Capítulo 4

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O vestido preto básico que coloquei só seria realmente básico se não fosse o decote em forma de V entre meus seios. As mangas longas e o cumprimento comportado enganavam quem não via o super decote. Os cachos deixei cair soltos pelas costas e uma super sandália de tiras fazia sua magia nas minhas pernas e na minha pouco estatura. Após esfumar o olho com uma sombra chumbo finalizei a maquiagem com um batom rosa bem clarinho. Borrifei meu perfume preferido e sai em direção a uma noite regada a muito vinho e conversa jogada fora com Flavia e Juliana.

A noite estava com o clima agradável e fresco. O Bistrô do Chef se encontrava num bairro residencial. O restaurante era situado numa antiga casa que mantinha suas linhas em estilo rococó. Na parte lateral havia um quintal iluminado com pequenas luzes amarelas que deixavam o ambiente a meia-luz. As mesas eram de madeira de demolição e a decoração era rústica e simples. Era lindo a noite, e sempre falei com Pedro que se um dia nos casássemos realmente, gostaria que a cerimônia fosse naquele quintal com flores do campo nas janelas. Enquanto aguardávamos Juliana chegar contei tudo que estava acontecendo em minha vida para Flavia. Ela me encarava perplexa enquanto derramava todos os sentimentos confusos que estavam me atormentando. Antes de qualquer conselho, Juliana chegou adiando o fim da conversa.

A noite seguiu seu ritmo ditado por risadas e histórias engraçadas que compartilhamos em anos de amizade. Após a segunda garrafa de vinho, já não tínhamos mais limite do volume que ríamos. Adorava sair com minhas amigas. Conhecemos na época do colégio e nunca nos desgrudamos por uma longa temporada. Enquanto analisávamos a carta de vinhos em busca da terceira garrafa o garçom chegou a nossa mesa com um bilhete nas mãos.

- Com licença. Para a senhorita.

- Para mim? falei alto demais.

- Amiga, tá podendo hein? Comentou Juliana sorrindo para mim.

Peguei o papel das mãos do senhor que estava ao meu lado revirando os olhos para as duas.

"O lugar realmente é lindo. A carta de vinhos é mesmo fenomenal. Só estou sentindo falta da melhor companhia do lugar"

O leve ar de bêbada se dissipou no momento em que acabei de ler o bilhete. Levantei a cabeça com olhos esbugalhados e procurei pelo lugar onde estaria Luigi.

- Que foi amiga? Parece que viu um fantasma. O sorriso morreu nos lábios de Juliana.

- Quase isso Ju.

- Está me assustando Mari. Quem mandou o bilhete? Disse Flávia já procurando também através das mesas.

- Ou estou louca e bêbada, ou acho que foi "ele".

- Quem é ele? Perguntou Ju sem saber de nada.

- Ele? Ele, Ele? disse Flavia já toda empolgada batendo as mãos unidas.

- Acho que sim. Afirmei sem convicção.

- O que você vai fazer agora? Onde ele está?

- Não sei. Tenho que confessar que ao mesmo tempo em que quero correr dele, quero ir ao seu encontro para tentar entender o que ele viu em mim. Sussurrei para minha amiga

- Gente, vocês duas estão me matando aqui. Podia dar uma dica pelo menos? Você está traindo Pedro, Marília? É isso? Essa última pergunta Juliana fez baixinho, olhando para os lados, preocupada se algum conhecido pudesse ouvir.

- Não Ju. Não dessa forma. Disse triste em pensar que em meus pensamentos já tinha traído Pedro de mil formas diferentes.

Flávia já estava abanando a mão para o garçom que tinha trago o bilhete.

- Só tem um jeito de descobrir se é ele. E, se realmente for, eu e Ju estamos indo embora para você resolver esse "probleminha". E no caminho te explico tudo ok? Disse Flávia em direção a Ju.

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