A Escada

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Após o jantar realizado em sua casa, com os parentes mais próximos, Catarina jogou-se exausta em sua cama, era uma quinta feira, não podia se dar ao luxo de faltar a aula do dia seguinte. Despertando-lhe do cansaço, Pedro lhe ligou.

- Como foi a festa? - Ele tinha a voz calma e serena, aparentava estar deitado.

- Cansativa... Minha mãe acabou chamando mais gente do que eu esperava, então enquanto ela ficava na cozinha administrando a comida, eu tive que dar atenção aos convidados.

- Não era só sua família?

- Teoricamente. Se eu soubesse que ela tinha convidado outras pessoas eu tinha te chamado. - Ela tentava se desculpar.

- Não se preocupe. De manhã já valeu por isso.

Ficaram em silêncio, Catarina relembrava o que tinha acontecido entre os dois e o clima que se formara.

Pedro retomou a conversa.

- Cat... Nós chamamos as meninas, juro que chamamos, diversas vezes. E não foi só eu! Paulo tentou convencê-las de todas as formas possíveis. Mas... - Ele parou e relembrou o que o amigo lhe disse.

- Mas...? - Ela queria saber o resto da história.

- Nada não, esquece! - Ele a cortou subitamente e também evitou os pensamentos.

- Fala! - Ela lhe pressionou.

- Falaram que estávamos fazendo isso por interesse... - Ele tentava evitar ao máximo a verdade. - Que você era a nossa puta oficial, que após tirarmos dúvidas você nos pagava boquete. - Ele ia diminuindo o tom de voz, talvez para evitar que a amiga ouvisse aquelas barbaridades.

- Pedro... - Ela tentava brigar contra o choro, mas a tristeza em sua voz era irreconhecível. - Eu sei que elas falam mal de mim, e não é de hoje.

- Eu não queria dar esse gosto a elas, até insisti para que desistíssemos da ideia, mas Diego disse que se o fizéssemos íamos concordar com as mentiras daquelas garotas. - Nada ouvia do outro lado da linha. - Eu só queria te proteger...

- Não imaginei que era tão sério. - Ela estava magoada e era óbvio.

- Por isso não queria te falar. Mas fui burro. Falo demais. - Ele se culpava e ela a interrompeu.

- Pedro. Para ta? - Ela ouviu ele engolir. - Preciso dormir, se não se importa...

- De forma alguma. Boa noite. - Ele se preparava para desligar. - Até amanhã, durma com os anjos. Não encane com isso, está bem?

- Uhum. Boa noite. - Ela foi mais seca.

Se não fosse o cansaço do dia passaria horas repassando a conversa que teve com ele e todas as fofocas a seu respeito.

A semana passou rapidamente, estavam no fim do mês de Maio. Então Paola, uma das garotas da turma que não tinha nada contra Catarina, chamou os amigos para o aniversário surpresa da irmã mais nova. Ingrid não estudava na faculdade Federal, mas sempre saía com os amigos da irmã e, assim como Catarina, eles a adoravam. Inclusive Catarina sentia ciúmes dela por ser tão bonita, mesmo com seus 18 anos se aproximando. 

O aniversário seria no dia 17 de Junho, na casa das meninas. Estava marcado para todos estarem as 19 horas no apartamento onde elas moravam com seus pais.

Catarina chegara sozinha ao prédio de pouco mais de quatro andares. Foi recebida pela mãe das garotas, que fora colega de turma de sua mãe, com alegria em estar no recinto. Ela lhe indicou o quarto das meninas, onde se encontrava Paola, Diego e Paulo. 

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