Capítulo 3 - Vingança

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Gente muito obrigada pelos últimos comentários, leituras, e estrelas. Aos poucos novas pessoas começam a descobrir e ler essa história. Esse capítulo é mais interessante ao meu ver. Espero que gostem.

Vingança

"...

O remorso talvez seja a causa do seu desespero

deve estar bem consciente do que praticou

...

Mas, enquanto houver força em meu peito eu não quero mais nada

Só vingança, vingança, vingança aos santos clamar

Ela há de rolar como as pedras que rolam na estrada

Sem ter nunca um cantinho de seu pra poder descansar"

Lupicínio Rodrigues

Fui para a dependência do meu vagão onde eu poderia espairecer. Decidi tomar um banho, ainda tinha tempo para isso. O distrito 3 não era muito longe de lá, em breve chegaríamos a Capital, e deveríamos passar aquela noite na metrópole.

Depois do banho, ainda enrolada na toalha, me deitei na cama. Eu devia pensar no meu plano, qual seria a minha ação a partir de agora? O que era necessário para matar Kent?

Mas essa ideia de que em breve minha vingança se concretizaria, me fez pensar no passado, em tudo que me levou até aquele momento.

Me lembrei de quando Mercy ainda era viva, nós éramos muito próximas. Ela era 4 anos mais velha do que eu. Minha mãe morrera quanto eu tinha 6, nosso pai mal nos via. Então erámos só nós duas contra o mundo. Ela era o meu apoio, sempre andávamos juntas. Ia comigo aos treinos de ginástica, via todas as minhas apresentações com grande orgulho e animação. Não cansava de dizer aquela é minha irmã com a expressão repleta de orgulho!

Tais lembranças quase me puseram a chorar, mas segurei, buscando a força que existia em mim e continuei me recordando! Veio a colheita 6 anos atrás. O nome de Mercy foi sorteado. Eu fiquei desesperada, pedi que ela voltasse para mim.

Mas naquele ano, o outro tributo do distrito 3 foi Kent Wayne. Rapaz de 18 anos, um bom lutador que também conhecia espadas. Além disso, era bonito, muito charmoso, além dos seus olhos maravilhosos, tinha um sorriso encantador (estranho parecia que agora ele não sorria mais). Kent era um ótimo tributo e foi convidado pelos carreiristas a fazer parte do grupo deles. Claro que ele aceitou. E ainda com seu carisma, conseguiu diversos patrocinadores. Ficou evidente que os mentores deram preferência a ele, enquanto ele recebeu vários presentes, minha irmã ficou a míngua. Em certo ponto dos jogos, Mercy e Kent se encontraram. Os dois travaram uma luta e ele a matou. Foi muito difícil vê-la com aquela espada transpassada em seu corpo. Depois de alguns dias os jogos acabaram, Kent foi o único que restou. Se o "glorioso" vencedor do nosso distrito!

A partir dessa data, passei a odiá-lo. Prometi que a minha vida seria acabar com ele. Aquele era um assassino que matou a única pessoa que eu amava. Sei que também poderia culpar a Capital, os mentores do distrito 3, os patrocinadores. Mas fora ele que com suas mãos matara Mercy. Ele era o culpado final. O traidor se unira aos carreiristas, e matara alguém do seu próprio distrito. Ahh, como odiava os carreiristas, aquele espetáculo hipócrita, os governantes da capital. Mais do que eles, eu só conseguia odiar Kent Wayne.

Me lembro da recepção dele, a sua cerimônia de aclamação, o povo aplaudia. Vitoriosos não eram tão comuns no nosso distrito. Meu pai e eu, como família do outro tributo, estávamos no palco. Meu pai apertou a mão daquele homem, ele não deveria ter feito aquilo! Apertar a mão do homem que matara a sua filha! Eu não, só olhei com raiva para Kent.

O jogo da vingança (completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora