Insolente

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Metatron entra na sala de reuniões, seguido por Duma e por uma mulher cuja identidade Duncan e Hazael não faziam ideia. Ele os encara com uma serenidade assustadora. Duma, o pai de Duncan, não tem o mesmo olhar que o rei. Ele está sério demais e seus olhos parecem dois buracos negros. Metatron olha de Duma para Duncan. Os dois têm olhos tão escuros quanto às noites no mundo mundano. E, depois, olha para Hazael.

—Meu rei—diz Anael fazendo reverência a Metatron. —Estes são os infratores que não compareceram no Treinamento. —Anael aponta para Duncan e Hazael que estão sendo segurados pelo outro guarda.

—Meu rei—começa a mulher fazendo reverência a Metatron. Seus cabelos negros estão presos em uma trança grossa de lado e ela está usando um vestido da cor de areia. —Eles são apenas crianças. Deixe-os ir. Eles provavelmente entraram por engano no Palácio...

A mulher é interrompida pelo guarda que está segurando Duncan e Hazael.

—Esses dois invadiram a biblioteca e tentaram roubar o livro de capa preta!—ele diz exaltado demais para um mero guarda. —Tentaram roubar algo importantíssimo do Palácio e você acha que eles entraram por engano aqui?!

—Já chega!—grita Metatron olhando de soslaio para o guarda e a mulher. —Gabriel sua declaração é muito grave e se ela for verdadeira terei de punir os dois jovens. E quanto a você Sophia, guarde suas palavras de sabedoria para ensinar aos seus filhos.

—Mil perdões meu rei. —desculpa-se Sophia.

O guarda que Metatron chamou de Gabriel não se desculpa como Sophia, ele fica parado apenas encarando a todos os presentes na sala de reuniões.

Duma se aproxima do rei e sussurra algo em seu ouvido. Metatron assente a tudo o que ele está dizendo, como se Duma fosse sua consciência falando.

—Anael, por favor, se retire com Gabriel e Sophia. —diz Metatron novamente com uma serenidade estampada em sua face. —Preciso de um minuto com os dois jovens.

—Mas e quanto a Duma?—pergunta Gabriel, insolentemente. —Ele também deve se retirar.

O rei o encara com o cenho franzido. Como ele ousava falar de tal maneira com Metatron, o líder dos líderes?

—Está me desafiando Gabriel?—replica Metatron, aproximando-se dele, lentamente. Gabriel fica imóvel. —Está subestimando uma de minhas ordens?

—Não mesmo meu senhor. —responde Gabriel, vacilante.

Com apenas um gesto de mão Anael se retira junto com Sophia e Gabriel.


—Creio que vocês tem um minuto para se explicarem. —salientou Metatron fitando Duncan e Hazael. Duma era como a sombra de Metatron e só falaria se o rei achasse necessário.

Os dois garotos se entre olharam e depois encararam o rei.

—Meu senhor—começou Duncan, reverenciando Metatron como de costume. —Peço que tenha piedade de nós. Nossa curiosidade nos fez reféns da intromissão no Palácio e nos colocou nesse desagradável encontro.

Duncan era bom com as palavras, Duma sabia bem disso, mas nem as mais belas palavras iriam salva-lo de ser castigado e Duma temia por isso. Metatron fez com que Duncan se calasse apenas com um gesto de mão. Ele encarou Hazael que parecia não se importar nem um pouco com o que iria lhe acontecer.

—Duma creio que como pai você saberá muito bem castigar o seu filho. —Metatron tinha os olhos postos em Hazael e Duncan, mas falava com o seu braço direito, Duma. —Os dois estão dispensados. Mas lembre-se garoto: não cometa esse erro novamente, pois não terá uma segunda chance.

Duncan saiu seguido do seu pai, deixando seu amigo Hazael para trás com Metatron. Ele temia que algo muito ruim acontecesse com Hazael e que ele não pudesse ajuda-lo de algum modo, mas o máximo que poderia fazer naquele momento era obedecer ao rei ou as coisas se complicariam ainda mais.


—Sabe Hazael, você me lembra de seu pai. —iniciou Metatron andando em círculos na sala de reuniões. —Você pensa como ele. É exatamente com ele fisicamente também.

—O que quer dizer com isso?—indaga Hazael, falando com Metatron como se ele fosse só mais um guarda qualquer. —O que sabe sobre o meu pai?

Metatron para.

—Seu tudo sobre o seu pai Hazael. —responde com uma tranquilidade espantosa. —Mas não estamos aqui para falar do seu pai e sim de você. Anael me contou que essa não é a primeira confusão em que se mete; o que tem a dizer em sua defesa?

Hazael gargalha. Ele realmente não tinha medo do perigo.

—O que está tentando fazer comigo "rei" Metatron?—questiona Hazael, mantendo um sorriso cético nos lábios. —Está tentando fazer um de seus joguinhos? Terá que ser melhor que isso. Não sou como Duncan ou o pai dele que você consegue manipular como se fossem marionetes.

—Está me ameaçando?—inquiriu Metatron semicerrando os olhos.

—Entenda como quiser. Você manipula a todos, mas não ousa contar-lhes o que seu querido filho fez de tão errado não é? Por quê?

Metatron perde o controle e segura Hazael pela gola de sua camiseta creme.

—Não ouse nunca mais mencionar o nome do meu filho seu insolente!

Hazael continua gargalhando como se aquilo fosse uma piada.

—Seu filho era tão fraco que não resistiu não é mesmo?—provocou Hazael. —Você não conseguiu manipula-lo como os outros e então o matou. Que belo pai você era não é mesmo Metatron?

Metatron lança Hazael em um dos lados da sala e ele bate fortemente com a cabeça na parede e desmaia.

—Guardas!—chama o rei com a voz rouca. —Guardas! Guardas!

Anael aparece ofegante na porta e olha de Metatron para Hazael que está caído no chão.

—O que... —diz confuso se aproximando do seu líder. —O que aconteceu aqui meu senhor?

—Leve esse traidor embora daqui. —ordena Metatron se recompondo. —Leve-o para a Fallen Florest e mate-o. Agora!

Anael pega Hazael e o coloca em cima de um de seus ombros e o leva para fora da sala de reuniões. Metatron analisa o recinto e logo depois sai trancando a porta.

A Rainha dos CaídosOnde histórias criam vida. Descubra agora