A gêmea do mal

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Os gêmeos univitelinos são tão ligados entre si que mesmo separados no nascimento, quando se encontram décadas após, percebem que tem vidas quase semelhantes devido a sua [1]ligação telepática, [2]psicométrica e de alma, mas e se um odeia o outro?

Maria e Carolina eram não só gêmeas idênticas que se pareciam e pensavam de modo quase idêntico, para Maria era pior do que isso, pois sentia tudo que sua irmã vivia e pensava, a outra não, ao menos era o que imaginava. Assim, a sua vida era um fardo duplo e tinha que aprender a controlar essa parte nociva em sua mente, para preservar não só sua serenidade bem como sua alma e individualidade. Graças a esta interação mental, que se refletia em seu corpo, ela passou a ter ódio mortal da irmã, e em seu interior o que mais desejava era a morte dela, para que realmente pudesse viver sua vida.

Enquanto eram crianças as coisas ainda se suportavam, mas à medida que se tornaram adolescentes e depois mulheres, o calvário de Maria passou a ser arrebatador. Sua irmã tinha o péssimo habito de se apaixonar por homens em média 20 anos mais velhos que ela, e ainda casados ou com outras mulheres, ao passo que Maria gostava de rapazes de sua idade com um ou dois anos a mais, o que lhe dava estabilidade emocional e sexual.

Já Carolina fazia dos amores a esses homens que usavam e abusavam de seu corpo um calvário de dor e lamentos, vivia em depressão e crises de choro por eles, o que refletia simbioticamente na irmã com uma intensidade gigantesca, mas que, a muito custo e força espiritual, ela guardava em si, e só entrava em prantos no banho ou só, em seu quarto.

Pior era quando tinha que sair com Carolina em alguma festa ou encontro dela acompanhada de seus respectivos pares e os olhares lascivos dos homens dela para si mesma e irmã. Decidiu que por enquanto não deveria mais ter namorados até poder sair desse destino inglório. Numa dessas saídas acompanhando-a, percebeu o obvio novamente, o namorado dela estava de olho e desejando ambas...

Coisa de homens e suas taras, mas o simples fato de ver aquele cara mais velho e asqueroso ao lado de sua irmã e os prazeres a distância involuntários que sentiria ao final da noite oriundos da relação dela com ele, a encheriam de um ódio maior ainda. Na verdade estava agora tendo também outro sentimento secreto por Carolina, ciúme, terrível e devastador. Não a queria com aqueles lixos e sim próxima dela porque assim podia controlar suas escolhas e sofrer menos.

Foi seguindo essa linha que ela conseguiu arrumar-lhe um homem decente e lhe dar um casamento e talvez mais tarde filhos, uma família. Assim ela teve, a partir dos 25 anos, um pouco da paz que sempre sonhara, pena que por pouco tempo. Mas a sua irmã não se contentou com uma vida normal e familiar, em pouco tempo passou a ter uma vida secreta e trair seu marido com seus antigos namorados, vivia de novo seu calvário, contando as horas pra pular a cerca assim que John fosse viajar a trabalho.

O problema não era mais sua gêmea, e sim os desgraçados que destruíram sua paz. Como era policial, decidiu resolver o caso deles de forma definitiva. Com acesso aos computadores da policia, descobriu o endereço deles devido seu dom com a irmã, e se fazendo passar por Carolina, já que sabia tudo dela e deles, até o lado sexual e prazeres, ela marca encontro com todos. Diz a eles que sua tara agora é transar nos grande lagos da florida.

Loucos por ela, eles vão, e lá, ela os desmaia com uma arma de choque portátil, depois os mata ao lhes amarrar com fita crepe e bloquear seu nariz e boca; sem poder respirar, a morte era certa. Em seguida, ela os joga no lago, onde os crocodilos fazem farta refeição. E como ela os havia pegado em seu carro, não havia nada que ali que denotaria o crime...

Em poucas semanas havia matado todos os trastes que as perseguiram por anos. Mas percebeu uma súbita mudança na irmã, ela estava feliz com o casamento e sem nenhum vestígio de dor, apenas de vez em quando um aperto no coração. As noites de sexo de Carolina eram agora tão intensas que ela vivia e sentia tais prazeres com tanta intensidade que acabou se apaixonando pelo marido dela. Mas sabia que não deveria jamais pensar tal coisa. Afinal, não era uma mulher muçulmana e nem tão pouco Carolina, embora no psicológico e intimo estivessem em contrario, mas jamais se viu na mesma cama, com o mesmo homem, dividindo o mesmo com a irmã, um orgia a três...

Um dia a irmã a chama para saírem de carro e terem uma conversa intima, porque a bom tempo não faziam isso, Carolina dirige devagar, e ambas estão sem cinto. Mas num dado momento ela imperceptivelmente coloca o seu e acelera o carro o máximo que pode, e depois freia bruscamente, fazendo Maria ser arremessada contra o vidro, quebrando o pescoço.

Em seguida ela tira sua aliança e documentos pessoais seus e coloca na irmã morta, Carolina; quando a policia chega se identifica como Maria, a policial e os socorros são feitos para a 'irmã'... John, o marido fica em prantos pela morte da 'esposa' e o luto dura dias. Pra que ele não se sinta tão só e desiludido, ela o deixa ficar em sua casa, e depois passa a frequentar a casa do 'casal'. Em breve o sentimento dele pela 'outra irmã gêmea' aumenta e eles iniciam o romance, agora mais intenso porque a gêmea teoricamente substituiu a morta...

A união emocional entre elas não era percebida por Carolina, mas depois que casou e se focou mais no marido, aquilo mudou, pois também passou a sentir as coisas que a irmã fazia, e viu a morte de cada um de seus amados, e também o que Maria secretamente desejava dela e com seu marido. Contudo, coexistindo com as pessoas que magoaram seu coração, sua alma, e que sua vida era inglória e vazia. Sabia que só existia um caminho, se matar, ou matar alguém que pudesse dar sentido a uma nova existência; Maria lhe deu todas as razoes de todas, além do mais, agora como policial, e nova identidade, estava livre pra realmente viver sua vida como queria, uma vida intensa e mais interessante, e em breve se casaria de novo, com o mesmo e delicioso marido...

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