Port Falls

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Claire

O FIM DE SEMANA ESTÁ QUASE CHEGANDO. Mas hoje ainda é sexta e preciso me levantar e ir pra aula.

O despertador toca. Uma, duas, três, quatro vezes e não faço o mínimo esforço para desliga-lo. Viro-me para o outro lado, tapando a cabeça e tento dormir novamente.

—Hora de levantar Claire—fala minha mãe abrindo a porta do quarto e, logo depois, as cortinas da janela. Eu finjo que não estou acordada e continuo deitada. —Claire! Você prometeu melhorar na escola, então se levante logo!

Droga, porque prometi isso a ela? Ficar em casa ontem, devido à advertência que tomei, foi o melhor dia de toda a semana. Dormi até tarde, almocei panquecas e curti a minha família.

—Ok mãe você venceu.

Levanto-me lentamente da cama, me espreguiçando e bocejando. Mamãe saiu para, provavelmente, fazer o café da manhã. Procuro algumas peças de roupa no meu armário e depois de pega-las sigo para o banheiro. Tomo um banho rápido, pois já estou um pouco atrasada, e me visto, prendendo o cabelo em um coque desarrumado.

—Vai se atrasar pra aula assim Claire. —comenta minha mãe, enquanto entro na cozinha e bebo um copo de suco em uma sentada. —Quer que eu peça pro seu pai levar você?

Balanço a cabeça em negativa e coloco o copo na pia.

—Vou de carona. —digo dando-lhe um beijo na bochecha direita. —Tedd vem me pegar.


—Você demorou Claire. —avisa Tedd, com um tom de aborrecimento na voz. Seu topete está cheio de gel para cabelo pelo que consegui notar. Meu amigo desde a oitava série, Tedd, não sabe mentir. E eu agradeço muito por isso, pois não suporto pessoas mentirosas. —Pelo visto você teve aquele pesadelo novamente não é?

Sua moto, uma Harley Davidson prateada que era de dar inveja a qualquer um, estava parada bem na minha calçada. Tedd vestia uma camiseta gola v preta e calças jeans surradas da mesma cor da camiseta.

—Você é mesmo o melhor amigo que eu podia ter. —falo sorrindo, com certa ironia na voz. —Me conhece tão bem. Por isso que eu te amo.

Tedd me entrega um dos capacetes que segura nas mãos.

—Você é mesmo uma chantagista Daves.

Solto uma gargalhada enquanto ele sobe na moto. Ponho o capacete e subo atrás dele, me segurando em sua cintura.

—Aprendi com você. —replico, levantando as sobrancelhas e sorrindo. —Agora dirige. Já estamos atrasados.

Ele dá a partida e o motor da Harley ronca forte.

—Você me deve um encontro. —ele rebate. —E que seja com uma garota legal. A última garota que você escolheu quase me deixou cego com o brilho do aparelho.

Não consegui me segurar e ri novamente.


O colégio Port Falls estava completamente coberto por folhas que haviam caído das árvores. Eram de diversas cores diferentes e eu achava aquilo lindo. Tedd estacionou a sua moto na primeira vaga do estacionamento, pois era a única vazia.

—Detesto a Port Falls—comento comigo mesma, mas Tedd acaba escutando.

—Por quê? Quero dizer, por que você odeia a escola Claire?

Suspiro, melancólica. Tedd não entenderia nem em um milhão de anos. Eu não era "igual" as outras pessoas da minha idade. Eu tinha uma tatuagem de pena no pulso esquerdo. Era comum, adolescentes terem tatuagens na minha idade, mas eu havia nascido com ela.

—Deixa pra lá—respondi enquanto entravamos no corredor para ir para nossas salas. Infelizmente Tedd e eu não éramos colegas de turma. —Eu só estou um pouco cansada. Como você mesmo disse Tedd, eu tive aquele "pesadelo" novamente.

Ficamos em silêncio por um curto período de tempo. Ao dobrarmos o corredor na direita, Tedd decide quebrar esse silêncio.

—Aí vem à irmã do entregador de água mineral.

Seu tom de desdém era tão notável que não me contive e soquei o seu ombro com toda a minha força.

—Ai!—ele resmunga massageando o ombro. —Por que você me bateu? Que droga Claire!

Sorri para ele. Que bom que doeu, pensei.

—Ela tem nome Tedd. —respondi secamente. —Você às vezes age com um idiota sabia?

A garota de que Tedd falava era Jen Willians. Éramos colegas, mas nunca soube que ela era irmã do garoto que entrega água mineral. Jen deveria ter a minha idade, 18.

Tedd e eu nos despedimos quando chegamos ao corredor onde eram nossas salas.

A Rainha dos CaídosOnde histórias criam vida. Descubra agora