A vida não é o contrário da morte
Mas, sim, o seu meio
A morte não é o contrário da vida
Mas, sim, o seu cume
Injeto agora em minhas veias
Finas de esperanças e tristezas tenras
Um líquido que me fará perecer tão brevemente
Quanto os aplausos de um espetáculo medíocre
Tal substância, chamo-a de vida
Que livra a matéria da calamidade opressora da eternidade
Conferindo-me um ponto final, ao bem e ao mal, ao sim e ao não
Encerrando o princípio da morte enquanto fim
E da vida enquanto meio
Desafiando certezas e constatações
Pois injeto meio litro para que não haja erro
Preciso me certificar de que o excesso será letal
E concluir que as experiências de vida e morte
Exageros ambiguamente similares
São riscos inevitavelmente fatais
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Crimes Noturnos
PoetryEscrever é cometer um crime a cada linha. Ler é cometer dois a cada palavra.