Curada

Deixa para a próxima

Dormi muito mal por causa da ansiedade, queria que a noite passasse voando feito um foguete.
Pelo visto o meu plano em me manter longe de cilada falhou miseravelmente,pois eu não via a hora de estar novamente com aquele rapaz.
Quando a luz do dia entrou pela verneziana da janela, coloquei- me em pé ainda mais ansiosa, sentindo borboletas no estômago.
Tomei um banho com menos de cinco minutos, peguei uma maçã da fruteira e sai porta afora, em direção a praia.
Fui contando os passos pelo caminho, me lembrando de como havia sido rude.
Será que ele estaria na praia? Será que me ignoraria?
O que devo dizer a ele?
Como agir ?
Eu estava fervendo de nervosismo.
Cheguei a praia olhando ao redor, nem sinal dele, mas a praia é grande, resolvi esperar que ele me procurasse.
Então fui ao local onde gostava de ficar e de longe pude ve - lo sentado olhando na direção do mar.
Camiseta pólo branca, bermuda azul, óculos escuro e irresistivelmente lindo.

- Oi - Falei meio tímida me aproximando dele.

- Pare bem aí - Ordenou, tirando um celular do bolso da bermuda.

-O Que?

Ele ergueu o celular e me fotografou.

- Ficou muito boa - Disse sorrindo para mim.

Me sentei sem graça ao lado dele.
Trocamos um sorriso e se seguiu um silêncio que para mim foi desconfortavel.

- E então - Disse ele quebrando o silêncio - Esta com um humor melhor hoje?

- Me desculpe por ontem.

- Não. Eu não te desculpo - Disse olhando diretamente para mim.

- Tudo bem, eu entendo - Falei desviando os olhos dele.

- Que isso - falou sorrindo - Estava brincando - Continuou - é claro que eu te desculpo, todo mundo tem um dia ruim - Disse compreensivo.

- Obrigada!

- Por que estava chorando? - perguntou me pegando de surpresa.

- Não estava - falei rápido.

- Na primeira vez que te vi eu percebi que estava chorando!

- É, estava mesmo - admiti.

- Quer desabafar, ou também não é da minha conta?

- Eu tinha um namorado, e ele me prometeu nunca me deixar, mais então, um "belo dia" ele foi embora, tentar carreira de músico no exterior.

- Que idiota - Falou alto - me desculpa, mas ele é um idiota.

- Na minha vida só aparece idiotas.

- Tem certeza? - perguntou erguendo uma sobrancelha.

- Vai saber - dei de ombros.

- O mar é lindo - comentou fitando o mar.

- Eu não gosto.
Ele me olhou incrédulo.

- Ainda não sei seu nome - Falei mudando de assunto.

- Marco Antônio, e o seu?

- Ana Clara.

- Bonito, aliás, bonito não, lindo.

- Obrigada - disse eu corando.

- Era para você dizer, o seu também é lindo - Disse agradavelmente.

- Humm, o seu também é lindo - Falei sem conseguir não sorrir.

- Obrigado. Você é muito bonita.

- Obrigada - agradeci encarando o mar, sem saber onde enfiar a cara.

- Você não tinha que dizer outra coisa?

- Você é bonito muito, digo, você é muito bonito - Falei tropeçando nas palavras.

- Já está na hora do almoço, quer almoçar comigo? -perguntou olhando para o relógio no pulso.

- Deixa para a próxima - rejeitei o convite querendo aceitar, mas eu mau o conhecia, não podia ir logo aceitando.

- Fica para a próxima então - Falou me dando um beijo de surpresa no rosto, fazendo meu coração pular no peito.
Se levantou e foi embora.
Não contei toda a verdade para ele, pois se começasse a falar no Alison eu choraria novamente.

É duro você pensar que alguém poderá te curar, juntar os cacos que um outro alguém deixou, e no final, te deixar pior como te encontrou!