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//Capítulo 12//


"Ele é a razão de eu ter afefobia." 

 

No dia seguinte, acordei com uma enorme dor de cabeça. Eu tinha adormecido a chorar e, bem, essa não é uma maneira muito agradável de adormecer.

Por ter adormecido de maneira tão horrenda, custava me a abrir os olhos, não só por causa da dor de cabeça mas também porque os meus olhos estavam inchados e, com certeza, vermelhos. Para além disso, eu tinha a certeza de que a pele das minhas bochechas estava seca e de que os meus lábios estavam gretados, pelo que eu tinha o hábito de os morder cada vez que chorava.

Honestamente, há muito tempo que eu não adormecia a chorar. Quando eu tinha ficado com afefobia, eu costumava adormecer todas as noites a chorar. Durante um ano, foi sempre a mesma rotina à noite. Mas eu melhorei e deixei de ter problemas ao adormecer. Isso até aquele momento em que a minha mãe me tinha dado a horrível notícia. Sem a minha irmã para me acalmar, seria difícil de dormir calmamente.

Depois de ficar para o teto do meu quarto durante alguns minutos, decidi levantar-me. Calcei as minhas pantufas castanhas e fui direita à janela, para puxar os estores para cima e abrir as cortinas. Mal o sol me bateu na cara, os meus olhos fecharam instintivamente, e eu tive de me virar costas à janela para os puder esfregar e voltar a abrir. De seguida, saí do meu quarto, apenas para encontrar a minha mãe pronta para me ir acordar.

"Bom dia, Alex." Ela virou-me costas e foi até à cozinha, e eu segui-a. "Hoje estavas a demorar por isso pensei que ainda estivesses a dormir. Agora vá, despacha-te que daqui a pouco estás atrasada."

Eu sentei-me numa das cadeiras e olhei para as torradas que estavam à minha frente. Não era normal a minha mãe estar tão conversadora de manhã, quanto mais fazer-me o pequeno almoço. Por norma, eu levantava-me por mim mesma, fazia o pequeno almoço e só tinha tempo de me despedir da minha mãe antes que a mesma se fosse embora. Depois disso, estava por minha conta.

Eu ouvi os seus saltos a andarem pelo chão de madeira do seu quarto e suspirei. Como é que a notícia que ela me tinha contado não a afetava? Ela parecia tão bem e pronta para ir trabalhar, mas talvez fosse tudo uma farsa. Se há alguém que sabe disfarçar os seus sentimentos para não afetar os outros, são as mães, e não me admirava que a minha estivesse a fazer isso naquele preciso momento.

Passados uns minutos, eu vi-a a ir à sala e a tirar a sua pasta de cima do sofá, sem olhar para mim. Só quando não ouviu qualquer barulho vindo da cozinha é que ela olhou para mim e franziu as sobrancelhas.

"O que se passa, amor?" A minha mãe questionou, andando até mim.

"Não tenho vontade de fazer nada." Murmurei, colocando os cotovelos sobre a mesa e poisando a cabeça nas minhas mãos.

"Percebo." Outra mãe, teria passado as mãos pelo meu cabelo, mas a minha já estava habituada. "Muito bem, podes ficar em casa. Qualquer coisa, liga-me."

Não querendo ser rude depois da generosidade da minha mãe, endireitei-me e sorri-lhe, assentindo. Eu sabia que ela apenas me estava a deixar ficar em casa por causa do que tinha acontecido ontem, e eu agradecia.

A minha progenitora virou-se e voltou a ir até à sala, voltando a pegar na sua pasta e, desta vez, na sua mala. Ouvi-a a andar até à porta e a mesma a ser destrancada.

"Até logo, Alex!" Ela fez-se ouvir, e eu não respondi, pois ouvi logo a porta a bater.

Como estava satisfeita com a decisão da minha mãe, não consegui evitar que um sorriso estivesse nos meus lábios. Era incrível o quanto bondosa a minha mãe se podia tornar. Obviamente que ela tinha os seus momentos, mas eram raros.

Dark Past || Hood [PARADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora