Sexta-Feira, 20 de Outubro de 1994... (VIDA REAL)... Hora do Beijo

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- Ele te chamou pra sair? - Gyy coloca a mão na boca.

- Chamou.

Acabou os ensaios e o sinal de saída já tocou. Acho que perdi a conta de quantas vezes pisei no pé do Paul durante a dança.

- Me diga que você disse sim... - Gyy cruza os dedos.

- Eu não disse nada ainda.

- O quê? Você é louca? O mais gato da escola te chamou pra sair e você não disse nada?

Alguém pigarreia atrás de mim... E pela expressão da Gyy... Me viro e vejo Paul.

- Podemos conversar? - Ele sorri.

- Claro.

- Te ligo mais tarde. - Gyy pega a sua mochila e desaparece do ginásio.

- Vem aqui... Quero privacidade. - Ele pega a minha mão e me leva para baixo da tabela de basquete.

Privacidade? Mas somos os únicos aqui...

- Então... O que quer falar comigo? - Pergunto.

- Eu te chamei pra sair e você ainda não me deu a resposta.

Droga.

- É que... Eu...

- Não gagueje, Jessy. - Ele sorri... Aquele sorrisinho lindo.

O silêncio toma conta de mim, não consigo falar... Meu corpo treme, estou nervosa. Com o quê?

Gentilmente, Paul pega a minha mão e a coloca sobre a dele, acariciando de leve os nós dos meus dedos.

- Paul, eu...

- Está tremendo... Por que está tremendo? - Ele me olha com carinho.

- Não sei... - Tento recolher minha mão, mas ele a segura com força.

- Está com medo de mim?

Será que minhas emoções são tão perceptíveis assim?

- Medo não é a palavra certa...

- Então, qual é? - Ele se aproxima ainda mais. - Me diga o que está sentindo agora, Jessy.

- Nervosismo...

- Também, mas não é só isso.

- O que quer que eu diga? - Sussurro. Borboletas dançam na minha barriga.

- O que está sentindo por mim. - Ele encosta sua testa na minha.

Ah... O cheiro dele é tão bom. Flores com um toque leve e doce de avelã. Tento controlar minha mente a não viajar pelos seus lábios, mas é quase impossível.

Como seria a sensação de beijá-lo? Como seria tocar os seus lábios com os meus?

Pare de viajar... Pisco os olhos várias vezes.

- O que foi? - Ele pergunta.

- Nada...

- Está afastando pensamentos pertinentes, Jessy?

- Eu...

- Relaxe. - Ele sussurra. Sua boca a poucos centímetros da minha. - Apenas se deixe levar...

Ele me beija, lábios macios tocam os meus. Nossos corpos colam um no outro... Suas mãos descem até a minha bunda... A sensação de suas mãos me apertando é boa... Gostosa, na verdade. Sua língua invade a minha boca... O gosto dele é muito bom.

Quando ele me solta, estamos ambos sem fôlego.

- Foi bom? - Ele pergunta, ainda com as mãos apertando a minha bunda.

- Foi. - Limpo os cantos da minha boca. Meu brilho labial já era.

- Valeu a pena ficar depois da aula?

- Valeu. - Sorrio. - Mas perdi o ônibus...

- Eu levo você até a sua casa.

- Não precisa...

- Jessy, fiz você perder o ônibus... E além do mais, não vou deixar a minha namorada ir embora sozinha.

- Namorada?

- Isso... Agora você é minha namorada. - Ele passa os dedos de leve na minhas bochechas. - Vamos?

- Vamos.

Ele pega a minha mochila e de mãos dadas, deixamos o grande ginásio.

Diário De Uma AssassinaOnde histórias criam vida. Descubra agora