Peço desculpas pelos erros, já que esse capítulo não foi revisado. Esse também é um capítulo extra. Espero que gostem.
Só Tinha De Ser Com Você
"É, só eu sei
Quanto amor eu guardei
Sem saber que era só prá você
É, só tinha de ser com você
Havia de ser prá você
Senão era mais uma dor
Senão não seria o amor
Aquele que a gente não vê
O amor que chegou para dar
O que ninguém deu pra você
É, você que é feita de azul
Me deixa morar nesse azul
Me deixa encontrar minha paz
Você que é bonita demais
Se ao menos pudesse saber
Que eu sempre fui só de você
Você sempre foi só de mimQue eu sempre fui só de você
Você sempre foi só de mim"Antonio Carlos Jobim / Aloysio de Oliveira
Narração de Kent Wayne
Ser espectador e mentor desses Jogos Vorazes tem sido uma tarefa difícil. Tudo por causa dela, tudo por causa de Hope que está na arena. Ahhh, pensando bem, é bom que ela ainda esteja lá. Não sei o que faria se ela não voltasse viva de lá. O que seria de mim, se eu voltaria a me fechar e agir como antes. Mas algo que me diz que eu não conseguiria, eu não conseguiria continuar com mais essa perda, assim é como se eu estivesse na arena, lutando novamente. As vezes, gostaria de estar lá com ela, protegendo-a dos perigos. Depois admito que isso é uma bobagem, se eu estivesse lá, nós dois não sobreviveríamos, somente um de nós poderia voltar.
Nunca estive tão dominado por um jogo assim depois que me tornei mentor. Eu sempre agi de forma indiferente com os outros. Fingia que não me afetava quando via os meus tributos morrerem. Apesar disso não ser inteiramente verdade, pois foi difícil não me comover com as mortes de crianças que eu mandava para arena. Mas essa era uma armadura que coloquei em mim. Mostrava a Capital que eles não podiam me atingir novamente. E consegui isso até Hope entrar lá.
Com esse jogo não consegui me manter indiferente. Há dias não durmo e não como direito. Praticamente apenas observo e mando presentes a ela. E notaram essa mudança. Acredito que ninguém tem certeza do que acontece entre eu e Hope. Não nos viram juntos. Não sabem se é remorso por eu ter matado a irmã dela. Ou se cultivo algum sentimento especial por minha tributa. Então eles comentam, essa minha intensidade na forma de agir como mentor. Mas não me incomodo com as fofocas..
Eu vou continuar observando-a. Aliás, Hope e seu grupo tem sido bastante comentado em toda Panem. Formado por ela, duas garotinhas, e dois rapazes, sendo que um é um carreirista rejeitado. Eles fizeram mais do que todos pensavam, desafiaram os favoritos e tiveram sucesso, ninguém imaginava que um grupo tão heterogêneo conseguiria algo assim. Foi um feito incrível, e sei que Hope é quem os mantém unidos, e isso me deixou bem orgulhoso. Ela mostrou que tributos subestimados são mais úteis do que se possa pensar, e que os ditos mais fortes, nem sempre são assim.
Tudo trouxe bastante prestígio a eles. Já fizeram várias torcidas organizadas. Há pessoas que gritam por eles enquanto os assistem, seguram cartazes com suas fotos. Há vendas de camisas, bonecos e outros objetos com membros do grupo. Eles são um sucesso. E isso representou uma vantagem em relação ao patrocínio. O pai de Hope a financiou desde o início, mas agora outros já me procuraram oferecendo dinheiro, querem de qualquer forma, terem a sua imagem vinculada a ela, que é talvez o tributo mais popular deles. Essa fama não me importa tanto, estou mais interessado no efeito disso, o dinheiro que irá ajudá-la a sobreviver na arena.
As vezes, Nero me olha, eu sei o que ele está pensando, em como Hope conseguiu isso. Ele não gosta dela por causa do seu jeito rebelde e talvez não conseguiu avaliá-la direito. Mas eu sabia desde o início do seu potencial e que mesmo fazendo as coisas ao seu modo, ela iria brilhar. Mas ele não entendeu essa forma oculta da sua personalidade, essa coragem, essa capacidade de vencer obstáculos. Agora ela é um sucesso, todos querem patrociná-la, enquanto ele tem que se revirar para conseguir dinheiro para Brody.
Entretanto, nem tudo corre bem no grupo de Hope. Bishop, o rapaz do distrito 7, mostrou uma face oculta e traiçoeira. De forma torpe, matou um garoto que Hope acolhera. Foi algo terrível, enquanto todos dormiam, ele tapou a boca do rapaz, e com seu machado reabriu o corte da perna dele, até que ele parasse de mexer. Tentou limpar os seus rastros e fingiu que nada acontecera. Mas acho que Hope desconfia de algo. Eu gostaria de mandar um bilhete contando tudo, que Bishop não é confiável, mas eu sei que esse tipo de coisa não passaria na inspeção, então o máximo que posso fazer é ficar do lado de fora, torcendo para que ela descubra, enquanto isso fico com meu coração na mão, desejando que pelo menos, ele não faça nada com ela.
A observo com mais agonia desde que isso aconteceu. Tenho muito medo. E nessas horas me sinto um traste, um nada, já que não posso fazer nada concreto por ela. Apenas desejar coisas, ter fé, estou me tornando medíocre e indefeso.
Eles estão planejando mais uma ação contra os carreiristas. Mas as coisas não devem ser tão fáceis como da primeira vez, os carreiristas sabem o que fizeram, eles notaram que foram distraídos e que as armas foram roubadas. De qualquer forma, eu acredito em Hope, ela fará o possível para conseguir o que quer. Um plano maior e mais ousado depende disso.
Havia chegado a hora do ataque, e Hope se deparou com Brody. Eu sabia o que significava aquilo. Ele não era um rapaz ruim, mas ela tinha que agir. Anos atrás, eu também agira contra Mercy, e Hope se vira agora na mesma situação! Eu sabia o quanto aquilo deveria ser doloroso para ela, fora para mim, e ela prosseguiu o ataque, atingiu seu companheiro de equipe. O destino era atroz, logo ela que construíra sua vida em cima de uma vingança, matara o seu companheiro de distrito como eu. Eram coisas dos jogos, mas ela se abateu. Ficou com o rapaz até o fim. O que será que aquilo faria com ela?
Só queria que ela continuasse bem, não podia se abater ou desistir, tinha que prosseguir com a mesma garra. Talvez entendesse melhor as coisas na arena, isso era uma reviravolta nos acontecimentos e talvez pensasse melhor sobre o que eu tinha feito com a irmã dela, mas eu não estava dando a mínima para isso. Não queria que ela sofresse, preferia que algo assim não acontecesse e que e ela continuasse bem.
Eu podia mandar alguma coisa para ela, com um bilhete! Palavras que a animassem! A colocasse no rumo novamente. Talvez ela precisasse de um ombro amigo, uma mensagem de compreensão. Ela havia feito a coisa certa, isso acontecia na arena. Estava prestes a sair para lhe enviar uma para-quedas, o presente não era importante e sim o bilhete para entender e continuar, quando ela se levantou e disse:
– Agora é guerra. Amanhã os carreiristas não sabem o que irão enfrentar!
Sim, era isso! Eu queria isso! Não precisava mandar mais nada . Ela mesma conseguira, esse era o rumo certo. Guerra contra os carreiristas. Ela estava linda, decidida e desafiadora. Era a Hope que eu queria e que amava. Era essa a sua força, seu poder que Nero não conseguia entender. Mas eu entendia.
Então o que acharam? Espero que tenham gostado e nesse caso peço que comentem. O próximo capítulo voltarei a nossa narradora original, e veremos o que aconteceu com Hope após os jogos, querem ver isso?
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O jogo da vingança (completo)
FanfictionFazia 6 anos que ele era a sua razão de viver, durante esse tempo ela se preparou física e psicologicamente para matá-lo . Finalmente havia chegado a hora. Mas essa ligação tão forte e feroz, uma verdadeira obsessão em sua vida poderia ser o disfar...