Capítulo 21

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Sage estava no terraço da parte de trás de sua casa, observando o sol se pôr sobre o rio Hudson.

Suas malas estavam todas feitas, seguras no porta-malas de seu carro, pronto para partir. Ninguém o vira

preparando sua bagagem, exceto sua irmã, o resto do seu clã esteve fora e ocupado durante o dia. Depois

de sua pequena discussão, ela o deixou sozinho – e foi para Deus sabe onde.

Sage se sentia mal com isso. Os dois tinham um relacionamento longo e complicado, quase tão

complicado quanto uma relação entre irmãos de dois mil anos poderia ser. Por um lado, ela sempre fora

sua maior crítica, pronta para apontar seus defeitos, sempre a primeira a reclamar com seus pais sobre

qualquer coisa que ele havia feito de errado. Por outro lado, ele sempre sentia que, no fundo, ela estava

ligada a ele e realmente o amava. Havia, de fato, um punhado de casos ao longo dos séculos, que ele se

lembrava que ela havia ficado do lado dele, surpreendendo-o completamente. Ela era assim:

impenetrável. Depois de dois mil anos, ele sentia como se ele ainda não a entendesse de verdade.

Quando ele olhou para a última luz sobre o Hudson, naquele lugar que ele havia chamado de casa

durante séculos, ele se sentia nostálgico. Não estava realmente pronto para dizer adeus. Ele não estava

pronto para que sua vida chegasse a um ponto final. Era incrível, ele notou que, apesar de ter vivido

milhares de anos, ele ainda sentia como se não tivesse tido tempo suficiente. Ele só queria um pouco

mais. Apenas o tempo suficiente para estar com Scarlet e viver a sua vida com ela.

Ele ouviu um barulho dentro de casa e respirou fundo, preparando-se. Havia chegado a hora. Ele

teria que confrontar seus pais. Ele teria que dizer-lhes, contar que ele ia embora. Que este era seu último

adeus.

Sua relação com seus pais era ainda mais complexa do que seu relacionamento com sua irmã.

Durante alguns de seus séculos juntos, ele sentira que seus pais tinham sido mais como irmãos – e em

outros séculos, pareciam que eram seus próprios filhos. O relacionamento deles parecia estar em

constante evolução. Ao longo dos últimos cem anos ou mais, estavam novamente sob o papel de pais e

Sage não estava acostumado com isso, ou pronto para conceder naquele momento. Agora, quando eles

tentavam mandar nele, ele não se sentia obrigado a ouvir. Ele estava cansado de obedecer. Eles haviam

passado séculos mandando nele. Agora, era a sua vez. Agora, ninguém era seu chefe. E enquanto ele

sabia que iriam ataca-lo quando ele se despedisse, no final do dia, não havia nada que eles pudessem

fazer sobre isso.

Sage se virou e entrou na casa, preparado para acabar com aquilo. Andou através da grande sala de

estar, atravessou a sala de família, a sala de jantar e subiu a larga escadaria em mármore retorcida que

conduzia para o quarto maior. Quando ele chegou ao topo, viu que as grandes portas duplas estavam

abertas e entrou no aposento coberto de densos carpetes, com janelas que iam do chão ao teto,

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