O sonho

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Escrito nessas paredes estão as histórias

Que eu não consigo explicar

Deixo o meu coração aberto

Mas ele fica bem aqui, vazio por dias

-Story of my life

Começo a andar pelo escuro corredor de pedras. Porém, meu vestido prende-se e tento soltar, quando ouço um som diferente. Um grito de desespero, de angústia.

Resolvo seguir na mesma direção, me deparando com uma porta. Ela está entreaberta, e uma luz fraca está acesa em seu interior. Outro grito é ouvido, dessa vez mais alto, por causa da minha proximidade do aposento. Assunto-me, mas resolvo bater na porta. Afinal de contas eu era uma boa serva, que sempre ajudava seus patrões. Mas de quem era esse quarto? Era afastado, mas a essa hora havia gente. Horário em que somente a família real e seus convidados dormiam.

Ouvi novamente um grito, preocupada dei três toques na porta...

-Acorda Helena, você vai perder o voo, filha - Minha mãe sacode-me, fazendo-me sair meu sonho.

-Que horas são? - Pergunto levantando da cama.

-Dez horas da manhã, seu voo saí as duas horas, e tem que estar no aeroporto uma hora antes - Ela segura minha ultima bolsa que havia arrumado antes de deitar - Ainda tem que se despedir de seu pai.

-Eu não quero ir para a casa dele, muito menos que ela me leve ao aeroporto - Falei me jogando na cama novamente, irritada. Só de pensar na possibilidade de passar mais de cinco minutos com a mulher do meu pai, já me irritava.

-Ela preparou um almoço especialmente para sua despedida, além de seus avós estarem lá também - Ela me puxou pelo braço - Eu tenho que te levar logo, filha.

-Você vai no aeroporto se despedir de mim, não vai? - Perguntei fazendo cara de choro, o que arrancou um sorriso dela.

-Você acha que eu iria deixar ela se despedir, e eu não iria? - Ela me jogou um conjunto de roupas - Esteja lá embaixo em dez minutos. Eu e Jorge te esperamos.

Ela sai do quarto e volto a me deitar, pensando no meu almoço de algumas horas. Não gostava da Flávia, e nunca iria gostar. Diferente do Jorge, noivo de minha mãe, que sempre era simpático comigo, ela era antipática e chata, sempre me colocando em segundo lugar. Porém em algumas horas, ficaria livre de tudo.

Havia sido aceita na melhor faculdade de Windsor. Ate agora me lembro do dia em que minha mãe e Jorge me acordaram gritando e cantando musicas inglesas. Por isso que gostava do Jorge, ele era como um pai, diferente de Flávia, que me daria, no máximo, um simples abraço.

Tirei-a de meus pensamentos e me levantei para terminar de me arrumar. Independente de almoço, nada estragaria meu dia. Nem mesmo meu sonho, um sonho que se repetia como uma novela em minha mente. Há alguns dias sonhava com a mesma coisa, o mesmo lugar, os mesmo pensamentos. Pareciam tão meus, mas ao menos tempo tão distantes. Aqueles gritos. Aquela porta. Quem estaria ali dentro? Será que precisava de ajuda?

Balancei a cabeça, irritada comigo mesmo. Agora, além de sempre estar no mundo dos livros, iria ficar me preocupando com personagens de sonhos? Levantei e fui ao banheiro, antes que minha cabeça resolvesse se aventurar por mais algum lugar.

Curse of lifeOnde histórias criam vida. Descubra agora