Fogo e água

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Capítulo 22

Duncan se levantou, relutantemente. Quem poderia ser a uma hora daquelas? Ele andou até a porta, a pessoa do outro lado batendo impacientemente. Quando a abriu mais espanto.

─O que está fazendo aqui a uma hora dessas?─quis saber ele, olhando com as sobrancelhas franzidas para a garota parada à sua frente.

A jovem se encolheu dando de ombros.

─Não consigo dormir. ─respondeu Mya, dando um sorriso tímido de lado. ─Então pensei que você poderia me contar uma história...

Duncan a encarou, confuso.

─Você quer que eu lhe conte uma história?─repetiu ele, pensativo; uma ruguinha se formando entre as sobrancelhas. ─Acho que você já é bem grandinha pra esse tipo de coisa.

Ela revirou os olhos.

─É claro que estou grandinha pra esse tipo de história que você está pensando!─disse ela, irritadiça. ─Quero que me conte a história do seu povo. Ou que tal um passeio pela cidade?

Duncan percebe uma luz irradiar dos olhos dela ao pronunciar as últimas palavras. Rapidamente a imagem dele e Hazael na biblioteca do palácio passa por sua mente. Eles poderiam até mesmo se igualar em nível de curiosidade, mas Duncan estava cansado demais para contar a ela uma história.

─Não. ─disse ele tentando não soar muito grosseiro. ─Está tarde; preciso descansar e você também. É melhor voltar para o seu quarto e tentar dormir. O dia vai ser longo amanhã.

Mya entrelaçou as mãos, cabisbaixa.

─Tudo bem. ─falou ela. ─Se você não quer me falar mais do seu povo acho que terei que descobrir sozinha. ─um olhar travesso se formou no rosto dela e Duncan sabia o que aquilo queria dizer. ─Até mais.

Ela começou a andar, mas Duncan a agarrou pelo braço, impedindo-a de prosseguir.

─Tudo bem, você ganhou. ─rende-se ele. Um sorriso enorme se forma nos lábios da garota. ─Mas tem que prometer que não vamos demorar muito.

─Sabe, começo a achar que estou prometendo coisas demais a você. ─fala Mya, brincalhona.

Duncan solta uma gargalhada curta e rápida enquanto os dois se direcionam para as escadas.


Claire mal se lembra do momento em que desistiu de implorar para sair daquele quarto. O cansaço a dominou mais rápido do que ela mesma esperava e quando percebeu já estava deitada na cama, os olhos se fechando.

Alguém gritava seu nome. Dentro da casa, à sua frente, Claire escutava uma voz a chamando. Uma voz feminina agradável e gentil que ela conhecia muito bem. Sua mãe.

─Claire!─continuava a chamar sua mãe de dentro da casa. ─Venha para dentro, iremos abrir os presentes, querida!─estava frio do lado de fora e ela percebera a neve apenas quando um floco a atingiu no nariz. Era Natal. Seus avós adoravam o Natal e contar histórias. A hsitória preferida de Claire era a de uma mulher humana e de um anjo que se apaixonaram perdidamente não medindo limites. Sua avó já havia lhe contado milhares de vezes, mas ela sempre contava no Natal e Claire nunca se cansava de ouvi-la novamente.

Um, dois passos. A porta estava entre aberta e ela conseguia enxergar a grande árvore que seu pai comprara, enfeitada com luzes brilhantes, fitas de cetim e penduricalhos. A sala estava com decoração de Natal e sua avó estava sentada em uma poltrona contando a história preferida da neta para seus primos.

A Rainha dos CaídosOnde histórias criam vida. Descubra agora