Capítulo 26

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Quando Scarlet entrou pela porta do pequeno bar, ela soube imediatamente que aquilo seria um

erro. Uma dúzia de moradores locais estavam sentados ao balcão, eram homens grandes e corpulentos,

todos eles se viraram e olharam para a porta que se fechou atrás dela.

O barman olhou na sua direção também, como se perguntasse o que uma garota como ela estaria

fazendo em um lugar como aquele. Era um lugar um pouco nojento, lâmpadas fluorescentes piscavam,

havia uma máquina de pinball quebrada em um canto e uma pequena mesa de sinuca sem as bolas. O

bar parecia mais uma sala de estar do que um estabelecimento de boa-fé. Já era tarde, ela percebeu e,

claramente, aqueles homens estavam profundamente bêbados. Ela podia sentir a energia sombria e uma

parte dela queria se virar e correr.

Mas outra parte dela estava desesperada. Ela precisava de água, comida – ela não sabia o que.

Alguma coisa estava acontecendo com seu corpo e ela mal conseguia pensar direito.

Scarlet correu para o balcão, respirando com dificuldade e fez sinal para o garçom.

"Água", ela engasgou. "Eu preciso de água. Por favor."

Ele cautelosamente encheu um copo com água da torneira e entregou a ela.

"Você tem documento de identidade para estar aqui?", perguntou.

Sem parar, Scarlet bebeu todo o vidro de quase 450 ml de água. Era tão bom sentir algo descer pela

garganta. Ela estava sedenta e não sabia o porquê.

"Mais", ela engasgou.

O bartender encheu seu copo e ela continuou bebendo.

Ela respirou fundo, se sentindo um pouco melhor. Mas ela ainda não estava saciada. Suas veias ainda

estavam gritando por outra coisa. Algo mais.

Sangue.

Scarlet se virou e examinou os rostos dos homens no bar, todos sorriam para ela como se ela fosse

um tipo de presa. Eles lambiam os lábios, como se estivesse esperando para dar o bote.

De repente, ouviu um som diferente de uma maçaneto sendo girada; Scarlet se virou e viu um

homem enorme perto da porta. Ele tinha acabado de fechá-la, bloqueando a saída com a sua estrutura

maciça. Ele olhou para Scarlet como se algo do céu tivesse acabado de cair em seu colo.

Scarlet fez um esforço para respirar, para manter a calma. Ela não queria ferir aqueles homens. Ela

não queria matá-los. Ela não queria se alimentar de ninguém. Tudo o que queria era ser deixada em paz.

Sair dali. Dar um fim àquele pesadelo.

O homem enorme, que tinha o rosto coberto de cicatrizes e uma cabeça calva e brilhante, caminhou

até ela. Ele parecia zombar dela. Era o maior cretino que ela já tinha visto.

"Meu nome é Kyle," ele disse a ela, enquanto ele se aproximava. "Qual é o seu, garota?"

"Vá para o inferno," Scarlet disse.

Um coro de oohs surgiu no bar, enquanto os outros homens gritavam, se divertindo.

Kyle, humilhado, parecia beterraba vermelha.

Ele estendeu suas duas mãos, agarrou-lhe os pulsos e a puxou para si. No mesmo movimento, ele a

tirou do chão e começou a carrega-la, como se ela fosse uma boneca de pano.

Scarlet lutou, chutando e dando cotoveladas, mas não adiantava. Aquele homem era enorme, tão

forte como uma rocha, ela não conseguia se libertar. Ela convocou sua raiva, sua força sobrenatural, -

mas, por algum motivo, não estava funcionando.

"Tire suas mãos de mim!", Ela gritou.

"Querida", disse ele, enquanto a arrastava para a parte de trás do bar, através de uma porta

escondida, em uma sala segregada, "essa é a última coisa que eu vou fazer com você hoje à noite."

A última coisa que Scarlet viu foi a porta se fechar atrás dela, enquanto o homem a segurava com

mais força e a levava cada vez mais para o fundo, para a escuridão.


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