ARTHUR

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Sem menos esperar sai de casa sem nem mesmo me arrumar direito. Desci do meu apartamento ainda colocando a camisa e fui para meu carro. Fui em alta velocidade para o hospital em que Paula havia falado, não me importei do faróis, nem nada, só chequei chegar naquela porra de hospital e ver minha mulher. Eu não podia perdê-la logo agora. Não podia. Pelos relatos de Paula, o carro havia fugido, e era muito escuro os vidros, não dava para enxergar lá dentro.

Cheguei no hospital e corri desesperada lá para dentro. Encontrei Paula sentada em um dos sofás chorando discretamente, e quando me viu limpou as lágrimas e se levantou.

- O que aconteceu com ela Paula? Ela está bem?

- Não sei Arthur, o médico ainda não veio aqui para avisar nada. Uma enfermeira disse que ficaria tudo bem com ela, mas não me convenci muito com a palavra dela.

- Preciso vê-la Paula. Conte-me, como tudo aconteceu?

E então ela me contou toda a história. E eu, por incrível que pareça já estava quase chorando quando o médico chegou.

- Acompanhantes de Rebeca Mendes - disse o médico verificando um papel que contém o nome de Rebeca.

- Aqui. - levantamos eu e Paula juntos. - ela esta bem doutor? O que aconteceu com ela ? Posso vê-la ?

- Acalme-se meu senhor, Rebeca está bem. Mas infelizmente ela perdeu o bebê. - não espera o que? Rebeca estava grávida? Como assim? Isso
Explica o enjoo no café. Eu não acreditava no que estava acabando de ouvir. Eu não conseguia acreditar. - ela estava de apenas uma semana e meia, e como o baque foi muito forte, o feto não sobreviveu. Acredito que nem ela sabia ainda da existência de um bebê.

Olhei para Paula e ela estava tão chocada quanto eu. Ela se sentou no sofá chorando, desesperada assim como eu também estava. Eu ia ser pai. Eu ia ter um filho, ia ganhar o fruto de meu amor com Rebeca, mas por causa de um filho da puta irresponsável, perdi isso, perdi uma coisa que mudaria toda a minha vida, perdi uma parte de mim.

- Doutor, posso vê-la, por favor. - disse chegando mais perto.

- Ok rapaz. Mas não poderá ficar muito tempo. Ela ainda está em observação, e precisa de cuidados, não pode ter emoções fortes. - assenti e segui o médico.

Ela estava naquela cama de hospital, machucada e com alguns roxos nos braços, uns arranhões no rosto e mais alguns hematomas pelo corpo. Estava me doendo ver aquilo, de verdade. Eu precisava de Rebeca comigo, e pensar em que teríamos um filho, me deixa ainda mais magoado.

Sentei-me ao meu lado e peguei sua mão, lhe dei um leve beijo e senti uma lágrima escorrer por meu rosto. Estava doendo aqui dentro e eu não conseguia mais suportar isso firme e forte.

- Tudo vai passar meu amor, por favor, fique comigo. Eu te amo. - disse fazendo uma confissão que já deveria ter feito. Eu queria muito que ela pudesse me escutar agora. Eu queria muito que ela estivesse naquele jantar comigo agora, estaríamos todos bem, e eu ainda teria meu filho. Eu ainda seria pai...

Fiquei um bom tempo ali com ela, conversando coisas que até agora, não tive tempo para conversar, e estava me arrependendo amargamente por isso. Fiquei ainda um bom tempo ali perdido em pensamentos, até que sai deles pois o médico chegou. Não queria sair, queria ficar ali, sentindo a presença dela, e tendo a certeza que ela ficaria bem.

- Senhor Arthur, o senhor vai ter que sair, ela precisa de descanso.

- Vocês não tem previsão de quando ela ira acordar?

- Infelizmente não. O impacto foi muito forte, não houve nada de muito grave com ela, mas a qualquer momento ela pode acordar, e acho melhor que ela esteja bem descansada.

Doce desejoOnde histórias criam vida. Descubra agora