Eu quero só você

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Catarina chegou ao prédio de Pedro e buzinou, mas o rapaz já o esperava na portaria.

– Garoto obediente. - Ela riu quando ele entrou no carro.

– Não. Eu só queria fugir da bomba que está prestes a explodir lá em cima.

– O que houve? - Catarina preocupou-se.

– Minha mãe acabou de chegar. - Ele estava sério.

Catarina suspirou.

– O que houve dessa vez?

– O mesmo de sempre! - Pedro gritou, assustando a garota. Percebeu sua agressividade e disse para dentro, mas Catarina conseguia ouvi-lo. - Faz três dias que cuido da Pri, meu padrasto sai pra trabalhar o dia inteiro e não tem quem fique com a menina. - Catarina ouvia atentamente, enquanto dirigia para lugar nenhum. - E antes que você pergunte pela minha mãe, se essa não é a função dela eu te respondo: ela saiu desde sábado, dizendo que ia para a casa da minha avó. Mas a casa da minha avó foi o único lugar que ela não apareceu. - Pedro parou de falar e segurou o choro. - Ela diz que não, mas eu acredito que ela está traindo meu padrasto. O que leva uma mulher casada a passar três dias fora sem atender o telefone ou avisar onde está?

Já estavam na avenida e Catarina parou o carro no estacionamento de uma padaria, o único local que tinha vaga para que ela parasse e confortasse o amigo. O puxou para si e lhe abraçou. Ele confortou sua cabeça no ombro dela.

– Desculpa. - Então começou a chorar.

– Não tem porquê se explicar! - Ela cariciava os compridos cabelos do amigo.

– Sabe o que é pior? Sobra tudo pra mim! Sou eu que tenho que parar de estudar pra dar banho na Priscilla, ou levantar de cinco em cinco minutos pra ter a certeza de que a garota não está aprontando nada. - Ele saiu do abraço e se encostou na porta do carro. - Além disso ainda tenho que ouvir as reclamações do meu padrasto: 'Tudo isso é culpa da sua mãe'. 'Se sua mãe tivesse em casa você não precisava se ocupar com a Pri'. Eu sei que ela tem culpa! Mas eu preciso ouvir as broncas dela? - Ele ignorava as lágrimas que inundavam seu rosto.

– Pepeu... Eu sei que você não precisa ouvir as broncas dela. Mas todos nós sabemos que o seu padrasto está chateado. Ele é homem, ele é frio e essa é a forma dele demonstrar o amor que sente pela sua mãe. - Ela fez um carinho no rosto do rapaz, limpando discretamente as suas lágrimas.

–Você disse que a gente ia sair... - Ele esperou uma resposta dela, mesmo não tendo feito nenhuma pergunta explicitamente.

– Quer comer alguma coisa? - Ela disse meio desinteressada.

Ele olhou para além dos vidros do carro e percebeu onde estavam.

– Bondiboca*? - Ele sorriu com uma felicidade tremenda e ela revirou os olhos, pois não suportava comer por lá.

– O que eu não faço por você? - Deu partida no carro.

– Nada. - Ele sorriu e se aproximou para beijar sua bochecha, mas ela virou o rosto em sua direção fazendo com o que o lábio dos dois se encontrassem.

O clima ficou estranho no carro. Catarina continuou a dirigir pelo trajeto programado e quando chegaram na lanchonete o clima frio continuara.

– Você convidou para comer e não vai comer nada? - Ele perguntou enquanto procurava algo no cardápio.

– Só estou realizando o pedido de uma criança mimada! - Ela deu de ombros e ele se ofendeu, dando um murrinho no braço da garota.

– Você sabe que aquilo foi um acidente né? - Ele perguntou observando-a, que procurava algo no cardápio, um tanto desinteressada.

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