. Vinda da turma da noite, Thaís estava tão deslocada quanto Catarina, apesar desta ter a amizade masculina para descontrair na faculdade. Enquanto ainda falava com o grupo das meninas, Catarina ouvia comentários sobre a sexualidade da nova aluna.

– Olha como ela anda. - Uma dizia.

– O andar dela não é nada. Ela fica toda desgrenhada na cadeira.

– Ela penteia o cabelo?

Aqueles comentários foram irritando um pouco Catarina. Ela chegou um dia mais cedo na faculdade e se sentou ao lado da garota, então se apresentou. Conversaram durante a manhã inteira, e no fim desta lhe apresentou para os meninos que já sabiam dos comentários que rolavam entre as garotas, que pareciam ter doze anos e estar ainda na escola.

No dia seguinte, mesmo depois de escutar muitas críticas das amigas, Catarina sentou-se mais um vez perto de Thaís. Algumas meninas, inclusive, ficaram com raiva pois todos os meninos não tiravam os olhos da menina nova, tudo por conta de Catarina. No entanto, haviam duas meninas que eram ignoradas por todas as outras, Marina e Elizabeth tinham brigado com todo mundo e, assim como Catarina, elas fizeram amizade com Thaís. Catarina, por ser ciumenta ao extremo, não curtiu muito a ideia da amiga estar se contrabandeando para o lado delas, pois assim como as outras não gostava delas. Mas sempre que ia para o RU almoçar com os meninos, Catarina levava a garota.

Enquanto sua amizade com Thaís parecia se concretizar, Catarina não estava tão bem com as outras meninas. Sentia que sempre que sempre que lhes procurava para conversar elas eram frias e inclusive encerravam a conversa.

Catarina então percebeu que não adiantava mais se aproximar ou aceitar as desculpas das garotas. Eram frescas demais com suas desconfianças e se sentia mais completa na presença dos garotos.

Consequentemente essa aproximação maior com os meninos fez com que Catarina se sentisse apaixonada novamente.

– Não sei Fernanda... Ele sempre me abraçou, sempre foi carinhoso comigo, mas eu sinto algo... Diferente! - Catarina conversava ao telefone com a amiga de Natal.

– Prin, tem certeza? Poxa, não quero te ver machucada de novo.

– Certeza não... Porque só senti isso uma vez, mas é isso que vou... - Ela pensou na palavra certa. - Investigar!