Sexta-Feira, 20 de Outubro de 1994... (VIDA REAL)

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É hoje a escolha dos pares, e também a dos candidatos a rei e rainha do baile. É lógico que as patricinhas da escola estão loucas para ganharem a coroa da rainha. Esse ano a Senhora Praules renovou o baile, o que deixou os alunos furiosos... Principalmente a Mariana, a patricinha suprema da escola.

Até o ano passado, os bailes da escola eram liberados para os alunos, e os pares se formavam sozinhos, ou seja, o menino que convidava a menina. Já esse ano é diferente, não vai ter bebidas alcoólicas, drogas... E os pares vão ser formados pela Senhora Praules.

É claro que as meninas estão torcendo para formarem par com o Paul, o gato mais quente da escola segundo elas. Eu ainda não entendo porque babar tanto por um garoto. O Paul até que é bonitinho, mas...

- Jessy! - Minha mãe grita, me tirando do devaneio.

- O que foi? - Olho para ela.

Só agora reparei que ela está arrumada para sair, usando um terninho de cor vinho. Seus cabelos negros estão presos em um rabo de cavalo. Hoje é sexta... É dia de terapia.

- Você mal tocou no seu café da manhã.

- Não estou com fome... - Afasto minha tigela com o cereal intocado.

- Precisa comer. Eu li uma matéria sobre distúrbios alimentares em adolescentes, e fiquei sabendo que os casos de anorexia estão aumentando. E como você não anda comendo...

- Eu como, mãe. - Pego a colher e começo a mexer nos cereais flutuando no leite.

- Jessy, você está muito magra... Por um acaso você esta praticando bulimia?

- Bulimia? - Digo incrédula.

- Quando alguém força o próprio vômito...

- Eu sei o que é bulimia mãe... E não, não estou fazendo nada disso. - Jogo a tigela de lado mais uma vez.

- Por que não se abre comigo, filha?

- Porque você conta tudo pro seu terapeuta.

- Ele só quer ajudar...

- Ele quer transar com você. - Grito. Pronto, falei.

Minha mãe franse suas sobrancelhas grossas.

- Como ousa usar este tipo de linguajar dentro desta casa ?

Já chega. Me levanto e pego minha mochila nas costas da cadeira. Tento ao máximo não olhar para a mulher furiosa de braços cruzados a minha frente.

- Te vejo mais tarde. - Digo sem olhar nos olhos dela.

- Não me deixe sem uma resposta...

Saio antes que eu possa ouvir ela gritar.

Diário De Uma AssassinaOnde histórias criam vida. Descubra agora