uma formiga,um caminhão e um trator

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Abri os olhos,olhei os ponteiros do relogio pendurado na parede do quarto,ja passava das dez e meia da manhã.
Sentei - me na cama,a cabeça latejou.

- Ai - Resmunguei. A voz saiu rouca.
A garganta seca doia um pouco.
Levantei e fui até o banheiro,o corpo todo doendo. Me olhei no espelho,eu estava pessima,com cara de doente.
Escovei os dentes,passei o pente pelo cabelo,mas logo voltei para cama e me encolhi em baixa do cobertor,eu estava tremendo de frio.

- Posso entrar? - Perguntou vovó batendo na porta do quarto.

- Pode - Respondi baixo.

Ele entrou,seus olhos inchados,parecia ter chorado a noite toda.

- Parece estar com febre - Disse com a mão na minha testa.

- Estou com frio,está tudo doendo. - Reclamei.

- Não devia ter tomado chuva,e o clima frio da noite contribuiu para isso. Vou pegar um remedio para você.

Ela saiu e voltou em alguns minutos com um copo com agua e um comprimido.
Tomei o remedio obedientemente.
Fechei os olhos,sentindo canseira,e acho que dormi porque quando voltei a abri - los eu estava com a cabeça no colo de Marco.

- Oi - Falei rouca.

- Oi,como se sente? - Perguntou em um tom amavel.

- Pessima.

- A culpa é minha,não devia ter te levado para de baixo da chuva.

- Você não tem culpa de nada. E não precisa ficar aqui,não estou prestando para nada hoje,você vai ficar tediado.

- Eu quero ficar aqui,e afinal,sem você eu também não presto pra nada. - Falou com um sorriso.

Ficamos em silencio por um momento.
Era bom ter a mão dele em meu cabelo,ouvir a respiração,sentir o amor que fluia dele.

- Tem alguém batendo na porta - Falou ele se levantando e indo até a porta.
Eu me sentei,o quarto todo girou.
Alison entrou assim que Marco abriu a porta. Ele veio direto a mim,ignorando meu namorado.

- Sua avó disse que você Não está bem. - Disse preocupado.

- Eu estou um pouco melhor agora. - Tossi e levei a mão ao pescoço sentindo a garganta doer.

- Isso é culpa sua. - Acusou Alison olhando para Marco.

- Eu sei muito bem que a culpa é minha,não preciso de ninguém me
dizendo isso. - Ralhou Marco.

- Eu cuidaria muito melhor dela. - Resmungou Alison.

- Mas não é você quem ela quer. - Murmurou marco secamente.

- Não briguem,isso não é nescessario. - Falei formaçando a voz rouca a sair. Mas não adiantou.

- Será? - Perguntou Alison sorrindo torto.

- Se ela te quisesse não estaria comigo.

- Ela ainda não teve a oportunidade de escolher.

- Ela teve varias.

- Quais?

Os dois se fuzilavam com os olhos,eu não sabia o que fazer.

- No dia em que você apareceu aqui e quando ela foi em minha casa explicar o que estava acontecendo,e ontem na festa. - Disse Marco respondendo a pergunta de Alison.

- Eu não acho que em essas ocasiões ela teve oportunidade de escolher. - Gritou Alison.

- Então ela terá agora. Quem você escolhe Ana Clara,com quem
quer ficar? - Perguntou Marco.

Os dois me fitaram. Marco parecia não respirar,seus olhos ardiam em mim,a boca numa linha rigida.
Alison me olhava com esperança,as sobrancelhas unidas.
Me senti encurralada,de um lado Alison,o meu anjo de olhos verdes e cabelo cacheado. Do outro Marco,meu outro anjo,o anjo protetor de olhos cor de mel e um sorriso encantador.
Meu coração batia pelos dois,eu não quería magoar nem um nem outro.
Eu não consegui falar,estava desesperada por dentro,como se fosse uma formiga prestes a ser esmagada no meio da Estrada por um trator e um caminhão.
Eu queria gritar,sair correndo,mas não tinha para onde ir,era um caminho sem volta,uma rua sem saida,se escolhesse Marco,Alison poderia sumir da minha vida de novo,e se escolhesse Alison,Marco iria embora e podia nunca mais querer me ver.

- Quando decidir me procure. - Falou Marco com a   voz  sombria e saiu do quarto.

Senti como se um caminhão tivesse passado por cima de mim.

- Durante todo esse tempo que estive longe,não consegui ficar com nenhuma garota,porque em todos os lugares que eu ia,você me acompanhava dentro do meu coração,eu te amo e sei que você também me ama,então pensa bem no que vai fazer.
Vou esperar pela sua
decisão. - Disse Alison com a voz pesarosa e uma pontada de magoa.
Deu as costas e saiu também.

Alem de me sentir atropelada por um caminhão,me senti atropelada por um trator também.
Mas eu estava realmente precisando de um tempo para pensar,para colocar os sentimentos em ordem.

CuradaOnde histórias criam vida. Descubra agora