O Despertar

Capítulo 13

Um grande espelho estava posicionado a esquerda da porta, com uma bancada enorme de mármore coberta com produtos de beleza e maquiagem. O reflexo de Luigi estava lá. Ao fundo da sala e de costas para o grande espelho, impedindo que ele me visse de onde estava. A mulher loira que estava a sua frente estava muito perto de seu corpo. Ele estava relaxado e rindo de alguma coisa que ela tinha dito. Os dois pareciam íntimos demais.

- Não me venha com essa Lui, vai me dizer que não sentiu minha falta?

Ela se derramava sobre ele com mãos bem que acariciavam seu ombro. Ele deu um passo para trás, mas continuou a sorrir e responder ao flerte dela.

- Então, faz mesmo algum tempo que não nos encontramos Gabi. Como estão as coisas com você?

- Solitárias meu lindo. Por que você não ligou mais? Senti muito sua falta. Já faz o que? Quase 1 ano que não nos encontramos de uma forma mais... íntima, vamos dizer assim.

Sua voz era quase melosa demais, e ela foi com sua mão entre as pernas de Luigi.

- Sempre nos divertimos tanto. E não adianta negar. Na cama sempre fomos imbatíveis. A química que produzimos juntos é quase tão grande quanto uma bomba atômica.

Mais uma vez Luigi recuou. Retirou as mãos atrevida de suas partes e sorriu para a ousadia da mulher enquanto balançou a cabeça.

Não podia mais respirar aquele ar. O peso se instalou em meus pulmões como uma laje de duas toneladas caída dos escombros de um prédio demolido. Era dolorido, era demais. Virei para a porta ainda meio aberta e sai daquela sala batendo-a atrás de mim.

Não enxergava nada a minha frente além das indicações de saída. Minhas sandálias altas dificultavam minha caminhada insana que saia desregulada pelos meus passos vacilantes. Lágrimas já nublavam meus olhos dificultando ainda mais meu desejo de sair dali.

Só percebi que Luigi estava atrás de mim quando ele alcançou meu antebraço com força o suficiente para me parar e virar para ele.

- Marília, meu amor, onde você vai? Eu realmente posso explicar o que estava acontecendo.

- Explicar? O que? Que vocês estavam flertando tão facilmente que nem repararam minha entrada naquela sala? Não precisa de explicação para o que os olhos viram.

- Explicar que eu estava sendo educado com uma amiga que não via há algum tempo. Não fiz nada que desrespeitasse nosso relacionamento.

Chorava já sem pudor das pessoas que passavam por mim. Por mais que eu amasse Luigi, toda essa rotina de flertes, fãs, ex-periguetes, iria me deixar louca. Soltei as mãos de Luigi daquele agarre forte e sem dizer mais nada me virei para a saída que já estava a minha frente. Esse homem poderia fazer qualquer coisa para mim, e no final eu estaria mais destruída do que nunca estive em toda minha história.

Precisava me afastar dele, daquela presença tão intensa que faria com que eu pulasse de um prédio sem pensar.

Consegui um táxi e fui para o hotel. No quarto que estava antes recolhi rapidamente minhas coisas, porque poderia apostar que Luigi logo estaria ali, e só deixei uma nota dizendo que eu precisava respirar. Consegui um quarto no mesmo prédio e fiz o recepcionista jurar que não falaria para ninguém onde eu estava.

Estava exausta demais para pensar em algo melhor. Arrestei pelo quarto infinitamente pequeno comparado a nossa suíte e me joguei na cama. Permiti chorar tudo que eu queria, até meus olhos ficarem inchados e meu nariz muito vermelho. Depois de nem sei quanto tempo me levantei e resgatei a bolsa abandonada no chão ao lado da porta.

Meu telefone tinha mais de 20 ligações de Luigi e inúmeras mensagens desesperadas querendo saber onde estava. Mais algumas ligações de Flávia e Ju. Ele com certeza já tinha alcançado minhas fiéis escudeiras. Resolvi ligar para Flávia. Uma conversa de meninas era tudo que eu precisava nesse momento.