A Rainha dos Caídos

A cadeira real

Capítulo 21

E lá estava. O rei dos anjos, em toda a sua glória, exatamente como Mya o imaginou. Ela ficou muito impressionada com ele: pele bronzeada, uma barba branca como as nuvens do céu e olhos cor de mel. As vestes dele eram simples e pouco enfeitadas, compondo um traje que lembrava muito um príncipe da Era Medieval. O rei os analisou, de braços cruzados, com fria serenidade. Duncan reverencoiu o rei graciosamente e Mya imediatamente fez o mesmo, seguida por Tedd e Spencer. Jen demorou um pouco para ceder aquilo e, então reverenciou o rei.

─Meu rei─disse Duncan de forma calma e mecânica. Mya se perguntava quantas vezes ele já passara por saudações iguais aquela. O rei, com toda a sua majestosidade direciona-se até uma das cadeiras do recinto e senta-se. ─Estes são os jovens de quem lhe falei.

Metatron assente, encarando de cenho franzido os rostos dos adolescentes a sua frente.

─Você─diz Metatron apontando para Mya. A garota arregala os olhos, em parte assustada, em parte entrando em pânico. O que faria se falasse alguma besteira? O rei mandaria decapta-la? ─Conte-me minha criança, por que estão aqui?

Mya limpa a garganta ligeiramente e fazendo uma breve reverência se aproxima um pouco mais do rei.

─Vossa majestade, eu e meus irmãos, junto com nosso amigo, Tedd, estamos aqui porque nossa irmã mais nova foi levada pelos Revoltados. ─contou Mya, cautelosa com a escolha de palavras que usava. ─A melhor amiga do Tedd tentou impedir que os Revoltados levassem a nossa irmã, mas acabou por ser levada também.

Mya vê o rei murmurar algo para si, mas não entende o quê.

Metatron então se levanta, respirando pesadamente, e vai em direção a ela. Os outros observam os movimentos do rei, confusos.

─Há muito tempo eu perdi as duas pessoas que mais amava. ─começa Metatron, suspirando lenta e pesadamente. Mya o fita sentindo uma leve comoção por ele. Ela mesma sabia o que era perder alguém que amava muito, pois tinha sofrido com a morte do pai. ─Meu filho e minha mulher. Tenho uma dívida com os mundanos há muito tempo; e, para paga-la completamente irei ajuda-los a resgatarem sua irmã e sua amiga.

A garota vê um sorriso de alívio se formar no rosto da irmã mais velha. Ela mesma deveria estar sorrindo de orelha a orelha. Mya queria abraçar o rei dos anjos, mas deixou para lá. Ela se contenta em simplesmente agradecer em uma reverência:

─Obrigada.

Metatron dá um breve sorriso e então gesticula para Duncan se aproximar. O rapaz-anjo rapidamente pára ao lado de Mya, os pêlos dos braços roçando nos dela.

─Duncan a partir deste momento você e os nossos visitantes serão hóspedes no palácio. ─declara o rei. ─Mandarei que um dos guardas feche o portal para que não haja como atravessa-lo. Vocês ficarão mais seguros aqui, pelo menos até conseguirmos prender os Revoltados.

Duncan e Mya se entre olham rapidamente. Em seguida, Jen dá um passo a frente, os olhos em fúria.

─Vossa majestade nós temos que encontra-las agora. ─alerta Jen, entredentes. ─Não quero ser sua hóspede, quero apenas a minha irmã de volta.

Spencer se aproxima dela pousando a mão em seu ombro direito.

─Calma, Jen. ─ele murmura para ela. Os punhos da garota se fecham; ela estava perdendo a paciência. ─Precisamos ter calma. Não vamos ter a Kat de volta assim.

Jen olha para Duncan e Mya como se pedisse apoio, mas eles apenas concordam com Spencer.

─Faremos o possível para trazê-las de volta sãs e salvas. ─garante o rei levantando-se. Mya que ainda estava em transe com as palavras do rei nem havia reparado na sala de reuniões. O ambiente era grande, mas não tão amplo como o hall. As paredes nesse recinto também eram de pedra cinza como─supôs─o resto dos cômodos do palácio inteiro deveriam ser. Havia uma mesa quadrada de mogno ao centro envolta por cadeiras e uma em especial toda estofada e com entalhes em dourado. A cadeira real, pensou Mya. ─Os nossos anjos estão treinando e se preparando para quaisquer que sejam os planos de Hazael. ─o rei faz uma uma pequena pausa. ─Duncan certifique-se de que nossos convidados recebam treinamento também; não queremos perder ninguém, não é mesmo?