Na distinção entre um sorriso e uma lágrima
Pende para o absurdo desejo da catástrofe
Uma pavorosa mania não mais possível
De ser expressa por meio de gestos calculados
Os movimentos, sequencialmente imperceptíveis,
Protegem o esquecimento que tomará conta da tua alma
Descarnada, desnuda, etérea, imaterial
Dilacerada e agredida como cada milímetro da tua ossada
Escondes esse peso em um jazigo distante
Onde apenas olhares mortos te alcançam
Colabora com a terra que fornece a colheita
Da qual tanto te beneficiaste em vida
Colhe agora a raiz - e deixa o fruto para os que restam
Contentas-te com a jaula em que te encerras
Sem praguejar contra o fardo que te aflige
O teu rastro, em breve, será apagado
Para que as novasgerações sejam mais belas e ternas
Menos hipócritas, imundas, atávicas e apáticas
Como as guardas, os punhos, os corações e as lanças
Dessa tacanha representação da realidade humana
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Crimes Noturnos
PoetryEscrever é cometer um crime a cada linha. Ler é cometer dois a cada palavra.