Fuga

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Já que você é um diário, nunca teve que pedir desculpas. É uma coisa que dói, mas você vai aliviando e soltando do peito tudo que estava preso. Nem sempre é fácil ou agradável, mas é preciso.

-Pode começar, loirinha. -falou ela- Estou ouvindo.

-A verdade é que... Eu só beijei JP porque... -gaguejei- Eu estava confusa...

-Confusa?! -ela perguntou- Você estava confusa o suficiente para quebrar meu coração?!

-EU ADMITO! -gritei- SÓ FIZ ISSO PORQUE FUI REJEITADA PELO CAMPBELL E NÃO SEI LIDAR COM A REJEIÇÃO! EU AMO ELE? AMO, MAS INFELIZMENTE EU TENHO QUE SENTIR A DOR QUE EU SINTO TODA VEZ QUE OLHO PRA ELE!
As lágrimas começaram a correr pelo meu rosto.

-Eu só queria esquecer ele... Fazer a dor parar... Mas... Não dá... -falei fungando.

Passei Meus dedos pelo meu olho e eles ficaram pretos. Minha maquiagem se borrara.

-Amanda, eu te entendo e te perdôo. Você é a minha melhor amiga ever! Eu nunca poderia ficar sem você pelo resto da minha vida.

Me sentei com dificuldade, minha coluna doía. MC limpou minhas lágrimas com o polegar, o deixando sujo de preto, mas ela parecia não se importar.

-Será que o médico me dá alta? -perguntei.

-Do jeito que você está? Duvido. Porém, eu trouxe alguém para te ver...

Uma alegria e uma esperança pairaram dentro de mim. Será que Ryan veio?!
Ela abriu a porta e JP saiu de lá. Ele veio até à beirada da minha cama e ficou acariciando minha mão cm o polegar.

-Fiquei preocupado, princesa. -ele falou olhando para minha mão- Eu não sei se foi alguma coisa que eu fiz, mas me desculpe.

MC estava lá no canto do quarto só observando tudo, sem uma expressão definida no rosto. Eu teria que pensar bem no que dizer.

-JP, você é o menino mais doce é legal que eu já encontrei. Mas... Você é meu melhor amigo e irmão da minha melhor amiga. Não quero que você entenda mal, mas as coisas podem ficar estranhas e MC vai ficar de vela.

Ele olhou para MC e voltou seu olhar para mim. Fez menção de falar, mas eu continuei:

-Mas o real motivo é que... -respirei fundo tomando coragem. Corri os olhos rapidamente para ver a expressão de MC, que parecia nervosa- eu... Meio que levei um fora recentemente e você não imagina como eu gostava dele. Desde que eu me mudei...

-Ryan Campbell, certo? -ele perguntou.

-Como você sabe? -perguntei.

-Você praticamente gritou "só fiz isso porque fui rejeitada pelo Campbell e não sei lidar com a rejeição" -disse ele.

-Não queria que tivesse recebido a notícia dessa forma... -falei.

Ele foi em direção à porta e, antes de sair, disse:
-Fique sabendo que ele é um idiota por não enxergar o como perfeita você é.

MC levantou uma sobrancelha. Acho que entendia o porquê de ela gostar do meio irmão dela.

-Seu pai foi para sua casa pegar umas coisas suas. -ela falou- Eu vou indo...

-Me leve junto!

-Amanda, você não recebeu alta!

-Ainda bem que estamos no primeiro andar. Eu troco de roupa. Você vai pela recepção e eu pela janela. Eles devem ter lavado minha roupa.

Ela apontou para minhas roupas lavadas encima de uma cadeira.

-Você não está com dor? -perguntou.

-Estou bem -menti.

Troquei a roupa e MC saiu do quarto. Com muita dificuldade, consegui pular a janela. Cai no chão com meu corpo ardendo. Encontrei ela ali perto e fomos embora naturalmente, como se eu não tivesse sido massacrada dentro de um carro. Mesmo assim, aquilo estava fácil demais. Como eu consegui fugir nas minhas condições e não ser pega? Perguntas martelavam na minha cabeça, mas só queria ir para casa. Fomos andando a pé, já que não tínhamos um carro naquele momento. Até que o hospital não ficava tão longe de casa, mas para mim era uma eternidade. Passei por Ryan jogando bola (ele nunca parava) e ele correu para a cerca que dividia nossas casas.

-Amanda, você parece meio mal, o que houve? -ele perguntou.

-Sabe, só a rotina é um acidente de carro, nada demais! -falei com sarcasmo.

-Eu fiz alguma coisa? -perguntou.

-Fez! -falamos MC e eu ao mesmo tempo.

-Então, eu posso conversar com você?

-Estou cansada agora, talvez depois...

Entrei junto com MC e fomos direto para o meu quarto.

-Amanda, eu numa pensei que o Ryan fosse tão estupido assim! -falou ela rindo e fazendo cena- Se quiser, eu te empresto meu meio irmão.

Comecei a rir, mas então me lembrei de nosso cruel destino que eu não sabia ao certo, mas era especial. Nossas vidas não seriam como antes. Se Ryan me amasse seria perigoso para ele, já que eu sou uma mera personagenzinha de livrinhos infantis e ele era uma pessoa normal. Por um minuto eu achei que ser ASSIM era importante, mas eu iria seguir minha vida, embora queira muito conhecer meu tio/ namorado de Clarisse/ Peter Pan.

-Descanse um pouco -falou MC- eu preparo um mingau.

-É só o que você sabe preparar além de pipoca de micro ondas -falei me jogando na cama, esgotada e com os olhos pesando.

-Durma bem, amiga.

Meus olhos se fecharam repentinamente. Eu nem consegui retribuir o "boa noite" que Maria Carmen me dera. Nem meu cérebro parecia progredir mais de tanto cansaço. Afinal, do que eu estava cansada, já que eu tinha ficado "tirando um ronco" no hospital? Dúvidas cruéis. Dúvidas cruéis que eu iria deixar para o dia seguinte. Dúvidas cruéis que teriam que ser respondidas, não por qualquer um.

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Eu e minha amiga Carol_Of_Summer criamos uma Fic nova no user dela (Stockholm Syndrome). Se puder, dê uma conferida!
Ps:Botei elenco pra vcs, bjs.
~isa_boss

Apenas contosOnde histórias criam vida. Descubra agora